Porque o Venom de Donny Cates é Melhor que as Fases Anteriores?
Analisar o fenômeno Donny Cates não é uma tarefa difícil: o autor de Venom tem conseguido, consistentemente, contar boas histórias que quebrem o ciclo de repetição que as HQ´s naturalmente tem. Afinal, não repetir histórias mantendo o Status Quo de personagens com mais de 50 anos não é uma tarefa fácil.
A fase do Venom de Donny Cates é a única boa do personagem?
Em Venom a história muda. O anti-herói ou vilão ( saiba mais sobre a natureza do personagem clicando aqui) não teve muitas histórias boas. A maioria tende a ser mais visual, como é o caso de Venomizados (conheça a saga clicando aqui). Os roteiristas prévios tendem a dar mais atenção para a ameaça do simbionte do que para o desenvolvimento da história em si.
Venom Controla um Dinossauro na edição “Venom” #2 da Panini Comics
Uma boa prova desse interesse dos roteiristas de Venom pelo visual se dá em “Venom” #2 da Panini Comics quando o anti-herói controla um tiranossauro para atacar o povo dinossauro do esgoto (?). É muito comum termos histórias genéricas e sem muito nexo quando falamos do personagem. A vida de Eddie Brock, por exemplo, nunca evolui. Ele é sempre o pária mal sucedido que vê na sua relação com o simbionte sua grande força.
Talvez a única fase realmente boa da revista do Venom tenha sido na época que o simbionte tinha Flash Tompson como hospedeiro (a fase estreou em “A Teia do Homem-Aranha” #14 da Panini). A luta pelo controle e a vontade de ser herói que Tompson tinha realmente fazia com que a revista apresentasse elementos novos e interessantes!
Flash Tompson é o Agente Venom em uma das fases do Anti-Herói inimigo do Homem-Aranha
Outro memorável hospedeiro do simbionte foi o mafioso Lee Price. O vilão ficou com o simbionte durante poucas edições (compiladas em “Venom” #1 da Panini Comics”) e durante a saga Venom Inc. (“Corporação Venom” no Brasil). Apesar de ser um fator novo, Lee carecia de carisma e, talvez por isso, não tenha tido muito tempo para se desenvolver.
A história do simbionte é confusa e cada autor que passa tende a deixar uma pequena marca que faz com que ela fique ainda pior – uma vez que o foco parece ser gerar poses “iradas” e não boas histórias. E para gerar essas poses vale tudo: gerar mais simbiontes, criar um povo dinossauro, enfrentar Kraven nos esgotos e por aí vai… Isso até Cates chegar!
As histórias do Venom de Donny Cates
Venom de Donny Cates tem um roteiro bem pensado e mexe com a origem do simbionte
Cates pega a HQ parecendo determinado a contar uma boa história que realmente agregue ao personagem – com direito a mexidas na origem do simbionte e tudo! O Venom de Donny Cates alterna momentos mais psicológicos com momentos de ação desenfreada. É importante salientar que o título não é uma “obra de arte” mas fazer boas histórias com um personagem que quase nenhum autor conseguiu trabalhar bem em HQ´s solo é louvável!
O autor consegue respeitar as passagens anteriores, nos dar um panorama geral (o respeito do simbionte por Flash Tompson, por exemplo, é bem explorado) e partir para contar a sua própria história. A relação entre hospedeiro e criatura nunca foi tão bem detalhada. Alguns autores levaram essa relação para um lado mais romântico enquanto outros apelaram para sentimentos de ódio mútuo (as duas ideias tem seus prós e contras..).
O Venom de Donny Cates consegue mostrar o que é uma verdadeira relação de simbiose: uma dependência tão brutal e forte que faz com que ambos os afetados realizem atos inimagináveis por conta dela – prejudicando os dois e todos que estão ao redor.
Venom de Donny Cates não tem medo de exagerar na violência
Entre histórias com dinossauros, monstros espaciais, demônios e o que mais possamos imaginar, Cates consegue ser inventivo e original sem perder a qualidade trazendo o anti-herói para um patamar mais elevado em termos de narrativa. Quem sabe esse não é o começo de um novo capítulo que vai fazer com que Venom finalmente evolua?
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
Matéria publicada originalmente em 26 de fev de 2020. Atualizada em 10 de maio de 2020.
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