Desde que a série “Falcão e o Soldado Invernal” foi lançada em 2021, os holofotes se voltaram para um personagem pouco conhecido: John Walker! O herói, que estreou com o codinome Super-patriota e depois se tornou o agente americano, brilhou mesmo quando assumiu o papel de Capitão América lá em 1987.
Com o sucesso do seriado e com muita gente curiosa para saber mais sobre o material original, a pergunta é: Vale a pena ler a fase de John Walker como Capitão América?
Até 2021, ler a fase de John Walker como Capitão América não era uma tarefa fácil. Na esteira do sucesso do seriado, a Panini Comics publicou a fase em dois encadernados: “O Novo Capitão América” e “Capitão Contra Capitão”. Os dois encadernados somam mais de 500 páginas e mostram toda a trajetória de Walker no lugar de Steve Rogers. A epopéia é comandada por Mark Gruenwald e Kieron Dwyer.
Dica para o leitor: Se você nunca leu nada do Capitão América e tem um certo “receio” de pegar esse encadernado (por medo de ficar perdido, por exemplo), fique tranquilo! A história é bem fechadinha e o pouco que não acontece nela (como o surgimento de Walker, por exemplo) é explicado em flashbacks. Tenha em mente que essa é uma HQ dos anos 80 e o ritmo é bem diferente do atual. =)
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O descontrolado John Walker chega às vias de fato com Steve Rogers. Será que vale a pena ler a fase de John Walker como Capitão América?
Conhecendo o John Walker das HQs!
John Walker surgiu em 1986 com o codinome Super-patriota. Filho de fazendeiros e natural do Sul (Geórgia), o personagem admira seu irmão (um militar piloto de helicóptero que morreu em 1974 no Vietnã) e é dessa conexão familiar que vem a vontade de representar o país. Depois de servir ao exército, o personagem se envolveu com um mercador de poder para se sobressair e poder ser útil.
Extremamente forte (podendo levantar mais de 10 toneladas segundo o próprio Walker), o personagem estava prestes a se tornar um lutador quando Ethan Thurm o aborda e passa a ser seu empresário. É de Ethan a ideia de criar o Super-patriota e é dele o design do uniforme. Infelizmente para Walker, seu empresário é extremamente desonesto e se preocupa apenas em fazer seu “protegido” ganhar fama. A escolha das missões deixa claro o foco.
Antes de se tornar o Capitão América, John Walker se chamava Super-patriota!
Com esse background e envolvido com um empresário que só quer fama, John Walker é chamado para substituir o Capitão América tendo seu amigo Lemar no papel de Bucky (e mais tarde Estrela Negra).
As histórias anteriores de Walker já deixavam claro que ele é um sujeito extremamente irritado e com tendências violentas (que ganham cada vez mais espaço nas suas ações).
A trama da fase de John Walker como Capitão América
A história de John Walker como Capitão América tem muitos altos e baixos narrativos mas podemos dizer que existem 2 grandes atrativos que prendem o leitor (mesmo quando a trama não está boa): descobrir porque Steve Rogers foi destituído do cargo e ver até onde o “surtado” John Walker é capaz de ir!
A trama começa mostrando Steve Rogers sendo convocado por uma comissão que quer controlar suas ações. A comissão se utiliza de um documento da 2ª Guerra Mundial, assinado por Rogers, para argumentar que o Capitão América é propriedade do governo.
Sem querer trair seu país, mas ciente que ser uma marionete também não é uma opção, Rogers decide entregar seu escudo e seu uniforme. E simples assim vemos o papel de Capitão América ficar vago
Steve Rogers não se submete a comissão e abre caminho para John Walker se tornar o Capitão América!
Em paralelo a entrega do uniforme, vemos o Super-patriota impedir um símbolo americano, o obelisco que fica em Washington, de explodir. O personagem, não muito habilidoso e mais violento do que um super-herói normal, acaba ocasionando a morte de seu antagonista no processo. O timing perfeito da ameaça ajuda Walker a ser chamado pela comissão.
No processo de se tornar o Capitão América, Walker é treinado pelo vilão Treinador e recebe seu amigo Lemar como Bucky (ele se torna posteriormente o Estrela Negra).
