Um dos desenhistas mais lendários das HQs faz sua estréia como roteirista nessa obra de 1990 que evoca a simplicidade dos encontros dos dois maiores heróis da DC Comics na Era de Prata. Superman e Batman Os Melhores do Mundo de Dave Gibbons conta com a bela arte de Steve Rude e Karl Kesel para mostrar uma aventura que não se preocupa com tempo, cronologia nem nada do gênero.
O forte do roteiro e da execução como um todo é a diversão de vermos esses personagens (e seus mundos) colidindo.
Superman e Batman Os Melhores do Mundo de Dave Gibbons chegou ao Brasil pela primeira vez em formato minissérie em 3 edições no ano de 1991 pelas mãos da editora Abril.
A obra foi relançada em 2003 pela Mythos (ainda no formato minissérie) e em 2017 ganhou uma bela edição em capa dura da Panini Comics que compila toda a trama em um único volume.
Dica para o leitor: Se você é fã dos encontros do Azulão e do Cavaleiro das Trevas na Era de Prata, vale conferir nosso review da HQ Batman e Superman: Os Melhores do Mundo – Era de Prata Vol. 1.
Bruce Wayne interage com Lois Lane na HQ Superman e Batman Os Melhores do Mundo de Dave Gibbons
A trama da HQ Superman e Batman Os Melhores do Mundo de Dave Gibbons
Dave Gibbons é fã confesso dos encontros entre Superman e Batman que aconteciam na Era de Prata. A história que ele cria em 1990 evoca muito dos elementos dos primeiros encontros entre os dois heróis, mas de uma forma menos espalhafatosa e inocente.
A simplicidade ainda está presente na trama mas temos mistérios mais elaborados, sutilezas que se apresentam na interação entre os personagens e aqui já temos aquela ideia de que “Superman e Batman tem diferenças em relação aos seus métodos” – algo posterior a Era de Prata e que surgiu no pós crise (em especial no Superman de John Byrne).
Apesar dessas atualizações, a história começa de maneira bem simples: Lex Luthor e Coringa se unem (não de forma tranquila) para arquitetar um golpe que envolve um orfanato e as crianças que moram nele. Esse orfanato fica localizado entre as cidades de Gotham e Metrópolis e é justamente essa localização que faz com que os heróis se envolvam no caso e trabalhem de forma “colaborativa”.
Todos os coadjuvantes favoritos dos leitores (Alfred, Perry White, Jimmy Olsen, Comissário Gordon) dão as caras na obra e tem seu momento de brilhar – Jimmy chega até a atrapalhar o Batman ao tirar uma de suas famosas fotos.
Muitas cenas de ação do Batman estão presentes no traço de Steve Rude e Karl Kesel na HQ Superman e Batman Os Melhores do Mundo
A trama se desenrola com um grande mistério e vemos Coringa e Lex Luthor trocando de cidades. Luthor pretende conquistar Gotham enquanto o Coringa quer “férias” em Metrópolis. Após algumas situações embaraçosas, os heróis também decidem trocar de cidade e são justamente essas trocas de heróis e vilões que acabam sendo o ponto alto da obra.
O povo de Gotham e de Metrópolis reage de forma muito diferente aos heróis e suas ameaças e Gibbons usa isso para ilustrar como os dois benfeitores vivem em mundos completamente diferentes – apesar de terem objetivos iguais.
A diferença no raciocínio também é bem explorada e vemos os protagonistas propondo formas diferentes de lidar com as ameaças. Clark Kent e Bruce Wayne ganham espaço e aparecem bastante na história e é bacana ver os dois interagindo e atuando também sem a capa e o capuz – e é justamente isso que faz a obra memorável.
O mistério que envolve o orfanato e o “intercâmbio de vilões” é interessante, mas soa meio “bobo” para os dias atuais (por mais que tenha sido atualizado em comparação a Era de Prata). A ótima construção de Gibbons e sua habilidade em explorar as diferenças entre os heróis e seus respectivos ecossistemas é o que ecoa na cabeça do leitor.
O Azulão sobrevoa Metrópolis na HQ Superman e Batman Os Melhores do Mundo de Dave Gibbons
Tudo em Superman e Batman Os Melhores do Mundo de Dave Gibbons foi pensado para ativar nossa nostalgia. O design dos personagens, a trama e até o traço de Steve Rude e a arte finalização de Karl Kesel. E essa proposta funciona!
Os fãs da Era de Prata ganham uma história simples e divertida que os transportam a épocas mais simples e os leitores de materiais mais atuais acabam ganhando um vislumbre de qualidade e atualizado de como os quadrinhos eram pensados em outros tempos.
Como a história possui um ritmo narrativo intenso, nenhuma amarra cronológica e um número de páginas relativamente limitado (180 “apenas”), essa acaba sendo uma obra que eu recomendaria para os fãs da dupla Superman e Batman em geral. Uma boa leitura que consegue divertir e surpreender dentro da sua proposta.
Fã de Superman e Batman? Confira nossa matéria sobre a sensacional Superman e Batman: Gerações de John Byrne!
Avaliação: Ótimo!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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