Conheça a violenta minissérie que serviu de base para o filme de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino em Sin City: O Assassino Amarelo de Frank Miller
O Assassino Amarelo (1996) é tido como o melhor episódio de Sin City entre os críticos e leitores. Tendo em vista que o nível da produção de Frank Miller na série é altíssimo, significa muita coisa.
Mas vamos aos dados. Sin City: O Homem Amarelo foi publicado originalmente pela Dark Horse Comics em 1996, com o título Sin City: That Yellow Bastard (1996) de #1 a #6. As versões compiladas começaram a sair no ano seguinte, 1997, inclusive com edição em capa dura pela Titan Books.
No Brasil, a editora Pandora Books publicou a minissérie em 2003, seguida pela Devir em 2005, 2014 e, agora, na republicação completa de Sin City com capa dura em 2023. Todas com mais de 220 páginas e a íntegra da história, a quarta na sequência de lançamentos.
As seis edições originais da revista que publicou a minissérie pela primeira vez
Se você quiser conhecer o contexto da criação da série, leia o Baú de HQs de Sin City: O Difícil Adeus (1991-1992). Conteúdo indicado para maiores de 18 anos.
Qual a trama de Sin City: O Assassino Amarelo de Frank Miller
Cronologicamente, começamos mais de oito anos antes da linha temporal comum de Sin City. O protagonista é o detetive de polícia John Hartigan, pelos seus 50 anos, faltando poucas horas para a aposentadoria por problemas cardíacos.
O filho do senador Roak – da família mafiosa que manda na cidade – tem histórico de estupro e assassinato contra meninas. Hartigan descobre que Nancy Callahan, de 11 anos, está sequestrada pelo canalha. O primeiro capítulo mostra como o detetive salva a garota, disparando vários tiros contra Roak Jr., também em suas partes íntimas. Ele sobrevive, mas vegetando.
Mexer com a família Roak não fica de graça. O parlamentar do grupo reverte o caso, divulgando para a opinião pública que Hartigan estava violentando Nancy. As provas são adulteradas e surgem testemunhas falsas. Roak avisa: qualquer pessoa que ficar sabendo da verdade será assassinada, incluindo a esposa do policial, Eileen. Nancy foge.
O primeiro desafio de Hartigan é salvar Nancy, sequestrada pelo filho lunático de um senador
John Hartigan amarga oito anos em uma solitária, sofrendo todo tipo de tortura. O único alívio é ler as cartas da garota, sob o pseudônimo de Cordélia, e sem nenhuma referência que pode denunciá-la. No entanto, as missivas param. Preocupado, com a ajuda da advogada Lucille – personagem presente desde O Difícil Adeus – e uma confissão à contra gosto, o ex-policial entra em condicional.
É quando acompanhamos a investigação do protagonista para descobrir o paradeiro de Nancy. Quem leu as minisséries anteriores sabe onde a personagem trabalha. Desde a saída da prisão, o assassino amarelo está na cola de Hartigan. Ele é pintado por Miller na cor que o nomeia, sendo responsável pela primeira exceção ao P&B de Sin City.
Já deu para perceber que, com o movimento do ex-policial, Nancy estará em apuros. Os esforços de Hartigan, enfrentando o dilema entre o sentimento carnal e o de paternidade, serão para salvar a jovem, na mira do misterioso assassino amarelo e da família Roak. Como esperado, teremos páginas com muita ação, perseguição, drama e violência.
Vale a pena ler?
Frank Miller sabe conduzir a narrativa de forma única, rica em detalhes, mostrando as emoções e o caráter de todos os atores em profundidade. O conteúdo, apesar de ter bastante fôlego, nos mantém grudados na leitura, querendo descobrir os segredos da HQ e torcendo por Hartigan e Nancy.
O assassino amarelo surge meio que do nada e é responsável pela primeira cor na série
O detetive policial é mais um personagem típico de noir, bem delineado por Miller, e o vilão é incrivelmente bem construído e marcante, tanto esteticamente – o assassino amarelo –, com uma aparência que chega a dar náusea, quanto em suas sórdidas motivações e história.
Sobre a arte, não há muito o que acrescentar. Ela dá ótima sustentação ao clima do roteiro. Miller segue com o P&B estilizado dos outros volumes, porém, aprimorando cada vez mais o traço. Nesse sentido, O Assassino Amarelo ganha em requinte, corroborado pela adição bem pontuada da crócea.
Temos, ainda, o trabalho de luz e sombra em alto contraste, o domínio da perspectiva em cenários cúbicos, a boa dinâmica de movimentos e ângulos sagazes. Alguns quadros mostram a habilidade de Miller em dar profundidade a quadros totalmente 2D – parece paradoxal, não? –. Leia mais sobre a arte de Miller na matéria de O Difícil Adeus.
A conclusão da HQ é digna dos melhores dramas policiais. E vale pontuar o ótimo cruzamento de personagens, lugares e histórias em Sin City, o que dá coesão à série e nos faz ter a sensação de conhecer de perto a Cidade do Pecado.
*Sin City: O Assassino Amarelo foi um dos títulos que serviu de base para o filme Sin City: A Cidade do Pecado (2005), dirigido por Robert Rodriguez, Frank Miller e Quentin Tarantino, com Bruce Willis como John Hartigan, Jessica Alba como Nancy e Nick Stahl como o assassino amarelo.
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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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