Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile) | |
Ano: 2019 | Distribuição: Paris Filmes |
Estreia: 25 de Julho (Brasil) |
Direção: Joe Berlinger Roteiro: Elizabeth Kendall (baseado no livro "The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy"), Michael Werwie |
Duração: 110 Minutos |
Elenco: Lily Collins, Zac Efron, Angela Sarafyan, Jim Parsons, John Malkovich, James Hetfield |
Sinopse: “Ted Bundy foi um dos serial killers mais perigosos dos anos 1970, e, além de ser um assassino, era sequestrador, estuprador, ladrão e necrófilo. Sua namorada, Elizabeth Kloepfer, tornou-se uma de suas defensoras mais leais, recusando-se a acreditar na verdade sobre Ted. A história de seus numerosos e terríveis crimes é contada pelos olhos de Elizabeth.”
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De maneira eloquente e delicada, Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal traça uma narrativa sedutora do famoso assassino estadunidense sem glamourizá-lo
Longa que estreia nesta quinta-feira tem uma incrível performance de Zac Efron no papel principal
por Alexandre Baptista
Algumas pessoas são atraídas pelas histórias de criminosos perspicazes e serial killers impiedosos, talvez motivadas por uma curiosidade mórbida ou pelo deslumbramento ante a inteligência de certas figuras em esconder suas verdadeiras intenções, emoções e sua total falta de envolvimento empático com qualquer ser que seja.
Eu, no entanto, tendo convivido com alguém que, embora não tenha, que saibamos, cometido nenhum crime, apresentava esse tipo de dissimulação premeditada, sei o quanto é emocionalmente perturbador estar diante de alguém assim.
Talvez seja por esse fato que Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal tenha me agradado tanto, apesar de pessoalmente não gostar de cinebiografias e de estar, antes de conferir o longa, apreensivo com uma possível glamourização de um dos assassinos em série mais famosos e perigosos que a história já conheceu.
Dirigido por Joe Berlinger, o filme é só méritos nesse sentido. Começa com um encontro entre Bundy, na prisão, e Liz Kendall, com quem se relacionou por muitos anos. Ambos se falam através do vidro e ela pergunta se ele se lembra da noite em que se conheceram. A partir daí a história segue, do primeiro encontro de ambos até a eletrocussão de Bundy em 1989.
Nesse começo fica a impressão de que a trama está tentando mostrar o lado humano de Bundy, plantar a dúvida de sua verdadeira culpa nos crimes. O espectador mais desatento pode tirar essa leitura do filme com toda certeza. Mas o que o roteiro de Michael Werwie – baseado no livro de Elizabeth Kendall The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy – e a direção fazem muito bem é dar à plateia uma pequena amostra da manipulação emocional e mental que um psicopata de extrema inteligência é capaz. Ele nos coloca na posição de Liz, de Carole Ann Boone, dos policiais, advogados, do juri e de todas as tietes de Bundy nos tribunais, “livres” para acreditar na versão que quisermos.
Para conseguir esse feito, nenhum dos assassinatos é realmente mostrado e a presença de Bundy nas cercanias dos locais em que ocorreram poderia ser interpretada como coincidência. Não fosse por pequenos detalhes indicados no longa, que fazem toda a diferença: pequenas frases-feitas de Bundy, seja com a polícia, seja com as mulheres – um recurso cinematográfico inteligente, apesar de parecer uma simplificação da persona do assassino.
Além disso, a trilha sonora é muito interessante e agradável. E tem uma característica que não se pode dizer de muitas trilhas: discreta. Marca os pontos certos, não aparece em demasia e cumpre uma função de ajudar no ritmo do filme.
Sobre o elenco, é bastante divertido ver Jim Parsons fora do bazingueiro Sheldon de The Big Bang Theory. Ele interpreta o promotor Larry Simpson de maneira competente, mas infelizmente alguns trejeitos do nerd que virou seu personagem-símbolo aparecem ali em alguns momentos.
Notas mais positivas vão para James Hetfield – sim, ele mesmo, o vocalista do Metallica – como o oficial Bob Hayward e Haley Joel Osment – o garotinho de O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) – como Jerry, colega de trabalho de Liz Kendall. Hetfield tem uma cena bem curtinha, com duas falas, mas sua voz domina a cena e deixa os fãs curiosos pra ver mais da atuação do vocalista; Osment aparece pouco no início do filme, tendo mais participação para o final e também nos deixa na torcida por sua volta a papeis maiores em Hollywood.
Ainda sobre o elenco, grande destaque para: John Malkovich como o juiz Edward D. Cowart, impecável e sublime; Kaya Scodelario como Carole Ann, irretocável; Lily Collins como Liz Kendall, angustiantemente brilhante e Zac Efron, no papel principal, irreconhecível. Efron mostra uma atuação magistral, convincente e equilibrada. Seu desempenho, sua postura, suas expressões e, principalmente, seu olhar é simplesmente assustador, sedutor e inquietante, tal qual Bundy à época.
Por fim, especialmente para quem não está familiarizado com a história de Bundy, o final guarda detalhes e revelações que transformam a narrativa em algo muito mais voltado à Liz Kendall do que ao assassino em série. Infelizmente, o título nacional acaba conduzindo o olhar do espectador para ele.
No entanto, a conclusão da narrativa trata dos reais perigos que o silêncio em relacionamentos abusivos pode esconder. Como o título original sugere, é algo “extremamente malvado, chocantemente maligno e vil”.
Avaliação: Ótimo!
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