O nome é Thanos: Santuário Zero, mas a publicação serve como uma breve história de origem de Gamora. Mais que isso, nos aproxima um pouco da complexidade do relacionamento de pai e filha que surgiu ainda no início do treinamento da “assassina mais perigosa do universo”. E falando em heroínas – ou anti-heroínas – fortes, vale pontuar, o roteiro é obra de mais uma boa representante feminina entre os grandes roteiristas da Marvel, Tini Howard, enquanto a arte fica na responsabilidade do argentino Ariel Olivetti, que já desenhou o lendário anti-herói argentino El Cazador. As cores são de Antonio Fabela.
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Qual é a trama de Thanos: Santuário Zero
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Thanos: Santuário Zero, publicado por aqui pela Panini em julho de 2020, compila as edições de Thanos (2019) de #1 a #6 em 144 páginas. O principal cenário dessa história, não poderia deixar de ser, é a estação espacial semiconcluída – e sinistra – chamada de Santuário Zero, onde o grande vilão capitaneia dezenas dos piores piratas, soldados e mercenários do universo.
A nave é importantíssima no roteiro, funcionando quase que como um personagem, por vezes responsável por trazer um clima que lembra o do filme Alien – O 8º Passageiro (1979), onde, em meio ao dia a dia da tripulação, não sabemos quem será a próxima vítima. No lugar do extraterrestre dos anos 1970, porém, temos Thanos, desferindo seu desejo de matança fomentado pelo que podemos chamar de um problema conjugal com sua amada Morte – que sempre precisa ser impressionada.
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A sinistra Santuário Zero: local de caça de Thanos, o titã louco
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Para contextualizar a história cronologicamente, vale saber que ela é contada por Gamora a um enigmático garoto em uma fase pós Guerras Infinitas, onde Thanos, mais uma vez, está morto. E claro, por lógica, Thanos: Santuário Zero serve também como um prelúdio para A Saga de Thanos, publicada em dois encadernados de luxo pela Panini em 2019, onde são registradas as primeiras aparições de Thanos e Gamora nos quadrinhos. Nesta nova história, vemos o quanto a rivalidade e os ataques a Magus (durante A Saga de Thanos) foram pensados e premeditados por um longo período. Afinal, quem senão um líder religioso com milhares de seguidores fanáticos seria uma ameaça ao poder de Thanos?
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Mas você deve estar se perguntando: e a Gamora? Bom, se você já leu A Saga de Thanos, sabe qual a relação da terra natal de Gamora, o planeta Zenwhober, com a Igreja da Verdade Universal controlada por Magus, seu deus e mentor. Aqui, aliás, essa parte da história é apresentada em detalhes inéditos pela alienígena verde. Como ela chamou a atenção de Thanos para que não fosse exterminada como o resto de seus familiares e conterrâneos, como ela raciocinava, o que era o Esquadrão Carniceiro, principal equipe responsável pelo ataque, e qual o propósito do massacre ao planeta.
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O Esquadrão Carniceiro, a força de ataque de Thanos em Santuário Zero
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No desenrolar dessa história vamos percebendo que Gamora é, ao mesmo tempo que uma filha, uma arma para Thanos, criada para servir aos seus propósitos. Ele, luta para deter Magus e impressionar a Morte, ela, por sobrevivência em meio a uma tripulação de criminosos e um pai tirano. Essa base do enredo se dá em meio ao convívio com o Esquadrão Carniceiro e a Santuário Zero.
A graça dessa HQ, penso eu, está muito mais no “como” do que no “o que”. O editor da publicação tupiniquim, Paulo França, no editorial, aponta uma certeira relação da história com conceitos chave da psicanálise, lembrando que os pais podem ser objetos de amor e ódio dos filhos. São eles que mostram as coisas boas da vida, mas nos dão as mais severas broncas, contribuindo para construir muito do que nós somos. E nessa lógica, Thanos, mesmo morto, vive no inconsciente da filha, delineando suas atitudes e sua moral.
Como será a psique de uma alienígena de origem pacífica criada pela representação quadrinhística da pulsão de morte, aquela que, segundo Freud, aqui em termos bem reducionistas, é a própria vontade orgânica para a destruição e para o mal? Como é ser protegida por um ser destes, dever sua vida à ele e chamá-lo de pai? Talvez, uma pequena parte da resposta esteja acertadamente em Thanos: Santuário Zero.
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Vale a pena ler Thanos: Santuário Zero?
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A história é boa. Embora não tenha a participação de heróis, prende pela construção do ambiente na Santuário Zero e pelo relacionamento de Thanos e Gamora, além da relação deles com a Morte, com a tripulação e com Magus. A arte de Olivetti agrada e as cores de Fabela conseguem mesclar tons coloridos com bastante tinta preta, para manter o clima soturno do espaço e de dentro da nave.
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A jovem Gamora atrai a atenção de Thanos
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Se você leu o clássico A Saga de Thanos e gostou, com certeza vale a pena ler Thanos: Santuário Zero, afinal, como dito anteriormente, funciona como um prelúdio. Mas esta leitura também pode ser interessante – embora não das mais indicadas – para iniciantes ou leitores ocasionais, tendo em vista que possui uma história coesa e não é necessário ter outras leituras para entender o roteiro. Já se você chegou aqui porque assistiu Os Vingadores ou Guardiões da Galáxia e ficou curioso pelos personagens, com certeza também vale a pena conhecer a origem da Gamora, o personagem Magus, os tripulantes da Santuário Zero e ter mais alguns fragmentos da complexa – ou não – cabeça de Thanos.
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Não deixe de conferir nosso Guia de Leitura da Saga de Thanos, o review de A Ascensão de Thanos e nossa lista com As Melhores Hqs da Marvel Comics!
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Avaliação: Bom!
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Créditos:
Texto: David Horeglad
Imagens: Reprodução
Edição: João Maia
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