Conheça a saga que mudou para sempre a história do Juiz Dredd e de Mega-City Um em: A Guerra do Apocalipse
Juiz Dredd A Guerra do Apocalipse (1981-1982) é considerada a primeira grande saga do Dredd, policial, juiz, júri e executor de Mega-City Um. É precedida pelo arco Condomania, que saiu nas edições de números #236 a #244 da lendária revista britânica 2000 AD, entre outubro e dezembro de 1981.
Os roteiros são de John Wagner e Alan Grant sob o pseudônimo conjunto de T. B. Grover. Na arte, Steve Dillon (Preacher), Brian Bolland (A Piada Mortal), Ron Smith e Mike McMahon.
A Guerra do Apocalipse saiu em 25 partes, nos números de #245 a #270, se estendendo até junho de 1982. O roteiro é de T. B. Grover e a arte do espanhol Carlos Ezquerra.
A colorização foi feita por Charlie Kirchoff. Para quem está conhecendo o anti-herói magistrado agora, as histórias dele saíam tradicionalmente em seis páginas por semana, periodicidade da 2000 AD.
O arco A Guerra do Apocalipse, além de ter acontecimentos apoteóticos e ser determinante para o futuro de Mega-City Um – metade da população é dizimada –, marca o reencontro dos criadores do personagem na revista, Wagner e Ezquerra, das linhas irregulares que marcaram as HQs britânicas.
Em 2021, a editora Mythos lançou a saga em cores na coleção Juiz Dredd – Essencial, com 228 páginas.
Na série de encadernados Os Casos Completos – que segue a publicação desde o início em ordem cronológica –, A Guerra do Apocalipse estará presente no quinto volume, caso a Mythos siga acompanhando a publicação original.
A condomania faz a violência em massa eclodir desde as primeiras páginas
Qual a trama de Juiz Dredd A Guerra do Apocalipse?
Condomania tem início com Melda Dreepe, moradora do condo Dan Tanna, recebendo uma gelicasquinha – tipo de sorvete – na cabeça. Ela culpou os “imundos do condo Blyton.” As reuniões dos comitês de condomínios eram normalmente vazias – com participação opcionalmente física ou remota –. Os 6 mil lugares do salão do Dan Tanna, porém, estavam ocupados naquele dia. E dá mesma forma que Melda, todos os moradores estavam se sentindo agressivos.
Estranhamente e sem motivação alguma, um cidadão sugeriu declarar a “Guerra de Condos”. A proposta foi aprovada por unanimidade e o primeiro alvo seria o condomínio Enid Blyton. Mas, instantaneamente, os outros condos tomavam a mesma decisão, o que rapidamente se desdobrou em uma guerra entre seis unidades.
As lutas eram violentas. Além do ódio entre os moradores, cada condomínio possuía uma “CivDef” armada, responsável pela defesa de sua região. A partir de então, acompanhamos a guerra tomando mais e mais condos, com poucas ações efetivas por parte dos magistrados, que apesar de a resposta violenta, não eram suficientes para conter toda a população.
O comportamento condomaníaco era inexplicável. A equipe de cientistas estatais não encontrou nada na água ou no ar que pudesse ter contaminado os cidadãos.
Descobriremos, porém, que a destruição dos condos estava ligada aos planos de Mega-Leste Um – equivalente e grande rival da Mega-City Um na Rússia –. O ataque dos sovs começa com a explosão de bombas nucleares, seguida da inundação da borda marítima oriental por meio da destruição da muralha do Atlântico.
Tudo será agravado com uma invasão liderada pelo sov “Cachorro Louco”. Enquanto isso, os cidadãos de Mega-City Um continuam lutando entre si. Cabe ao Juiz Dredd assumir o protagonismo das ações, contando com a ajuda inesperada de seu robô Walter, que serve de alívio cômico, e outros importantes aliados.
Os líderes sovs haviam delineado cada passo da Guerra do Apocalipse para surpreender Mega-City Um
Vale a pena ler?
Juiz Dredd: Origens (2006) e América (1990, 1996, 2006) podem ser opções melhores para conhecer o cerne do personagem. Mas A Guerra do Apocalipse é uma das mais impactantes histórias do Juiz Dredd, com clima apocalíptico e distópico muito bem construído.
Se Mega-City Um era o registro de uma civilização degradada e desprovida de justiça – nos termos atuais, claro –, neste arco temos a mesma cidade totalmente arrasada pela guerra, apostando as últimas fichas em estratégias militares para a inversão do caos instalado.
A condução é feita ao longo das diversas partes, desde Condomania até a guerra de fato. Vamos entrando página por página no apocalipse até que nos damos conta do estágio devastador em que tudo se encontra, e com a percepção de termos testemunhado na íntegra uma longa guerra e suas intrigas.
Algumas ironias da obra do Juiz Dredd não são tão fáceis em A Guerra do Apocalipse, sobretudo para quem não conhece o personagem, o que permite a impressão inicial de que a HQ apenas siga padrões da indústria cultural do período da Guerra Fria – não que ela também não se situe nesse lugar –.
Se na época de sua criação o medo de uma guerra nuclear era permanente, mais do que nunca sabemos que tal rastilho estará sempre em vista.
E oras, qual a vantagem de a medicina aumentar a expectativa de vida para 120 anos em uma sociedade hiperpopulosa com desemprego acima dos 90% e índices de criminalidade inigualáveis? Os números na HQ podem ser extremos, mas os problemas possíveis, reais ou simbólicos. Vale a pena pensarmos.
Por isso, A Guerra do Apocalipse tem a potência de uma space opera – mesmo sendo em terra –, a melancolia do inverno nuclear, e a apresentação de questões morais e éticas de interesse dos futurologistas – e nosso –, resultando em uma saga incrível.
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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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