É interessante como a história destaca as habilidades de Rogers com o escudo e fica claro que fazer o objeto ricochetear e voltar para a mão não é algo simples. É bem divertido ver o treinamento do novo Capitão!
As missões nas quais Walker e seu parceiro se envolvem são controladas pelo governo americano e vemos o personagem precisar retornar para sua cidade para deter um grupo extremista que estava causando muitos problemas ao redor dos EUA.
A cada missão que passa, vamos vendo a saúde mental de Walker se deteriorar.. E se a comissão queria evitar problemas com Rogers, eles não sabem com quem se meteram!
John Walker veste o uniforme de Capitão América pela primeira vez!
A trajetória de Walker é muito interessante. Vemos um homem confuso que não sabe exatamente no que acredita (ele quer servir o governo, mas quais suas crenças? Nem ele faz ideia) e quer impressionar os que estão ao seu redor.
A saúde mental de Walker, que vai se mostrando cada vez mais instável, se deteriora de vez quando ele falha em uma missão de resgate que envolve seus pais. O nível de violência que ele emprega surpreende pela época e por ser uma revista do Capitão América!
Enquanto Walker mancha o legado do maior herói da nação, Steve Rogers tenta achar seu lugar no mundo. O personagem é criticado por seus colegas por ter desistido tão fácil do “cargo” de Capitão América e busca um caminho para continuar ajudando. Seu amigo Demolição dá ao personagem um uniforme similar ao original.
É interessante ver o personagem entendendo que não ser mais um herói famoso tira muito do prestígio que ele tinha. É na busca por um escudo para completar seu uniforme que uma das passagens mais interessantes acontece e vemos o herói confrontar o Homem de Ferro (que estava desativando todas as armaduras do mundo que haviam sido feitas com tecnologia da Stark e que não estavam sob controle do herói).
Lemar se torna o Estrela Negra e continua parceiro do Capitão América John Walker!
Se o confronto do antigo Capitão América com o Homem de Ferro e a missão de Walker envolvendo seus pais são pontos positivos da HQ, podemos dizer que outras missões deixam a desejar. A trama envolvendo uma briga pelo comando da Sociedade da Serpente é massante e acaba não funcionando, assim como todo o arco do ciúme que Nomade sente de Demo.
A história surpreende e funciona bem de verdade quando foca em Steve Rogers (e sua busca por um caminho) e em John Walker (que fica cada vez mais descontrolado e perigoso).
O grande mistério da HQ (porque o governo resolveu perseguir Steve Rogers?) também é bem resolvido e temos um grande confronto entre Rogers e Walker no fim da trama.
As diferenças de estilo e de abordagem entre os dois dizem mais do que a (excelente) troca de “sopapos” que vemos no fim. Esse final funciona muito bem! Se tramas desnecessárias (como as que citamos no parágrafo anterior) não tivessem sido feitas no meio da saga, essa seria uma história incrivelmente fluida e magnética.
O Capitão América John Walker está completamente descontrolado no fim de sua jornada como o herói mais famoso dos EUA no Universo Marvel.
E aí? Vale a pena ler a fase de John Walker como Capitão América?
É inegável que a saga de John Walker como Capitão América levanta questões interessantes e mostra que o modo de agir de Rogers representa muito mais do que o uniforme em si. É inegável também que John Walker é um personagem interessante que tem uma jornada única no decorrer da sua história.
Se as jornadas de Rogers e Walker são pontos altos da trama, podemos dizer que as jornadas da maioria dos coadjuvantes faz o oposto. Além dos chatíssimos e desnecessários arcos de Demolição e Nomade, temos ainda uma longa história que dá o protagonismo para vilões em um momento totalmente anti climático. Esses “erros” acabam quebrando o ritmo da história e a tornando massante em vários momentos.
Apesar disso, a trama de Mark Gruenwald e Kieron Dwyer é boa e consegue se sobressair. Rogers descobre um outro lado do heroísmo enquanto Walker (que parecia seguro de si e confiante) se perde cada vez mais no papel de herói e de Capitão América.
Honestamente? Se você se identifica com o estilo narrativo dos anos 80, essa é uma HQ que vale a pena mesmo que você não seja fã do Capitão América!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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