O Homem Invisível (The Invisible Man) | |
Ano: 2020 | Distribuição: Universal |
Estreia: 27 de Fevereiro |
Direção: Leigh Whannell Roteiro: Leigh Whannell (roteiro); H.G. Wells (baseado no livro de) |
Duração: 124 Minutos |
Elenco: Elisabeth Moss, Aldis Hodge, Storm Reid, Harriet Dyer |
Sinopse: Baseado no clássico livro homônimo de H.G. Wells e no filme lançado em 1933, "O Homem Invisível" acompanha a vida de Cecília (Elisabeth Moss) após a misteriosa morte de seu namorado Adrian – com quem vivia um relacionamento abusivo. Cecília descobre que ele lhe deixou uma herança milionária, mas com algumas estranhas condições.
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De maneira elegante e competente, O Homem Invisível está de volta ao gênero de origem
Longa da Universal que estreia nesta quinta-feira, 27 de fevereiro, traz o terror e o suspense de volta à adaptação do clássico de H.G. Wells
por Alexandre Baptista
O Homem Invisível (The Invisible Man, 1933) é um dos grandes clássicos do cinema. Baseado no livro homônimo de H.G. Wells de 1897, o filme ganhou continuações e tentativas de remakes como O Homem Sem Sombra (Hollow Man, 2000), com direção de Paul Verhoeven e Kevin Bacon no papel principal que, infelizmente, nunca chegaram ao status do primeiro.
Nesta nova tentativa da Universal de engrenar seu Dark Universe – o universo dos monstros clássicos como a Múmia, Lobisomem, Frankenstein, Drácula, O Monstro da Lagoa Negra e O Homem Invisível – também chamado de Universo dos Monstros Clássicos da Universal, o longa de Leigh Whannell vai na contramão dos demais remakes e reboots e busca somente inspiração no mote principal da história, focando numa narrativa completamente nova.
Geralmente as novas versões de clássicos acabam tentando trilhar o mesmo caminho narrativo, consertando possíveis inconsistências e atualizando elementos datados. Aqui, Whannell despreza essa linha, contando uma história que, do clássico, tem somente o conceito de um “homem invisível” e a tensão causada por tal ameaça.
Na trama, acompanhamos o desespero de Cecilia Kass (Elisabeth Moss) em se libertar do namorado Adrian Griffin (Oliver Jackson-Cohen), possessivo e paranoico gênio da tecnologia ótica. Quando finalmente consegue sua liberdade, Kass vive uma espécie de síndrome do pânico, em decorrência das ameaças e abusos psicológicos sofridos ao lado do ex-parceiro.
A situação parece melhorar após a notícia de que Griffin cometeu suicídio. No entanto, Cecilia passa a ter a sensação de que está sendo observada, cogitando a hipótese de que ele, de alguma maneira, conseguiu se tornar invisível e forjou a própria morte.
Nesta nova versão, o foco da história acaba sendo muito mais o relacionamento de Cecilia com um namorado abusivo e, até praticamente o terço final do longa, o questionamento – por parte de outros personagens e até mesmo dos espectadores – de que ela talvez esteja tão traumatizada com os eventos sofridos que esteja imaginando esta realidade.
Sim, o longa mostra de maneira gráfica certos elementos que “provam” que Griffin está lá, invisível. No entanto, Tyler Durden também estava em Clube da Luta (Fight Club, 1999).
A metáfora entre o homem invisível e o homem abusivo, que boicota e mina a autoestima de sua vítima pode ser particularmente observada, de maneira profunda e altamente emocional, na cena em que Cecilia Cass vai a uma entrevista de emprego. Ao abrir sua pasta para exibir o portfolio a seu possível empregador, a pasta está vazia. Seu trabalho foi retirado dali pelo homem invisível de sua vida.
Outro ponto positivo do filme é o clima bem construído de tensão, com jump scares muito bem colocados e nada forçados. A construção sonora é muito bem pensada e, mesmo óbvia, apoia o susto de maneira impecável, deixando a plateia no limite o tempo todo.
Um detalhe muito bacana é a forma como Leigh Whannell encaixa uma pequena homenagem ao filme de 1933 em formato de easter egg: na cena no hospital, note um homem entrando de maca, todo envolto em bandagens: clássico e bem pensado.
No elenco, as excelentes Elisabeth Moss de O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale, 2017 – atual) e Harriet Dyer fazem um excelente par de irmãs, com tensão, disputa e fraternidade rapidamente identificáveis. Aldis Hodge faz um ótimo apoio em cena, o policial James, sem roubar o holofote de Moss, servindo perfeitamente no papel de coadjuvante que pode morrer a qualquer momento ou salvar o dia no fim do filme.
A trilha sonora de Benjamin Wallfisch é bastante competente, recheada de elementos clássicos, sem se destacar em nenhum ponto, infelizmente.
Por fim, talvez a obviedade de alguns elementos do terço final tenha deixado o longa um pouco burocrático, especialmente se considerarmos a necessidade da Universal em manter o personagem para seu Dark Universe. Afinal, estamos falando de um vilão de filme de terror – ainda que seja um terror produzido por Jason Blum, da BlumHouse, como Corra! (Get Out, 2017) e Nós (Us, 2019).
Talvez justamente graças a isso o resultado seja uma sólida e premente história sobre a violência, o abuso psicológico e a metáfora dos assustadores e predatórios homens invisíveis que consomem a vida de muitas mulheres por aí.
Arrisco dizer que, finalmente, a Universal conseguiu o primeiro sucesso verdadeiro de seu universo sombrio.
Avaliação: Ótimo
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Trailer
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