Feliz! (Happy!) – 1ª Temporada |
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Ano: 2017 |
Distribuição: Netflix |
Estreia: 6 de Dezembro |
Roteiro: Grant Morrison, Brian Taylor, Patrick Macmanus, Noelle Valdivia, Ken Kristensen, Matthew White. Diretor: Brian Taylor, David Petrarca, Wayne Yip |
Duração: 60 min/ep |
Elenco: Christopher Meloni, Lili Mirojnick, Patton Oswalt, Medina Senghore, Patrick Fischler, Joseph D. Reitman, Gus Halper, Antonia Rey, Christopher Fitzgerald |
Sinopse: "Um ex-policial bêbado que virou matador acha que enlouqueceu quando um unicórnio que só ele vê lhe pede ajuda. A missão é resgatar uma garota sequestrada por Papai Noel.”
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Feliz!, série baseada em HQ de Grant Morrison, é um daqueles raros momentos em que uma adaptação ultrapassa a obra original
Estrelada por Christopher Meloni e Patton Oswalt, a produção está disponível na Netflix
Por Alexandre Baptista
Eu sei que Feliz! (Happy!) já estreou na Netflix faz algum tempo. Mas assim como Nick, na hora em que a resenha ia ser escrita, eu sofri um infarto. Bem, talvez o timming não tenha sido tão preciso assim. O que importa é que, apesar de ter conferido a série no começo de 2018 quando ela estreou na plataforma, minha crítica finalmente foi escrita hoje e está aqui pra vocês lerem. Hohoho, filhos da puta.
“Nossa, mas que tom pesado no seu texto cara…”
É só pra, logo de cara e apesar do unicórnio fofinho que estampa o pôster e as divulgações da série, deixar claro que a coisa aqui é um pouquinho mais pesada que isso.
No enredo, acompanhamos Nick Sax, um ex-policial alcóolatra que agora trabalha por contrato, como atirador e capanga de aluguel, que de repente se vê frente a frente com um unicórnio falante chamado Feliz, amigo imaginário de uma garotinha que foi sequestrada. Diversas teias e conspirações acabam fazendo com que a dupla Sax-Feliz permaneça junta (a contragosto) e acabe trabalhando para libertar a pequena em perigo das mãos do terrível Papai Noel Mendigo que a sequestrou.
Derivada da HQ homônima de Grant Morrison e Darick Robertson, publicada em quatro partes, a série vai além do básico esperado pelos fãs. Geralmente se espera fidelidade nas adaptações, especialmente quando o criador, no caso Morrison, está envolvido como produtor executivo da mesma. Feliz! não só respeita a obra original, tendo cenas feitas à imagem dos quadros originais da HQ, como extrapola a linha principal da narrativa e nos presenteia com mais material inédito do mesmo universo. A versão live action de Feliz! traz trechos em que descobrimos mais a respeito do passado de Sax; ficamos sabendo que a trama do Papai Noel Mendigo é apenas a ponta do iceberg e existe muito mais coisa além dele; ganhamos um melhor desenvolvimento dos personagens, em especial dos secundários e coadjuvantes; e ganhamos uma sub trama ainda mais interessante que a trama principal. Tudo isso inexistente na HQ original, mas é perfeitamente desenvolvido para aquele universo televisivo, com dimensões e profundidade e a mesma textura dos demais personagens, sendo facilmente imaginável nas páginas dos quadrinhos também.
A qualidade da produção é grande para um seriado e a renderização de Feliz, animado em computadores, é impecável. O pequeno unicórnio parece um animal de estimação real, feito de pelúcia mas com peso real e o design de produção e cenografia dos demais núcleos, em especial os do Sr. Besouro e Sonny Shine, são ora elegantes, ora exuberantes, ora luxuriosos e se contrapõem visualmente ao núcleo urbano e da máfia – os Scaramuccis – , com a típica decadência do velho poder.
As atuações de Christopher Meloni como Nick Sax e Patton Oswalt como Feliz são perfeitas, naquele limite tênue entre o surto, a fanfarronice e a canastrice, aumentando o surrealismo do projeto exponencialmente e garantindo ao expectador que ali tudo pode acontecer. O restante do elenco mantém o nível alto, com destaque especial para as excentricidades de Smoothie (Patrick Fischler) e Sonny Shine (Christopher Fitzgerald) e o esoterismo de Assunta (Antonia Rey), garantia de risadas e perplexidade por parte do público.
Feliz! não é uma série de fácil digestão no entanto. A impressão de arbitrariedade do roteiro, ao colocar um unicórnio e amigos imaginários, somados a temáticas infantis lado a lado com sequestros e esquemas mafiosos, crime organizado e temas policiais, se desfaz rapidamente ao olhar atento: as fugas e viagens entorpecidas de Sax dão um contraponto perfeito para o estado mental de fuga que os adultos procuram numa realidade suja e pesada como a mostrada na série. A apresentação, como um todo, tem certamente a tarefa de suavizar as grotescas verdades abordadas ali, trazendo o desejado clima feel good à audiência que jamais acreditaria que aquela realidade possa acontecer no mundo real. Feliz! é uma espécie de Transpointting ou Réquiem Para Um Sonho, misturada com Meu Pequeno Pônei e Ursinhos Carinhosos, que é melhor aceita quando encarada somente como ficção. E (in)felizmente, tão viciante quanto as drogas ali consumidas.
Resta agora aguardar pelos próximos volumes da HQ ou a próxima temporada da série.
Avaliação: Excelente!
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