Maria e João – O Conto das Bruxas (Gretel & Hansel) | |
Ano: 2020 | Distribuição: Imagem Filmes |
Estreia: 20 de Fevereiro (Brasil) |
Direção: Osgood Perkins Roteiro: Rob Hayes |
Duração: 87 Minutos |
Elenco: Sophia Lillis, Sammy Leakey, Alice Krige, Jessica De Gouw, Charles Babalola |
Sinopse: Desta vez, as migalhas nos guiarão por um caminho muito mais sombrio e perturbador. Durante um período de escassez, Maria (Sophia Lillis) e seu irmão mais novo, João (Sammy Leakey), saem de casa e partem para a floresta em busca de comida e sobrevivência. É quando encontram uma senhora (Alice Krige), cujas intenções podem não ser tão inocentes quanto parecem, que eles descobrem que nem todo conto de fadas tem final feliz.
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Maria e João – O Conto das Bruxas adapta de maneira mais sombria o clássico conto
Com uma estética setentista e uma apresentação ligeiramente fora do convencional, longa que estreia nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, nos cinemas nacionais é uma boa surpresa
por Alexandre Baptista
Grandes clássicos da literatura atraem leitores por gerações incontáveis. No entanto, como hoje é mais sabido, de tempos em tempos as obras mais antigas acabaram ganhando versões “atualizadas”, mais em sintonia com a geração a que se destina.
O caso de João e Maria (Hänsel und Grethel, 1812), conto dos Irmãos Grimm que adapta uma história folclórica mais antiga, provavelmente de origem balcânica, não é diferente. A história já ganhou diversas versões animadas, incluindo uma pela Disney chamada Babes in the Woods em 1932.
Maria e João – O Conto das Bruxas não segue pelo lado infantil e edificante da história, nem pela trilha aventuresca e cheia de ação que o longa de 2013, João e Maria – Caçadores de Bruxas (Hansel and Gretel: Witch Hunters) tentou seguir. O longa de Oz Perkins segue por uma trilha ligeiramente distante das produções hollywoodianas, bebendo muito do terror dos anos setenta, especialmente em seu ritmo e ambientação.
A narrativa tem pontos em comum com o conto original mas também absorve elementos de outras histórias, dando características quase inéditas a certas passagens do clássico. Na trama, a mãe de Maria e João, beirando a loucura provocada pela fome e pobreza, expulsa-os de casa após uma tentativa fracassada de Maria em conseguir uma ocupação que pudesse prover algum sustento para o lar.
Abandonados, passam por percalços e encontros – incluindo um caçador – até que se vêem diante da isolada, porém abundante em comida, casa de Holda (Alice Maud Krige).
Apesar de um ou outro jump scare, a tônica deste longa não é esse. Também não é o gore, o visceral – embora haja uma ou outra cena que penda para esse lado. A tentativa aqui é de um certo terror psicológico, com um ritmo mais lento e uma estética onírica, com muitas luzes vermelhas, alto-contraste e jogo de luz e sombra.
Curiosamente, a escolha estética parece ser mais presente e destacada nas sequências de imaginação, sonho ou viagem lisérgica das personagens – Maria e João encontram a casa da bruxa momentos depois de consumirem um cogumelo alucinógeno, provavelmente um Amanita muscaria, pela característica visual apresentada.
A interessante trilha de Robin Coudert faz uso profuso de sintetizadores, lembrando muito a trilha de Vangelis para Blade Runner – O Caçador de Androides (Blade Runner, 1982) ou mesmo a trilha de Krzysztof Penderecki para O Iluminado (The Shining, 1980), aprofundando o clima misterioso da trama, num clima de tensão moderada e incomoda.
O longa tenta ainda incutir alguma correção história ao mito das bruxas, tentando estabelecer uma relação entre as mulheres fortes, independentes e que não se encaixam no status quo social com o poder sobrenatural, os feitiços e poções. No entanto a história escorrega neste ponto justamente por ficar no meio termo e não realizar uma escolha em si.
O roteiro ainda possui outros deslizes incômodos, como a história da “chapeuzinho rosa”, a garota curada pela bruxa e que herdou uma maldição. Quando a narrativa retoma tal conto, inserindo novos elementos nele, em vez de termos a história esclarecida, termina-se com mais pontos em aberto e questionamentos.
Apesar disso, o filme deixa lacunas ambiciosamente em aberto, que possibilitariam a continuidade da aventura, estabelecendo até mesmo espaço para uma franquia neste universo. Infelizmente Maria e João – O Conto das Bruxas não parece ter fôlego nas bilheterias para sustentar essa empreitada.
De maneira geral, apesar de não ser um grande filme de terror, a nova versão do clássico vale ser conferida. É só ter certeza de que as crianças ficaram em casa.
Avaliação: Bom
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Trailer
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