Kursk – A Última Missão (Kursk) | |
Ano: 2018 | Distribuição: Paris Filmes |
Estreia: 09 de Janeiro de 2020 (Brasil) |
Direção: Thomas Vinterberg Roteiro: Robert Rodat (roteiro); baseado no livro de Robert Moore |
Duração: 117 Minutos |
Elenco: Matthias Schoenaerts, Léa Seydoux, Peter Simonischek, Max von Sidow, Colin Firth |
Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme narra a explosão e o naufrágio do submarino russo Kursk no ano de 2000. Os tripulantes precisam sobreviver às águas geladas do Mar de Barents enquanto esperam por um resgate que pode não chegar por causa do descaso das autoridades.
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Kursk – A Última Missão romanceia a trágica história do submarino russo
Longa que estreia hoje, 09 de janeiro, narra de forma angustiante o acidente ocorrido em 2000
por Alexandre Baptista
Ao exemplo do acidente nuclear da usina de Chernobil, outras tragédias e crimes humanos têm despertado o interesse de autores e cineastas na adaptação de suas narrativas.
Kursk – A Última Missão, tem como mote o acidente ocorrido com o submarino russo classe Oscar II, o K-141 Kursk.
Como toda adaptação baseada em fatos reais, o longa de Thomas Vinterberg toma certas liberdades em função de apelos emocionais, como a criação de alguns personagens como Vladimir Petrenko, almirante competentemente representado por Max Von Sydow que jamais existiu – embora tenha sido inspirado no almirante Vladimir Kuroyedov e, mais notoriamente, Mikhail Averin representado por Matthias Schoenaerts e vagamente inspirado no capitão-tenente Dmitri Kolesnikov.
O longa possui belas atuações, especialmente de Léa Seydoux, no papel de Tanya Averina e a participação de Pernilla August como Oksana, que reforçam o peso dramático dado aos fatos.
No entanto, os “fatos” funcionam somente para o filme e não correspondem totalmente ao que ocorreu na vida real. A narrativa do longa é totalmente maniqueísta e mostra um embate entre a marinha russa – que faz as vezes de vilã, sem nenhum apreço pela vida de seus marinheiros, pelas famílias, pela verdade, apegada a um passado bélico de mais abastança, agora obsoleta, orgulhosa e estúpida; e a ajuda internacional, liderada pela marinha real inglesa – que faz as vezes de heroína, nobre e incorruptível, valorizando a vida humana e o respeito pela irmandade estabelecida pelos homens do mar.
Um terceiro elemento é o do “bom selvagem”, o marinheiro russo, cego no cumprimento do dever com seu país e embriagado pelo espírito de Homem do Mar.
A narrativa apela repetidas vezes para essa representação: a explosão que poderia ter sido evitada se o superior autorizasse o disparo antecipado do torpedo; o sucateamento da marinha russa, ordenada de cima; a tomada de consciência de oficiais que acabam sendo substituídos a mando dos superiores obtusos; o novato que acaba condenando a todos porque teve um treinamento ruim em função do abandono governamental à marinha; a comunidade pobre da vila, unida e revoltada com as mentiras do governo.
O longa, baseado no livro A Time to Die: The Untold Story of the Kursk Tragedy (2002) de Robert Moore, segue a cartilha do seriado Chernobyl (2019 – atual). Porém, ao contrário do acidente nuclear, que teve bastante documentação das sucessivas tentativas de se evitar uma catástrofe anunciada, o evento com o submarino até hoje levanta dúvidas e suspeitas.
Há dúvida sobre quanto tempo os 23 sobreviventes das explosões permaneceram vivos no submarino. O filme indica dias; alguns relatórios apontam questões de horas. E outras disparidades que não cabem serem elencadas nesta crítica.
Seja como for, a beleza de termos uma obra cinematográfica é sua característica artística e seu descompromisso com a verdade. O perigo disso é que o espectador tome uma obra assim como fato, como História. Não é.
Longe disso, é uma narrativa angustiante de uma trágica história, vagamente baseada em fatos reais.
Como cinema, é uma obra competente, com uma bela fotografia, um enquadramento sufocante e uma edição que favorece esse tipo de filme. Tem alguns problemas de ritmo em alguns momentos e sofre com uma trilha sonora um tanto genérica. E só.
Apesar de não ser imperdível, também não é um filme em que se perde o ingresso. Vale especialmente para os afeitos do gênero. Mas se você tiver algo mais interessante em sua lista, dispense sem peso na consciência.
Avaliação: Bom
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Trailer
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