Homem-Aranha no Aranhaverso – O Ultimato

Em 14 de Dez de 2018 • 6 minutos de leitura
Homem-Aranha no Aranhaverso (Spiderman: Into the Spider-verse)
Ano: 2018 Distribuição: Sony Pictures
Estreia: 10 de Janeiro de 2019 (Brasil) Roteiro: Phil Lord
Direção: Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman
Duração: 117 Minutos  Elenco: Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Lily Tomlin, Zoë Kravitz, John Mulaney, Kimiko Glenn, Kathryn Hahn, Nicolas Cage, Liev Schreiber, Chris Pine

Sinopse: “Mordido por uma aranha radioativa no metrô, Miles Morales, adolescente do Brooklyn, de repente desenvolve poderes misteriosos que o transformam no único Homem-Aranha. Quando ele conhece Peter Parker, ele logo percebe que há muitos outros que compartilham seus talentos especiais e ambiciosos. Miles agora deve usar suas habilidades recém-descobertas para combater o malvado Rei do Crime, um louco desmedido que pode abrir portais para outros universos e extrair versões diferentes do Homem-Aranha para o nosso mundo.”

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Homem-Aranha no Aranhaverso é o melhor filme de super-heróis já feito

Sony acerta a mão e entrega longa primoroso, com roteiro digno de live action e qualidades técnicas impressionantes

Por Alexandre Baptista

 

Geralmente os estúdios são os grandes vilões dos filmes de super-heróis nos bastidores. Cortes no orçamento, censura de cenas para adequação de classificação etária, mudança de equipes criativas por qualquer motivo que seja… tudo se resume na fórmula “estúdio tem medo de perder dinheiro + estúdio acha que de outro jeito vai ganhar mais dinheiro = visões criativas retalhadas, distorcidas e, geralmente, transformadas em um filme ruim”.

No entanto, vez ou outra, alguns projetos passam batido. Os criadores acabam tendo mais liberdade criativa e o público recebe pérolas históricas. Seja porque o diretor brigou pelo longa e apostou o próprio pescoço nisso (como James Cameron fez por Titanic); seja porque o personagem principal não era tão conhecido (como Deadpool, por exemplo); seja porque o projeto é uma “simples animação” como é o caso de Homem-Aranha no Aranhaverso.

Sim, eu sei que um projeto com o orçamento de US$ 90 milhões não é um projeto “B” do estúdio. Mas considerem que Homem-Aranha: De Volta ao Lar teve um orçamento de US$ 175 milhões em comparação: quase o dobro, simplesmente por ser live action e infelizmente não ser nem metade do que a “simples animação” é.

A qualidade de escrita do roteiro de Phil Lord é digna de grandes filmes de super-herói, comparável a Superman: O Filme, Vingadores: Guerra Infinita, Watchmen e Homem de Ferro. As interpretações vocais de Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Lily Tomlin, Zoë Kravitz, John Mulaney, Kimiko Glenn, Kathryn Hahn com destaques especiais para Nicolas Cage (Aranha Noir), Liev Schreiber (Rei do Crime) e Chris Pine (Peter Parker) são incríveis: Cage entrega o seu melhor, como sempre, com uma canastrice perfeita para o Aranha Noir; Liev Schreiber (o Dentes-de-Sabre de Wolverine, A Origem) está irreconhecível usando um registro grave de voz e Cris Pine entrega uma voz perfeita para Parker, que em nada lembra Steve Trevor em Mulher-Maravilha.

Mas o que realmente pega de surpresa é o nível técnico da animação: impressionante. Atentem para o termo usado no texto. IMPRESSIONANTE. É o mesmo termo que usei em minha cabeça quando vi Akira ou a abertura de Thundercats pela primeira vez na década de 80. A variação de estilos usados no longa é gigantesca e feita de uma forma tão fluida que é quase imperceptível. Ok, imperceptível é exagero. Mas a verdade é que edições rápidas e incessantes geralmente cansam o expectador. E aqui não. As mudanças visuais são utilizadas em favor da história, dentro de um contexto, e trazem o expectador para junto de si. Do hiper-realismo extremamente bem renderizado às animações dos anos 60; do anime mecha/shoujo ao police/sci-fi; do graffiti à retícula de impressão. Vários estilos se mesclam de forma instantânea e dinâmica, num visual extasiante e vivo que por vezes te deixa em dúvida: naquele frame ali, era animação ou fizeram captura de imagens em live action?

A trilha sonora também colabora enormemente, sendo viva e empolgante, e refletindo na maior parte do tempo o gosto musical de Miles Morales, jovem morador do Brooklyn e novo Homem-Aranha. As escolhas casam perfeitamente com o clima do filme que não disfarça ou esconde o passado cinematográfico do personagem.  Ao contrário, o roteiro abraça os longas já produzidos, fazendo referência principalmente à trilogia original da Sony capitaneada por Sam Raimi e com Tobey Maguire no papel do teioso, aumentando a familiaridade do público com a história contada ali. Apesar de muitos conhecerem os quadrinhos, o grande público está mais familiarizado com as versões do cinema e a animação acerta em não recontar a origem de Peter Parker como Homem-Aranha, assumindo as versões prévias como amplamente conhecidas.

Essa decisão abre espaço para duas coisas importantíssimas: a primeira, que o longa já começa na ação, com um Homem-Aranha plenamente desenvolvido e mostrando seu potencial ao público; a segunda, que a história de origem de Miles Morales como Homem-Aranha possa ser contada em paralelo, sem ser apressada por uma urgência de um segundo ato por vir.

A animação é uma história de origem e ao mesmo tempo não é, fazendo com que a velha fórmula da jornada do herói não seja tão batida. Ou que seja ainda mais batida. Na verdade, o roteiro abusa da premissa de “história de origem” descaradamente. Faz piada disso e, em vez de disfarçar essa necessidade da indústria de “contar como foi” nos mínimos detalhes, abraça essa repetição – que é praxe não só nas histórias do Cabeça-de-Teia, mas de todo super-herói na realidade – mostrando que é possível ser original ainda que estejamos caminhando sobre a mesma estrutura.

Homem-Aranha no Aranhaverso consegue ser emocionante, e digo REALMENTE emocionante em algumas cenas pessoais de Miles (que não vou descrever para não estragar as surpresas), algo raro pra mim em filmes de super-heróis. Coroando a sessão “malditos ninjas cortadores de cebolas”, a participação de Stan Lee, uma das últimas da história, tem um sabor especial, com um toque de esperança, humor e saudosismo.

Detalhe divertido para quem curte easter eggs é a lista de nomes que aparecem nas telas de celulares da animação: homenagens a diversos criadores que passaram pelas páginas das HQs do Aranha, com destaque para Steve Ditko (ilustrador que ao lado de Stan Lee criou o personagem) e Brian Michael Bendis (criador de Miles Morales, que aparece como B. Bendis na tela do celular do herói).

Homem Aranha no Aranhaverso está indicado ao prêmio de melhor animação no Globo de Ouro [ATUALIZADO: o longa levou o Critic’s Choice Award, o New York Film Critics Circle Award, o Globo de Ouro, o BAFTA e o Oscar como Melhor Animação e o Prêmio do Sindicato de Produtores da América – Outstanding Producer of Animated Theatrical Motion Pictures] e estreia 10 de janeiro de 2019 no Brasil. Um dos ingressos, já vendido, corresponde ao meu lugar garantido na estreia dessa obra-prima que vale ser vista novamente.

 

 

Avaliação: Excelente!

 

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Trailer

 


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