Em agosto de 2022 a Editora New Order, responsável pela publicação de Spawn no país, lançou um título que me deixou animado! HellSpawn é uma série dos anos 2000 que traz roteiros de Brian Michael Bendis e Steve Niles e artes de Ashley Wood e Ben Templesmith. Outros grandes nomes da indústria, como Bill Sienkiewicz, também participaram da série.
HellSpawn de Brian Michael Bendis e Steve Niles me animou por trazer grandes nomes da indústria e por ser uma série fechada de “apenas” 16 edições. A New Order lançou um grande encadernado com mais de 400 páginas com todo o material original – parece um bom ponto de partida para novos leitores, certo?
Infelizmente essa não é a realidade. A série de Brian Michael Bendis e Steve Niles demanda um volume considerável de informações anteriores (quem são os personagens e em que ponto eles estão, o que aconteceu previamente…) e vamos falar um pouco da experiência de leitura. Os roteiros até ousam, mas na minha opinião não conseguem entregar algo relevante e interessante.
HellSpawn de Brian Michael Bendis e Steve Niles traz uma arte diferente que tenta dar um clima de terror mais latente para a série.
A trama de HellSpawn de Brian Michael Bendis e Steve Niles
De maneira geral a série traz Spawn tendo que lidar com “duas ameaças distintas”. A primeira, ainda na fase Bendis, mostra ele tendo que lidar com seu inimigo recorrente, o palhaço Violador, e o impacto que ele está causando nas pessoas com sua influência maligna.
Enquanto lida com essa ameaça o nosso herói infernal ainda precisa encarar Cy-gor. O gorila ciborgue retornou e está mais incontrolável e perigoso do que nunca. Acha pouco? Vale mencionar então que no meio dessas duas ameaças ainda temos a chegada de seres celestiais que querem descobrir o que aconteceu com Ângela (um antigo ser celestial que enfrentou Spawn nos seus primórdios).
Essas tramas mais tradicionais se fecham e dão espaço posteriormente para uma nova trama que trata do surgimento de uma perigosa demônia no nosso plano. A personagem nasce de um erro cometido por Spawn e seu objetivo é fazer com que o soldado do inferno assuma o trono que está vago desde a morte de Malebolgia. A trama, que tem ares (e até alguns elementos gráficos) de Hellboy,é disparada a mais interessante do encadernado.
O soldado do inferno lida com ameaças antigas e novas na série HellSpawn de Brian Michael Bendis e Steve Niles
A série HellSpawn traz alguns pontos válidos que realmente funcionam. O clima de terror é bem mais presente e soturno do que na série original e a arte de Ashley Wood e Ben Templesmith casa maravilhosamente com essa proposta. As tramas apresentadas também parecem querer se afastar do gênero dos super-heróis e mergulhar no terror.
Spawn parece mais perturbado e perdido do que nunca nessas histórias – obviamente ele segue tentando fazer a coisa certa mas é perceptível que suas falhas, erros e jeito pouco ortodoxo tendem a causar muitos problemas. Isso só torna o soldado do inferno mais interessante como protagonista.
Infelizmente não tenho muita coisa boa para adicionar além disso.. A sensação é que os roteiristas quiseram “enfeitar” muito as tramas que são – de maneira geral – simples e diretas. Não é uma crítica, afinal tramas simples e diretas funcionam. O problema para mim é que essa simplicidade parece que foi “maquiada” com uma camada de subtramas e formas de narrativa que são confusas e, sendo muito honesto, se tornam até meio enfadonhas.
Essa sensação é mais presente nos primeiros arcos que se relacionam mais diretamente com inimigos antigos do personagem – o último arco (Mundo Infernal) é meu favorito justamente porque é mais direto na sua proposta e demanda pouquíssima carga de leitura prévia.
O Soldado do Inferno está mais ameaçador do que nunca em HellSpawn de Brian Michael Bendis e Steve Niles
Infelizmente HellSpawn de Brian Michael Bendis e Steve Niles não foi uma boa leitura para mim. Estava bem empolgado com a chance de ler algo “fechado” do personagem que envolvia tantos nomes famosos e bons. Talvez a minha expectativa tenha me traído porque logo nas primeiras edições da série percebemos que é preciso conhecimento prévio do universo do herói – ou seja, não é uma boa pedida para iniciantes ou pessoas, que assim como eu, estão desconectadas desse universo há muito tempo.
Li toda a série antiga da editora Abril mas já faz anos que eu não tinha contato com o herói, então alguns nomes de personagens me soavam familiares mas eu não lembrava exatamente da jornada deles (o que impacta bastante na leitura).
Fica a dica: relembre as jornadas de Jason Wynn, Cy-Gor e Ângela para ter uma leitura mais interessante.
O maior “balde de água fria” não foi a minha falta de memória sobre alguns personagens e sim a forma como a história é contada. Os roteiristas parecem querer dar uma camada “filosófica” ou “complexa” para a história que simplesmente não encaixa. Alguns formatos propostos, como leituras de grupos de chat e afins, chamam a atenção no começo mas se provam pouco relevantes ou inúteis com o passar do tempo. Acredito que essas mesmas tramas com esse mesmo clima de terror funcionam muito melhor com um roteiro mais enxuto e direto.
Se você é fã do Spawn, a leitura pode ser uma boa pedida e recomendo que você leia para tirar suas próprias conclusões – com uma expectativa diferente e com um apego maior a esse universo a história talvez funcione melhor.
Se você não é fã ou não conhece o universo do Soldado do Inferno e quer conhecer, não recomendo começar por aqui. A busca pela antiga coleção da Abril ou pelas edições “Spawn – Origem” #1 – #2 ainda são os melhores caminhos.
Avaliação: Regular!
Compre HellSpawn de Brian Michael Bendis e Steve Niles Clicando na Capa Abaixo:
Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
Compre pelo nosso link da Amazon e ajude o UB!