Um jovem índio brasileiro que precisa encontrar seu caminho na Floresta Amazônica é o tema da obra Tiki O Menino Guerreiro de Berardi e Milazzo. A obra é um espetáculo visual e de roteiros que mostram que uma boa pesquisa – por parte dos autores – pode sim criar uma HQ verossímil e que representa questões reais.
Os costumes das tribos indígenas, a representação da fauna e flora da floresta e até o vilão da história são muito bem representados. É para aplaudir o trabalho dessas lendas italianas!
Tiki O Menino Guerreiro deBerardi e Milazzo foi originalmente lançado na Itália em 1976 e chegou ao Brasil em 2013 pelas mãos da editora Quadro a Quadro. A edição nacional reúne todos os 6 capítulos que trazem as aventuras do jovem índio brasileiro.
Vale lembrar que Berardi e Milazzo são os responsáveis pelo famoso Ken Parker e por outras obras excelentes – como a coletânea de contos curtos Noturno e o fumetto Tom´s Bar.
A trama da HQ Tiki O Menino Guerreiro de Berardi e Milazzo
A história de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo acompanha o desenvolvimento de um pequeno índio chamado Tiki. Podemos dizer que a epopéia do jovem é dividida em 2 momentos. O primeiro, e mais curto, mostra Tiki tendo que buscar seu lugar na aldeia após a perda do pai. Responsável por cuidar de sua mãe, ele precisa conquistar seu lugar como guerreiro e caçador na tribo.
Essa primeira trama, que ocupa a primeira edição da HQ, é bem interessante e mostra que os autores pesquisaram bastante o hábito dos nossos índios (comparem a roupa dos povos indígenas americanos em Ken Parker e depois observe como a mudança é total!) e a floresta amazônica está lindíssima.
Se a primeira parte da obra mostra conflitos dentro da tribo, a segunda parte mostra Tiki “enfrentando” o chamado progresso. Na história, o jovem resolve ir atrás de “pássaros que brilham e cospem fogo” depois de um ataque ser feito na floresta – tudo em nome da construção da transamazônica. A trama se desenvolve com Tik tendo o primeiro contato com diversos elementos estranhos para ele como jipes, armas e até a aparência e roupa das pessoas.
A jornada do jovem após esse primeiro contato é cativante e mostra o amadurecimento do jovem guerreiro que – por conta de diversas circunstâncias – se vê obrigado a assumir o papel de homem cedo demais. Vale citar que Berardi não usa aquele recurso famoso de “unificação de idiomas” (onde parece que o mundo inteiro fala a mesma língua): Tiki e o homem branco tem dificuldades extremas de se entenderem pelas diferenças culturais e também pela língua.
Tiki O Menino Guerreiro de Berardi e Milazzo é uma HQ surpreendente por muitos motivos: a bela arte de Milazzo que cria um ótima representação das paisagens da floresta, a pesquisa de Berardi que aborda questões reais entre outros. A trama é extremamente fluída e a sensação é que poderíamos ter muitas outras aventuras do guerreiro Tiki. Uma obra que mostra a versatilidade da dupla italiana que sempre nos encanta com obras magnéticas que tem o poder de nos fazer pensar.
Uma excelente leitura que vai agradar em cheio os fãs da dupla e os leitores que buscam uma obra diferente e fora do eixo de super-heróis.
Avaliação: Excelente!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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