Turma da Mônica Lições – O Ultimato

Em 16 de Dez de 2021 • 5 minutos de leitura
Turma da Monica Licoes Wall

Turma da Mônica Lições, sequência direta do longa de 2019 dirigido por Daniel Rezende, estreia nos cinemas na quinta-feira, 30 de dezembro de 2021.

Turma da Mônica Lições – introdução

Turma da Mônica Lições é o tipo da produção que não tem como você apontar defeitos ou criticar. É algo intocável demais nas mentes e corações de jovens e velhos leitores das produções de Mauricio de Sousa para que qualquer coisa que seja se sobressaia à catarse de se estar conferindo referências e materializações pela primeira vez em versão live action.

Baseado na obra homônima de Vitor e Lu Cafaggi, Turma da Mônica Lições é uma obra extremamente fiel a seu material de origem e que dá continuidade à aventura iniciada em Turma da Mônica Laços de 2019 (confira a crítica completa aqui).

Aos fãs de carteirinha, já adianto. Não perca tempo lendo esta crítica. Vá ao cinema e tenha uma das melhores experiências de sua vida.

Turma da Mônica Lições – trama, direção e elenco

Na trama do filme, Mônica vai estudar em uma escola diferente da turminha e essa ruptura no cotidiano já comum de Cebolinha, Cascão, Magali e das demais crianças do bairro do Limoeiro tem um preço.

A dinâmica do grupo parece estar perdida para sempre e novos laços demoram a surgir, parecendo sempre insuficientes para preencher o vazio da antiga amizade.

Seja a parceria entre Mônica e Magali – que desencadeia uma compulsão por comida ainda maior na garotinha de amarelo; seja a sensação de não pertencimento da parte de Cebolinha e Cascão sem a “dona da lua” para coordenar as ações da dupla.

Daniel Rezende é um ótimo diretor. Parece à vontade nesta continuação e seu elenco, impecável. As crianças – Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali) e Gabriel Moreira (Cascão), ao lado das demais da turma – fazem bonito e estão muito mais afiadas que no primeiro filme. Um detalhe, no entanto, é a passagem de tempo para estes atores e atrizes: fica perceptível quais cenas foram filmadas antes ou depois, pois nitidamente o elenco cresceu ao longo das filmagens. Imagino que deve ter sido um pesadelo para Rezende lidar com isso. Um detalhe curioso, mas que não incomoda.

Turma da Monica Licoes - Cena com Escafandro - Do Contra
#MergulheComEscafandro – será que o Do Contra é fã das HQs da Ultimato do Bacon Editora?

Turma da Mônica Lições – detalhes, easter eggs e catarse

Turma da Mônica Lições padece de um mal que já é sentido e percebido na cultura pop há tempos. O excesso de referências, inclusões, easter eggs e menções. Em certo momento, a impressão é de que eu estava conferindo a versão Turma da Mônica de Jogador Nº 1 (2015) – seja o livro ou o filme. De Mauricio de Sousa e Mônica de Sousa na tela ao exemplar impresso de Chico Bento Verdade de Orlandeli; do Penadinho e Horácio de pelúcia no quarto da Mônica ao Astronauta na camiseta do Cebolinha, ao chaveiro do Bugu que a Tina faz em sua barraca hippie… às participações de virtualmente todos os personagens da turminha e referências ao teatro de Romeu e Julieta, o surgimento de novos personagens e uma cena pós-créditos que vai fazer todo mundo pirar. Os “ovos de Páscoa” estão em profusão e grande quantidade.

No entanto, a falta de naturalidade na exposição excessiva de tantas referências incomoda, ainda que isso não seja um problema aos fãs. Pelo contrário. Especialmente aos fãs mais velhos, tudo isso só aumenta o saudosismo e a catarse do “retorno à infância” – que os próprios protagonistas estão perdendo.

Ainda sobre o excesso de referências, reforço aqui: sim, eu critico essa prática no Gavião Arqueiro e outras produções de grandes estúdios também. E não sou totalmente contra a prática, só acho que existe uma forma mais bacana de fazer isso, como em Ghostbusters – Mais Além, por exemplo. Mais natural e bem construída.

Ainda assim, Turma da Mônica Lições executa a história da graphic novel dos Cafaggi de maneira primorosa, aprofundando alguns detalhes – que funcionam muito bem na telona, mas talvez a natureza mais intimista da história original funcione melhor mesmo no papel.

A impressão geral é de que o primeiro filme é mais “redondo” e Turma da Mônica Lições não alcança o mesmo brilho de seu predecessor. Rezende parece perceber isso pois as melhores cenas do longa são justamente aquelas que não existem na HQ. Faltou talvez aprofundar mais os dilemas individuais de cada personagem e sair um pouco da linha mestra original.

Turma da Mônica Lições – conclusão

Como sempre deixamos claro por aqui, é óbvio que existe um público para o qual este longa é dirigido e focado – crianças, jovens e adultos e, essencialmente, fãs do trabalho de Mauricio de Sousa. E, perante este público, certamente Turma da Mônica Lições será um enorme sucesso. Afinal, uma garota qualquer de 11 anos entrar na kombi de um casal desconhecido de hippies da Avenida Paulista não é a mesma coisa que a Mônica entrar na kombi de Tina e Rolo no bairro do Limoeiro, correto?

Seja como for, certas obras terão sempre um carinho maior do público e seus pecadilhos serão sempre perdoados. O inverso também é verdade.

Avaliação: Bom
Turma da Monica Licoes Poster Oficial

Créditos:

Texto e Edição: Alexandre Baptista

Imagens: Reprodução



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