Ghostbusters Mais Além, dirigido por Jason Reitman, estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 18 de novembro de 2021.
Ghostbusters Mais Além – introdução
Quem você vai chamar? O número de telefone 555-2368 se tornou um clássico desde que o filme Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters) de 1984 estreou.
No Brasil, pra muita gente, o caminho pareceu inverso, talvez porque a animação de 1986 tenha feito sucesso antes e, a partir dela, o filme tenha ganhado relevância, quando sua sequência nos cinemas, Os Caça-Fantasmas 2 (Ghostbusters II, 1989) já estava prestes a estrear.
No campo das animações, ainda havia a celeuma entre
- The Real Ghostbusters, a animação exibida pela Rede Globo, derivada oficialmente da franquia dos cinemas e batizada no Brasil de Os Caça-Fantasmas;
- e Ghostbusters, depois chamada de The True Ghostbusters e por fim Filmation’s Ghostbusters, exibida pelo SBT sob o título de Os Exterminadores de Fantasmas ou somente Os Fantasmas.
A molecada diferenciava de um jeito mais simples: “aquela do Geleia ou aquela do telefone de caveira”.
Os Caça-Fantasmas, “aquele do Geleia” e seus filmes, era um clássico unânime para as crianças e adolescentes dos anos 80, com jogos de videogame e brincadeiras inspiradas nos episódios da série animada e todos os elementos que faziam a mente da molecada ser povoada: visual incrível, um carro icônico e a música sensacional de Ray Parker Jr. com o riff de entrada matador.
Apesar de tudo isso, o terceiro filme, aguardado por toda uma legião de fãs, nunca aconteceu.
Boatos de que estava em desenvolvimento vinham seguidos de informações de que Bill Murray havia recusado participar ou de que a agenda de Dan Aykroyd não batia.
Frustação continuada, engavetamento do projeto, greve de roteiristas… até que Ivan Reitman e Dan Aykroyd desencavaram um roteiro que parecia ter potencial, no início dos anos 2010.
Por motivos que falhamos em compreender, no meio desse caminho aconteceu o filme de 2016, Ghostbusters, cujos defeitos são inúmeros – e não, as mulheres não são parte dele.
Mas vamos ignorar aquela aberração e seguir mais além (sacou o que eu fiz aqui?).
Ghostbusters Mais Além chega agora aos cinemas em 2021 desacreditado.
Primeiro porque esperaram tanto, mas tanto pra esse “terceiro” filme que o time original já não está completo. Harold Ramis, o Egon Spengler dos filmes originais, faleceu em 2014.
Segundo porque houve o filme de 2016, que estabeleceu desastrosamente uma outra franquia natimorta.
Terceiro porque não faz mais sentido continuar a história de 1984 e 1989. Certo?
Ghostbusters Mais Além – aspectos técnicos e trama
Bom, não vou dar spoilers, mas quero tranquilizar todos que estão lendo este texto. O roteiro de Jason Reitman (filho de Ivan Reitman, diretor dos filmes originais) e Dan Aykroyd (roteirista, ao lado de Harold Ramis, dos filmes originais) é impecável. E a direção também.
Na trama, Callie e seus filhos Trevor e Phoebe são obrigados a se mudar para uma cidade no interior após serem despejados de seu apartamento em Nova York. O destino da família é em função da casa que receberam de herança após o falecimento do recluso e ausente pai de Callie.
A adaptação de todos na nova cidade, em especial das crianças na escola e sua interação com novos amigos, é o principal motor da história – bem como a relação de Callie com um interesse amoroso e sua involuntária busca por entender e conhecer melhor o pai falecido.
A cadência do filme é despretensiosa e boa parte da narrativa é focada na interação dos personagens. Uma construção suave e bastante crível, ainda que comum aos filmes família, que confere verdade e dimensão e destaca o longa de seus pares na lista de blockbusters.
Ainda que a ação demore a acontecer, ela é habilmente construída pelo roteiro, com uma série de antecipações frustradas que vão se somando e aumentando a “pressão” e ansiedade do espectador.
A coisa toda funciona tão bem, acrescida do aspecto saudosista aos fãs mais antigos, que quando o terceiro ato de fato inaugura a presença de fantasmas e raios de próton cruzando os céus, o restante da obra se torna uma enorme catarse.
Sobre as atuações, os elogios não param. As presenças de cena de certos atores são simplesmente monumentais. Falando do elenco principal, o timing de comédia de Carrie Coon e Paul Rudd é sensacional. Da mesma forma como levam a sério os momentos mais tocantes, “chutam o balde” nas cenas mais zoeira – e temos elas aos montes!
Em um determinado momento, o filme parece querer ser mais brega e zoeiro do que os anos 80 inteiros foram – e sim, de uma forma muito engraçada e que faz sentido com todo cânone de Ghostbusters.
Finn Wolfhard, assim como sua atuação em It: A Coisa (2017) e It – Capítulo Dois (2019), sabe contribuir com o filme sem querer “aparecer mais” que seus colegas de elenco. Apesar de jovem, o ator sabe ser generoso e desaparecer em cena ainda que contribuindo amplamente com seu personagem.
E Mckenna Grace simplesmente conduz o filme, fazendo uma ponte entre o passado e a nova geração de fazer adulto chorar.
Novamente, sem falarmos de outros atores e atrizes pra não dar spoilers aqui. Quisera eu poder falar abertamente sobre o quanto esse filme é perfeito…
Ghostbusters Mais Além – conclusão
Sim, eu sei que este texto falou de Ghostbusters Mais Além de uma forma meio vaga e vazia. Mas o que eu poderia fazer?
Contar que em Vingadores Ultimato (2019) o Capitão America, no momento crucial da batalha final contra Thanos, ergue o Mjölnir e grita “Vingadores Avante”? O revelar que o Homem de Ferro, declarando a icônica “Eu sou o Homem de Ferro”, estala os dedos usando a Manopla do Infinito, salva o universo e se sacrficia, falecendo em seguida? Eu adoraria.
Poder analisar como o roteiro de Aykroyd e Reitman estabelece pontes entre passado e futuro, recheiam as cenas de easter eggs sem deixar com que eles tirem a atenção da trama principal e conversar com vocês de todos esses e outros detalhes abertamente.
Fazer realmente uma análise detalhada de como eles homenageiam os fãs antigos e como fazem uma das mais belas homenagens da história do cinema neste filme. Mas não posso. Em respeito a você que esperou esse filme por 32 anos.
Tudo o que posso dizer é que Ghostbusters Mais Além merece ser louvado. Pela crítica, pelos fãs, pela indústria. É assim que se faz cinema pras massas. Eu não tenho medo de fantasmas.
Créditos:
Texto e Edição: Alexandre Baptista
Imagens: Reprodução