por João Pedro Maia
Que o ambiente dos quadrinhos tem se tornado cada vez mais tóxico não é surpresa para ninguém. Tom King agora volta ao centro das ameaças. Depois do polêmico “casamento”, agora é o recente lançamento de Heróis em Crise #8 que atrai a ira dos fãs sobre o autor.
I’m doing this too often. pic.twitter.com/BM87PAOzuA
— Tom King (@TomKingTK) April 24, 2019
Conforme o autor mesmo comenta em outra postagem, ele pede que as pessoas leiam a edição antes de saírem por aí ameaçando as pessoas de morte (como se isso adiantasse).
Entenda a polêmica (a partir daqui spoilers de edições não publicadas no Brasil):
Heróis em Crise se desenvolve a partir de um massacre acontecido no “Santuário”, um lugar criado por heróis para que outros heróis pudessem receber ajuda com os traumas de ser um herói (temos exemplos do Batman lidando com sua coluna quebrada pelas mãos de Bane, Superman e sua morte nas mãos de Apocalipse e a Batgirl e seu tempo numa cadeira de rodas).
Durante 7 edições os fãs foram levados a acreditar que o Gladiador Dourado ou a Arlequina tivessem cometido o crime, eis que na edição #8 o verdadeiro culpado revela seu crime e sua motivação: Wally West (que até então acreditava-se ser uma das vítimas).
Os fãs ficaram revoltados com esse desenvolvimento e o tratamento em geral dado ao personagem, uma vez que Wally ressurgiu nos quadrinhos como o símbolo do “Renascimento”, apenas para ser “morto” no começo da saga, e agora revelado com o “vilão”.
Agora, fica aqui o meu apelo aos fãs que realmente leiam a edição. O tema é muito mais desconfortável do que um herói, amado ou não, se tornando o vilão. Toda a temática do Santuário é a mesma: distúrbios mentais. Wally não surta do dia para a noite ou é vítima de um feitiço de inversão (isso mesmo Marvel, estou olhando para você).
Ele é um personagem que passou por diversos traumas e isso deixou uma marca nele. Tentando lidar com esses traumas ele acaba causando um acidente com a Força de Aceleração. Suas motivações para tentar culpar o Gladiador e a Arlequina ainda não estão totalmente claras e o que ele ainda fará na última edição ainda falta ser descoberto, mas ele não foi simplesmente transformado em vilão.
O que King tem feito em suas histórias talvez tenha desagradado os fãs por sua honestidade em transformar os heróis em humanos, como pode ser visto no arco “Eu sou suicida” de seu run em Batman. Existe muito mais do que preto e branco mesmo no mundo dos heróis e é isso que ele nos mostra com esse evento. Um lado frágil, um lado falho, não um lado vilanesco, mas um lado humano.
E considerando a resposta dos “fãs”, King acerta em cheio ao demonstrar o pior lado das pessoas.
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