Star Trek: Discovery – 1ª Temporada | |
Ano: 2017 | Emissora: Netflix |
Estreia: 24 de Setembro | Criador: Bryan Fuller e Alex Kurtzman |
Duração: 42 min/ep | Elenco: Sonequa Martin-Green, Doug Jones, Shazad Latif, Anthony Rapp, Mary Wiseman, Jason Isaacs e Michelle Yeoh |
Sinopse: “Ambientada dez anos antes dos acontecimentos da série original, “Star Trek: Discovery” mostra pela primeira vez o início da história da Federação. Com uma ameaça de guerra no horizonte, o primeiro oficial Michael Burnham encontra novos mundos, espaçonaves e vilões em sua jornada pelo universo."
[tabby title=”Diego Brisse”]
Star Trek é uma das maiores e mais influentes criações da história. Inspirou diversas mudanças na cultura, quebrou paradigmas e chegou a mudar a história, convencendo a Nasa a mudar o nome do seu primeiro ônibus espacial. Os fãs de Star Trek são quase religiosos, a cada anúncio de um novo material se contorcem e se armam para defender o legado deixado pela série clássica. Star Trek Discovery veio com esse desafio de resgatar a tradição de ter Star Trek na sua mídia de origem, a TV.
Algo que me incomoda um pouco (até demais!) no filmes de J.J.Abrams (e Justin Lin) é o tempo investido na ação em detrimento da maior característica de Star Trek, a ficção científica! Como os filmes são caros e consequentemente devem atingir um público maior para se pagar, tais mudanças são necessárias e mesmo cumprindo essa tabela, os filmes são ótimos e prestam suas devidas reverências.
Em Discovery, logo de cara já se estabelece um clima meio de combate, o que a princípio me decepcionou, pois como série, seria possível retomar o foco na ficção científica. Felizmente ao longo da série todos as temáticas já mostradas em Star Trek foram testadas, do humor a ação, da ficção científica a aventura, dando a sensação de que os produtores tentaram testar os limites e a aceitação dos fãs. O mais interessante é que isso não comprometeu tanto o decorrer da série, tudo foi feito de maneira muito equilibrada, escorregando apenas no final, que seria um momento perfeito para usarem o padrão moderno e adotaram o clássico!
Os personagens funcionam perfeitamente, a interação é magistral. O compromisso dos atores, mesmo os com menor participação é nítido, parece que todos estavam ali por prazer. A protagonista Michael Burnham entrega um personagem diferenciado, embora esteja ligada a família Spock, consegue se destacar e não ser um genérico do referido. Essa vaga teoricamente é cumprida por Saru, um dos personagens mais interessantes de todo o universo Star Trek, mas ao contrário do clássico Spock, apesar de Saru ser mais científico ele é emocional, traz uma carga dramática para o time. Gabriel Lorca é um dos capitães mais diferenciados em Star Trek, com uma filosofia militar, preocupado em explorar a ciência como armamento.
Um dos pontos mais fortes é a evolução dos personagens. No final vemos que cada personagem principal teve uma grande evolução, sendo pessoas diferentes das apresentadas lá nos primeiros episódios. Essa evolução é mais nítida em Michael Burnham, que teve um grande amadurecimento.
O núcleo Klingon é excelente, aqui vemos as motivações e tramas da raça exploradas muito bem. É interessante ver como é tratada a questão mais “religiosa” deles e em como isso tem impacto no desenvolvimento da série. Mesmo quando tentam pesar demais no clichê, conseguem reencontrar o equilíbrio.
Algumas derrapadas são inevitáveis, existem algumas incoerências com o cânone, e existe certo exagero nas reviravoltas. A série tem uma demora para encaixar sua proposta e acaba tendo uma certa irregularidade, demonstrando incerteza na produção. A mudança de ritmo do episódio 14 para o 15 me incomodou um pouco.
Star Trek Discovery consegue soterrar todos os erros com acertos e entrega uma série digna e respeitosa. Com investimento pesado nas referências, mas sempre olhando pra frente tentando trazer inovações, Discovery emociona, empolga e nos faz querer mais, muito mais! A vontade de maratonar tudo desde a série clássica é inevitável!
Avaliação: Excelente
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