Idolatrado anime dos anos 90 está disponível integralmente na plataforma, além dos dois OVAs
por Alexandre Baptista
Neon Genesis Evangelion (Shin Seiki Evangerion, 1995 – 1996) foi uma série animada japonesa – anime – criado pelos estúdios GAINAX e Tatsunoko, dirigida por Hideaki Anno, que revolucionou a mente de muitas pessoas. Entre meus 19 e 21 anos, foi um dos materiais que abriu meus horizontes artísticos, tanto pela qualidade da animação, quanto das reflexões psicológicas propostas no anime. Não é perfeito, mas pra mim está quase lá.
Com 26 episódios, a série deixou muitos fãs frustrados com seu final – assim como outras grandes séries por aí. Os episódios 25 e 26 deixaram muita gente confusa, revoltada e de boca aberta, chamando a produção de incompleta. O famoso “acabou em barranco”. Algumas notícias da época apontam inclusive que Anno foi ameaçado de morte por alguns fãs em função disso.
Os estúdios Gainax então realizaram um OVA – Original Video Animation (o “filme” animado): Neon Genesis Evangelion: Death & Rebirth (Shin Seiki Evangerion Gekijō-ban: Shito Shinsei, 1997). Esse primeiro longa condensava os primeiros 24 episódios da série em uma hora de animação e, na segunda hora, apresentava um novo final, “consertando” os episódios 25 e 26. No entanto, por problemas de orçamento, a segunda parte foi finalizada não exatamente como era a intenção original.
Mais tarde, naquele mesmo ano, foi lançado também The End of Evangelion (Shin Seiki Evangerion Gekijō-ban: Ea/Magokoro o, Kimi ni, 1997). Encarado como um final alternativo, esse segundo OVA teve roteiro do próprio diretor, Hideaki Anno e apresentava duas partes: a primeira, era uma espécie de continuação de Death & Rebirth; a segunda, era uma discussão filosófica, altamente subjetiva, em um cenário pós-apocalíptico que podia estar acontecendo na mente do personagem principal, Shinji Ikari.
The End of Evangelion recebeu prêmios – entre eles o Animage Anime Grand Prix de 1997 – porém teve uma recepção mista entre os fãs. Aguardem em breve nossa crítica aqui no Ultimato do Bacon, com e sem spoilers.
Depois disso, em 1998, houve o Revival of Evangelion: ambos os OVAs foram reeditados em uma forma final. Death & Rebirth foi desmembrado – a parte "Death" se tornou o filme Evangelion: Death (True)2 (Shinseikievu~angerion gekijō-ban, 1998); A parte "Rebirth", que gerou muito de The End of Evangelion, gerou Air/My Purest Heart for You (Air/ ma-gokoro o, kimi ni, 1998) que é basicamente o OVA The End of Evangelion.
A confusão é grande, mas a gente chega lá!
Em 2007, Hideaki Anno encabeçou um novo projeto. Rebuild of Evangelion (Evangerion Shin Gekijōban) foi uma proposta de recontar a história toda, do zero. Como o final original sugere, muitos fãs encararam o projeto até mesmo como uma continuação do anime, uma realidade paralela ou simplesmente uma retcon da história original.
De toda forma, o anime todo está sendo recontado em quatro OVAs, com efeitos, animações e até redesign de alguns dos anjos. São eles Evangelion: 1.0 You Are (Not) Alone (Evangelion Shin Gekijōban: Jo, 2007); Evangelion: 2.0 You Can (Not) Advance (Evangelion Shin Gekijōban: Ha, 2009); Evangelion: 3.0 You Can (Not) Redo (Evangelion Shin Gekijōban: Kyu, 2012) e Evangelion: 3.0+1.0 (Shin Evangelion Gekijōban: ||, 2020), que deve sair no ano que vem no Japão.
E o que mais?
Além disso, a saga teve uma adaptação para os quadrinhos, escrita por Yoshiyuki Sadamoto. Muita gente confunde, acreditando que o mangá “veio antes” porque iniciou publicação em 1994. No entanto, os quadrinhos foram encomendados justamente para impulsionar a série de TV.
A versão em mangá esbarrou no mesmo problema na reta final de “como terminar essa bagunça”, entrando em hiato de publicação no Japão em 2009. A justificativa oficial era de que Sadamoto estava envolvido também na produção capítulo 3 de Rebuild, o que tomava muito tempo do escritor.
Aqui no Brasil, começou a ser publicado pela Conrad em 2001 e, depois do hiato, foi praticamente abandonado pela editora. Ninguém sabe exatamente o que aconteceu.
Fato é que, após um início de atividades promissor, a Conrad passou a prometer muito mais do que cumpria; ter títulos cancelados e outros abandonados. Por sorte a JBC assumiu Evangelion em 2010, lançando uma nova versão da série toda em tankobon (a versão da Conrad era em meio tanko). A grande sacada da JBC, que conquistou diversos fãs, órfãos da coleção original, foi finalizar a mesma no exato padrão gráfico da outra editora, mudando somente o pequeno logo nas lombadas. Perfeito!
Repare o volume 20 (com o logo da Conrad) e o 21 (com o logo da JBC). Digam o que quiserem, mas a JBC realizou um feito editorial de extremo respeito com os leitores.
Tá, e daí, como assisto o que tem na Netflix?
A Netflix disponibilizou hoje em seu catálogo todos os 26 episódios de Neon Genesis Evangelion e os filmes Evangelion: Death (True)2 e The End of Evangelion.
Se você está curioso e empolgado com essa produção, minha sugestão seria assistir exatamente nessa ordem. Todos os episódios na sequência, o filme Death (True)2 e por fim, The End of Evangelion.
Mas se você não está muito afim de conferir tudo, não é lá muito fã de animes e tudo mais, então ver os dois filmes é suficiente. Confira primeiro Death (True)2, que é um excelente resumo da série e depois The End of Evangelion.
Sobre o Rebuild of Evangelion, que não está disponível (ainda) na Netflix, é uma versão diferente. Seria como a animação de Aladdin (1992) e o live-action atual que está nos cinemas. A mesma história, mas com pontos importantes alterados e um final totalmente diferente. Se você curtir o que assistir na plataforma, vá atrás dos novos. Vale a pena pra quem é fã.
Neon Genesis Evangelion
Sinopse: Neon Genesis Evangelion é uma série de ação pós-apocalíptica que gira em torno de uma organização paramilitar chamada NERV, criada para combater seres monstruosos chamados Anjos, utilizando seres gigantes chamados Unidades Evangelion (ou EVAs).

Trailer
Ah, e tudo isso sem falar que nos créditos finais de todo episódio da série tocava a versão de Duet HUE de Fly me to the Moon… mas deixemos pra falar disso na crítica!
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