Lady SnowBlood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura – O Ultimato

Em 6 de Jan de 2022 • 6 minutos de leitura
Lady SnowBlood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura - O Ultimato (5)

Se você busca um mangá sobre vingança, com lutas empolgantes e com uma personagem feminina marcante, Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura pode ser uma boa opção – isso se você conseguir “deixar de lado” alguns problemas que a trama possui, vamos falar deles mais a frente!

Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura tem duas adaptações para o cinema (1973 e 1974) e também foi usada, segundo o próprio Tarantino, como inspiração para criação dos filmes de “Kill Bill”. O mangá foi republicado no Brasil em 2021 pela Panini Comics em 4 volumes que contém a obra na íntegra. 

Alerta para o leitor: Infelizmente, a obra de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura utiliza (mal) muitas situações sexuais envolvendo tortura e afins. Pode não ser um mangá adequado para jovens e para outros leitores. Essas situações são recorrentemente (mal) exploradas no mangá – falaremos mais sobre isso. 

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Shura Yuiki, a princesa demoníaca da neve, é a protagonista do mangá Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura

A trama de Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura

Kazuo Koike e Kazuo Kamimura foram absurdamente competentes com a criação do universo de Lady Snowblood. A história acompanha a magnética jornada de Shura Yuiki, uma mercenária, extremamente boa no que faz, que aceita missões por uma quantidade exorbitante de dinheiro. A personagem, além de inteligente e de ser uma exímia lutadora, sabe usar o preconceito que as pessoas têm pelo fato de ela ser mulher para se infiltrar nos locais de suas missões – a exuberante beleza da jovem também ajuda!

O objetivo da protagonista vai ficando claro com o passar das histórias e descobrimos mais sobre sua infância e sobre sua origem, que é ligada ao desejo de vingança de sua mãe – que fez de tudo para conceber a filha na cadeia. A jovem cumpre suas missões e angaria dinheiro para conseguir realizar essa tal vingança. Eventualmente ela conta com a ajuda de uma antiga companheira de cela de sua mãe (que acabou sendo uma 2ª mãe ao criar a jovem).

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Shura Yuiki enfrenta inimigos perigosos em suas missões no mangá Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura

O ritmo imposto no mangá pelos autores é intenso e temos boas contextualizações das missões (e do motivo da busca por vingança) intercaladas com combates de tirar o fôlego.

As grandes habilidades da protagonista são enaltecidas de maneira constante e é interessante vê-la surpreender seus oponentes que frequentemente pensam que uma mulher não é uma espadachim tão boa e que não representam ameaça.

Aliás, essa expectativa errada que os adversários têm no começo dos confrontos com Shura Yuiki gera situações que são facilmente os pontos altos do mangá. Outro ponto que merece destaque é a criatividade da personagem ao se vingar dos alvos que fizeram mal a sua mãe.

Nada de mortes rápidas ou de simples discursos seguidos de golpes com a espada. A vingança é complexa e visa, mais do que matar, quebrar o espírito e a vida do oponente por completo!

Vale ressaltar também que a protagonista não é, como em algumas histórias, uma pessoa boa e honrada em busca de vingança. Trilhar o caminho da vingança faz com que ela mate inocentes sem qualquer remorso – é como se ela mesmo tivesse sido contaminada pelo sentimento de ódio e morte que a rodeia desde quando era um bebê.

Isso acaba criando uma sensação estranha em nós leitores, pois ao mesmo tempo que torcemos para o sucesso da jovem, também nos pegamos discordando de grande parte de suas ações!

Se  Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura fosse só isso, poderia dizer que seria um excelente mangá. Infelizmente, a obra tem um defeito grave…

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Grandes combates estão presentes no mangá Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura

O Grande Defeito de Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura

Os leitores ávidos de mangás já devem ter se deparado, vez ou outra, com a hipersexualização que eventualmente aparecem nas obras japonesas. Sempre gosto de citar o exemplo do incrível mangá Food Wars que, infelizmente, compara o êxtase de comer algo gostoso com o ápice sexual e se utiliza disso para mostrar personagens em poses e situações que, no mínimo, nos tiram da leitura e são de péssimo gosto.

Em Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura o problema é um pouco pior e fica a sensação de que a personagem principal precisa, constantemente, se ver em situações onde fica nua, é quase violentada sexualmente e afins.

O absurdo máximo acontece quando um “vilão” diz que seu órgão sexual é muito grande e grosso e que vai matar a personagem penetrando-a com o mesmo. A coisa piora e após derrotar o malfeitor, ela decide dá-lo uma morte feliz ao prender os membros do mesmo em suas coxas e fazê-lo gozar – logo depois o personagem morre…

Infelizmente situações como essa são recorrentes no mangá, seja com tortura sexual ou personagens que parecem ter 15 anos e apresentam grandes “expectativas” quanto a potência sexual que possuem.

O pior é que nada disso serve a trama e parece sexualidade gratuita colocada ali apenas para chocar, vender ou algo do gênero.. Uma pena ver uma história tão envolvente ser prejudicada por esse tipo de recurso narrativo. 

A sexualidade pode e deve ser explorada mas, na minha opinião, não desse jeito deturpado e fora de contexto (para não dizer absurdo) – e os autores parecem saber usar esse recurso de um jeito interessante e inteligente em algumas passagens (observe a missão que mostra a protagonista seduzindo uma jovem para cumprir sua vingança). Pena que não façam dessa forma frequentemente…

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A vingança é o grande objetivo da protagonista no mangá Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura

Vale a pena ler Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura? 

Apesar de ter uma trama magnética e envolvente, Lady Snowblood de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura sofre por conta do mau uso da sexualidade e da criação de situações absurdas envolvendo essa temática. Ainda que a história seja interessante, esse problema (na minha opinião) falou mais alto e não consegui “curtir” a leitura da forma que gostaria. 

Sempre incentivamos que o leitor consuma o material para tirar suas próprias conclusões e dito isso, vale salientar que na minha opinião a leitura não valeu a pena. Queria ter conseguido explorar mais na leitura essa relação de amor e ódio com a protagonista (que possui uma missão justa mas que age de maneira tão vil quanto os homens dos quais quer se vingar) mas isso acabou ficando em segundo plano.

Se você conseguir se desprender desses absurdos, pode ser que a leitura seja sim extremamente divertida e válida para você!

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Avaliação: Regular!.

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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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