O Imortal Punho de Ferro

Em 18 de Fev de 2019 • 4 minutos de leitura

por Lucas Souza

“Todo personagem pode se tornar interessante na mão dos autores certos”. Essa afirmativa, não sei ao certo seu criador, nunca foi tão verdadeira. Sempre considerei o personagem Daniel Rand e seu alter ego Punho de Ferro… Chatos. O personagem sempre funcionou melhor, na minha opinião, em histórias onde ele é secundário ou divide o protagonismo com outros heróis. Seja com Luke Cage ou com os Vingadores, seu status de personagem secundário era o máximo que essa “história doida de cidade mística” conseguia chegar pra mim. E aí vem a tal frase de criador desconhecido e mostra o contrário.

O Imortal Punho de Ferro foi uma série de 27 edições que começou em 2007. A série, que reformulou e melhorou muita coisa da mitologia do personagem, foi escrita por Ed Brubacker e Matt Fraction até a edição #16 e depois foi assumida, quase que em todas as 11 edições subsequentes, por Duane Swierczynski. A série foi publicada no Brasil pela Panini em 5 encadernados do Imortal Punho de Ferro: A Última História do Punho de Ferro, As Sete Cidades Celestiais, O Livro do Punho de Ferro, Mortal e Fuga da Oitava Cidade.

 

Punho de Ferro em sua melhor fase: histórias relevantes e “sem enrolação”

 

A série tenta estabelecer o Punho de Ferro como uma grande lenda e um grande herói desde a sua primeira página. Mas ela não faz isso com eventos absurdos que servem para enaltecer o personagem título. Ela faz isso com LEGADO. As primeiras páginas da história, e isso é uma constante em toda a série, brincam com a origem e vida dos antigos Punho de Ferro. Ora, o que engrandece mais um personagem do que mostrar que o manto dele foi usado em diversas eras por outros nobres escolhidos? Isso nos faz entender ainda mais a pressão que Daniel Rand sofre de Kun Lun por ser um Punho de Ferro estrangeiro.

A temática legado e erros do passado são os fios condutores da série. Entender a vida dos outros Punho de Ferro, descobrir novas formas de usar o Chi e outros desafios se apresentam para o portador do título atual. O interessante é que a história, que está sempre em movimento, não tenta em momento nenhum “encher linguiça” para durar mais do que deve. Tudo é fluído e cada página faz a história andar em um ritmo constante e, por muitas vezes, frenético. A mitologia de Kun Lun ganha demais com as histórias e só posso comparar essas adições ao que Geoff Johns faz em sua fase em Lanterna Verde. Novos elementos surgem e são utilizados como temas centrais até hoje.

 

Punho de Ferro e as outras “Armas Mortais”: As Sete Cidades Celestiais Ganham destaque

 

Chama a atenção como a série não erra na introdução de novos elementos. Sejam aliados ou vilões, os personagens possuem carisma e gostar deles nos faz ter aquela sensação de perigo constante – sabemos que o Punho de Ferro não vai morrer, mas tudo pode acontecer com personagens secundários carismáticos. Isso torna a história ainda mais viciante! Daniel Rand também não é endeusado: seus erros são ressaltados e a todo tempo ele é lembrado de que não é Imortal como seu título sugere. Aliás, ele é levado ao limite o tempo inteiro e temos a sensação de que o próprio personagem acha que “não merece estar ali”.

No final das contas, só resta bater palmas! A equipe criativa foi presenteada com um personagem super subestimado e soube trabalhar o mesmo de forma brilhante. Novos elementos e personagens foram inseridos sem deixar de lado os parceiros habituais e, isso talvez seja o mais difícil, bons vilões e ameaças contundentes (nada de plano de Cebolinha) permeiam as páginas do título. Essa é daquelas leituras que deixa um gosto de “quero mais” quando acaba.

 

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