Salve, HQ maníacos! Hoje trataremos de uma obra Bonelliana, idealizada pelo incrível roteirista Guido Nolitta (pseudônimo de Sérgio Bonelli) e pelo roteirista e desenhista Gallieno Ferri nos idos de 1961. Mas acalmem-se.
Essa HQ não é dessa época, e sim um fumetti (como os italianos se referem aos quadrinhos) de 2020, lançado originalmente em três volumes de 64 páginas cada, na Itália, nos meses de 28/05, 27/06 e 29/07 de 2020, consecutivamente, e compilados aqui no Brasil pela Editora Mythos com publicação em novembro de 2021, numa edição de 196 páginas, com roteiro de Moreno Burattini e desenhos de Giovanni Freghieri, Anna Lazzarini e Max Bertolini. Na verdade, brevemente traremos mais uma edição nacional (Zagor: Contos de Darkwood – n.2) no mesmo formato, cuja resenha será publicada posteriormente.
Aqui observaremos uma obra singular, com pegada mais visceral e sem maiores delongas. Vale registrar que as histórias de Zagor são originalmente publicadas em edições de 96 páginas mensais (ainda com força total e já no longevo nº 679 de 02/02/2022) onde, por muitas vezes, possui arcos que se estendem em duas ou mais edições. Ressaltemos ainda que os Contos de Darkwood foram idealizados em comemoração aos 60 anos de Zagor, completos em junho de 2021.
Mas falemos da obra destacada no título acima! Em Zagor Contos de Darkwood 1, trataremos de três histórias curtas onde um personagem misterioso relata de forma efêmera algumas historietas do “Espírito da Machadinha (Za-gor-te-nay em dialeto dos índios algonquinos)” ou simplesmente Zagor (deve-se pronunciar Zágor, como preconiza o autor da obra, Guido Nolitta) a um pesquisador de sua vida chamado Roger Hodgson (Salve, Supertramp!).
Esse pesquisador entra e sai da casa de nosso enigmático personagem que fica envolto na penumbra com o pretexto de que deve permanecer no máximo escuro possível devido a uma recomendação médica acerca de um problema nos olhos. O relator então, em encontros curtos, de no máximo duas horas de duração, relata algumas histórias adjacentes de Zagor.
Na primeira historieta, Os Olhos do Destino, Burattini narra o encontro de Zagor com uma linda mulher que se banhava num rio quando o Espírito da Machadinha a encontra. A mulher esconde algo que nosso protagonista pressente, mas o roteiro se desenrola em frenéticas perseguições à bela jovem, que esconde seu passado, onde Zagor tenta protegê-la de seus incautos perseguidores, nos remetendo a um final surpreendente e totalmente inesperado. Devemos ressaltar aqui os magníficos desenhos de Giovanni Freghieri com seu jogo de sombras excepcional, digno dos mais fantásticos traços da Editora Bonelli.
Na sequência, temos: O Vento da Pradaria, onde o autor nos leva às pradarias americanas onde os índios caçavam cavalos selvagens e domesticavam-nos afim de que se tornassem aliados nas caçadas e os facilitasse em seus deslocamentos. Ressaltemos a habilidade da desenhista Anna Lazzarini em retratar os equinos com traços soberbos onde consegue captar as nuances e demostrar os movimentos destes belíssimos animais.
Na história, integrantes de uma tribo indígena são surpreendidos por um bando de vilões sanguinários enquanto aguardam a chegada de Zagor e de um guerreiro da tribo quando a dupla caçava um grupo de cavalos selvagens. Nesse ínterim, Zagor e o índio chegam à aldeia, surpreendendo os meliantes.
No terceiro e derradeiro conto, que fecha com maestria essa primeira de duas edições nacionais, temos A Quadrilha dos Métis, onde o famoso e intrépido Chico (Dom Francisco Felype Cayetano Lopez Martinez y Gonzales), companheiro inseparável do nosso herói é inserido, brevemente, quando chegam a um vilarejo onde está em andamento um enterro coletivo. O episódio narra a perseguição de Zagor ao um grupo de bandidos agressores, que reiteradamente oprime e se aproveita dos lavradores da região de forma vil, violenta e covarde. A dinâmica espetacular retratada nos belíssimos traços de Max Bertolini nos leva à imersão total com um final inesperado, abrilhantado pela soberba narrativa de Moreno Burattini
Sendo assim, o autor fecha essa excelente primeira parte de contos, nos deixando na expectativa de nos deliciarmos com os próximos três que estão por vir, na segunda e derradeira parte a ser retratada em: Zagor – Contos de Darkwood n.2. Posso afirmar aqui tratar-se de obra onde um leitor que nunca teve contato com as histórias do Espírito da Machadinha pode, tranquilamente, iniciar-se no mundo. Observamos, aqui, histórias pequenas e que vão direto ao ponto. Roteirização enxuta e inteligente onde a ação e os nervos à flor da pele são permeados por momentos de ternura e até de singela amizade. Uma obra singular e que vale demais a leitura.
Saudações quadrinísticas e baconianas!!!
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Avaliação: Ótimo!.
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Créditos:
Texto: Fábio Monken
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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