Happy de Grant Morrison é uma excelente série batizada no Brasil como Feliz!
Happy de Grant Morrison designa tanto a HQ original do autor e Darick Robertson de 2012, publicada em quatro partes, quanto a série baseada nela, intitulada como Feliz! pela Netflix.
Um daqueles raros momentos em que uma adaptação ultrapassa a obra original, conforme mencionei no Ultimato da 1a temporada, ela tem Christopher Meloni e Patton Oswalt, nos papéis principais.
Com apenas 2 temporadas – a segunda estreou com a série já cancelada pelo SyFy – Happy de Grant Morrison, que conta a história do ex-policial Nick Sax, é um presente aos fãs de seriados alucinados e pouco preocupados com o politicamente correto e a normatização vigente.
De maneira corajosa, ácida e bastante metafórica, a história expõe – principalmente na primeira temporada – os bastidores dos altos círculos da fama e do dinheiro, envolvendo sexo, drogas, tráfico sexual infantil, pedofilia e muito mais.
Sim, eu sei. Num momento em que a realidade parece mais chocante que qualquer seriado, por que assistir a algo assim? Pra aplacar a sensação de impotência, meus amigos e amigas. Ver Nick Sax socando a cara de pervertidos até sobrar uma farofa úmida de sangue e ossos é extremamente satisfatório e relaxante.
.
Happy de Grant Morrison – apego emocional
Outra questão é a íntima relação pessoal que tenho com o amigo imaginário da filha de Sax, o personagem-título, Happy (não, não vou chamá-lo de Feliz. O título-nome não pegou por aqui… nem a editora da HQ no Brasil, a Devir, usa ele!). Na época em que assisti a primeira temporada e comecei a escrever a primeira crítica ao seriado, sofri um infarto. E comecei a ver o amigo imaginário da minha filha.
Brincadeira. Será? Fato é que muitos que me conhecem estão convencidos de que eu morri e “outro Alexandre” voltou dos mortos e está em meu lugar. Bem em sintonia com os aspectos nonsense da série.
Mas tá, preciso convencer vocês a assistirem a coisa.
.
Happy de Grant Morrison – a trama
.
“No enredo, acompanhamos Nick Sax, um ex-policial alcóolatra que agora trabalha por contrato, como atirador e capanga de aluguel, que de repente se vê frente a frente com um unicórnio falante chamado Feliz, amigo imaginário de uma garotinha que foi sequestrada. Diversas teias e conspirações acabam fazendo com que a dupla Sax-Feliz permaneça junta (a contragosto) e acabe trabalhando para libertar a pequena em perigo das mãos do terrível Papai Noel Mendigo que a sequestrou.”
Na segunda temporada – pule o parágrafo se não quiser spoilers da primeira temporada:
“Nick Sax [é] agora pai de uma menina muito decidida e traumatizada pelos eventos sofridos na mão do Papai Noel Mendigo. Alcoolatra em remissão, decidido a ser um “bom exemplo”, Sax não pega mais os trabalhos de assassino de aluguel, mercenário ou o que quer que seja, sendo um típico taxista nova-iorquino (viva o estereótipo). Só que a Páscoa está chegando e com ela acontecimentos que irão chamar Sax de volta à ativa.”
Happy de Grant Morrison segue fielmente tudo o que está na HQ original. E avança. Como mencionei antes, o autor deu um jeito de trabalhar e desenvolver melhor personagens na série do que na HQ e coisas que são pouco ou nada explicadas acabam ganhando sentido e profundidade. Isso além de novas sub-tramas e personagens.
Na segunda temporada (confira nossa crítica completa aqui), como é típico do autor em seus nada convencionais quadrinhos – veja a lista com as melhores HQs de Grant Morrison – o escocês simplesmente chuta pra longe qualquer pé no tradicional que a série tivesse e extrapola o nonsense – o que talvez tenha causado a queda de audiência e cancelamento.
Apesar disso tudo, a qualidade técnica da série é muito alta, seja na renderização do unicórnio Happy e outros personagens imaginários ou em demais cenas. A produção é incrível e dá ares de obra Hollywoodiana, bem diferente do que estamos acostumados como “série de TV”.
Happy de Grant Morrison é, no entanto, um gosto adquirido. Se você não está acostumado com esse tipo de humor ácido, viagem maluca ou falta de pudores e coesão, comece por algo mais clássico como o filme Os Reis do Iê-iê-iê (A Hard Day’s Night, 1964) dos Beatles e depois vá subindo por Submarino Amarelo (Yellow Submarine, 1968) e daí pras armas pesadas como “qualquer coisa” do Monty Python, por exemplo.
Agora, se você já está acostumado com esse tipo de “gritaria, porrada, chute na cara e dedo no c*”, tenha um feliz Natal seu filho da p*.
Happy de Grant Morrison está na Netflix!
Trailer:
O que achou das dicas de hoje?
Fique ligado no Ultimato do Bacon todas as sextas-feiras para mais Dicas de Streaming!
Créditos:
Texto e Edição: Alexandre Baptista
Imagens: Reprodução
Texto publicado originalmente em 21 de agosto de 2020.
Compre pelo nosso link da Amazon e ajude o UB!