A origem de Frank Castle já foi interpretada de diversas formas nos quadrinhos e nas telonas. Algumas dessas origens retratam Castle como sendo um soldado maníaco que buscava a guerra e outros mostram sua missão como uma resposta direta e “simples” à morte de sua família. Justiceiro Ano Um de Dan Abnett e Andy Lanning conta com a arte de Dale Eaglesham e é – para mim – a melhor história de origem do personagem. Ela retrata as etapas que Castle passa até decidir que o Justiceiro é o único caminho viável – e isso dá uma carga dramática completamente diferente para sua jornada.
Justiceiro Ano Um de Dan Abnett e Andy Lanning foi originalmente lançado em 1994 em uma minissérie em 4 partes. A HQ chegou ao Brasil pela primeira vez em uma minissérie em duas edições da Editora Abril (1996) e retornou em uma versão capa dura da Panini Comics (2019) que compilava toda a história na íntegra.
Dica para o leitor: Quer mais histórias memoráveis de Castle? Confira nossos reviews sobre as incríveis: Justiceiro Mãe Rússia, Justiceiro O Soviético, Justiceiro Zona de Guerra e Justiceiro Retorno ao Grande Nada
A violência tradicional das aventuras de Castle está presente em Justiceiro Ano Um de Dan Abnett e Andy Lanning
A Trama da HQ Justiceiro Ano Um de Dan Abnett e Andy Lanning
Dan Abnett e Andy Lanning criam uma trama que não trata da fúria do Justiceiro e sim de como ela se forma. Podemos dizer que Castle é – no decorrer de toda a história – um desafortunado que é usado por todos: a máfia quer matá-lo por ser uma ponta solta, a polícia não consegue resolver a morte de sua família pois tem “dívidas” com os grandes mafiosos, os jornalistas querem abusar de sua sofrida história para ganhar prêmios e vender jornal.
Durante boa parte da HQ o protagonista é o sistema quebrado no qual vivemos. É nele que os fracos e oprimidos parecem nunca conseguir ajuda e acabam entrando em uma espiral de desespero e sofrimento que é simplesmente interminável. Castle – se não fosse um soldado cheio de recursos – estaria fadado a ter o mesmo destino das outras pessoas.
E é aqui que reside a força da história: até o momento que o protagonista decide se rebelar e usar a força bruta ele agia como qualquer um de nós. Ele tentou esperar a polícia resolver o problema – o que não aconteceu. Ele tentou ir aos jornais para chamar a atenção para sua história – também não funcionou.
É depois de tudo isso que o Justiceiro entra em cena – e isso só acontece no final da HQ!
Castle enlouquece após perder sua família em Justiceiro Ano Um de Dan Abnett e Andy Lanning
Apesar das cenas de ação estarem muito boas e trazerem um Justiceiro implacável e impiedoso (do jeito que o leitor gosta!), o que torna a obra de Dan Abnett e Andy Lanning realmente especial é a carga dramática que ela tem.
A leitura é fluída e o leitor acaba vendo a trágica história de Castle pela ótica de outros personagens: policiais, mafiosos e até jornalistas. Para os fãs da Casa das Ideias, ainda temos pequenas participações de personagens como o Homem-Aranha – mais um fã service do que qualquer outra coisa mas funciona bem.
A arte de Dale Eaglesham é perfeita para a proposta da HQ – principalmente nas cenas de ação. O fato de termos uma arte mais próxima ao que tradicionalmente encontramos nos comics americanos ajuda a fazer com que essa trama chegue fácil para qualquer leitor.
Aliado a arte, precisamos elogiar o ritmo da narrativa que é simplesmente perfeito: tem o número de páginas ideal e sabe dosar bem ação, cenas dramáticas e momentos de tensão.
A solução definitiva é encontrada por Castle em Justiceiro Ano Um de Dan Abnett e Andy Lanning
Justiceiro Ano Um de Dan Abnett e Andy Lanning é uma leitura que tem o poder de fazer o leitor refletir sobre os motivos de Castle de forma mais profunda. Ele não é um louco obcecado por guerra e nem uma pessoa que enxergou a violência como a sua primeira alternativa.
Ele é uma vítima desde o momento em que sua família é morta até o momento em que decide parar de deixar que outros abusem de sua dor e toma as rédias da situação. O ponto da HQ não parece ser nos fazer concordar com Castle, mas sim entender como ele chegou ali.
Pode não ser a trama mais violenta do anti-herói mas certamente é uma das que apresenta maior carga dramática e maior capacidade de mostrar algo real para o leitor.
Quer conhecer histórias completamente doidas do Justiceiro? Confira nossa matéria 4 Fases (MUITO) Bizarras do Justiceiro
Avaliação: Excelente!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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