Doctor Who – 11ª Temporada |
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Ano: 2018 |
Distribuição: BBC One |
Estreia: 7 de Outubro |
Diretor: Jamie Childs |
Duração: 60 min/ep |
Elenco: Jodie Whittaker, Tosin Cole, Mandip Gill, Brad Walsh |
Sinopse: "Em uma cidade de South Yorkshire, Ryan Sinclair, Yasmin Khan e Graham O'Brien estão prestes a mudar suas vidas para sempre, uma vez que uma mulher misteriosa, incapaz de lembrar seu próprio nome, cai do céu noturno.”
[tabby title=”Alexandre Baptista”]
Seguindo os eventos dos últimos episódios de Doctor Who, acompanhamos Peter Capaldi após sua mais recente regeneração como o Doutor, encarnando agora a 13a versão do personagem. Como visto anteriormente, o Doutor havia sido mortalmente atingido após uma batalha contra os Cybermen e, resistindo contra a regeneração durante todo o episódio especial de Natal – Eram Duas Vezes (Twice Upon a Time), considerado o episódio Zero desta nova temporada – se regenerou dentro da T.A.R.D.I.S. em sua 13a versão. Com as energias emanadas de seu corpo, a própria T.A.R.D.I.S. entrou em colapso e o Doutor foi arremessado para fora da mesma no final do episódio.
Em A Mulher que Caiu do Céu (The Woman Who Fell To Earth), após um breve preâmbulo focado em personagens que serão os novos acompanhantes do Doutor futuramente, seguimos Capaldi instantaneamente após a queda. Obviamente que, tratando-se de Doctor Who, o Doutor cai justamente no meio de uma situação em que sua presença é necessária, dando pouco tempo ao Gallifreyano para se adaptar ao novo corpo, realinhar as ideias e saber inclusive quem é exatamente.
Apesar da amnésia parcial e as novas feições, o estilo verborrágico do 12o Doutor com suas frases ininterruptas, seu jeito irriquieto e extremamente confiante, suas pequenas tiradas sutis e seu senso de praticidade estão grandemente presentes em cena, deixando os espectadores absolutamente confortáveis de que estão na presença do alienígena com dois corações.
A sensação que fica é de que nada realmente ocorreu ao Doutor entre a 12a e 13a regenerações. Sua roupa está maltrapilha mas segue sendo a casaca lilás de Capaldi; ele está sem a chave de fenda sônica; sem a T.A.R.D.I.S.; mas segue sendo o Doutor.
O único "problema" é que não é ele. É ela.
Jodie Whittaker, a nova atriz a interpretar "o Doutor", agora em uma versão feminina, a Doutora, entrega uma atuação impecável que durante os 20 primeiros minutos do episódio é calcada brilhantemente na atuação prévia de Peter Capaldi em outros episódios. Até mesmo a síncope respiratória de Capaldi foi mimetizada por Whittaker, deixando a plateia completamente imersa em algo que é o cerne de todo o cânone de Doctor Who: a regeneração.
Ao longo do episódio, e ao contrário de regenerações prévias, pouco se fala do processo de mudança e adaptação que o corpo da Doutora sofre toda vez que passa pelo processo. Mas Jamie Childs faz mais do que isso: auxiliado pelo brilhante roteiro de Chris Chibnall, novo showrunner da série, o diretor MOSTRA o processo. Durante todo o episódio as confusões mentais da Doutora são mostradas, seja na amnésia temporária, recuperada ao longo da história; seja na mudança sutil de postura da Doutora perante o inimigo (quem imagina Capaldão fazendo piada com o nome do inimigo, do jeito que Whittaker entregou?); ou seja principalmente na brilhante atuação de Jodie Whittaker que vai deixando aos poucos os trejeitos do 12o Doutor de lado e assumindo a persona da 13a Doutora num crescendo magistral.
O tom cinematográfico atingido pelo uso de câmeras anamórficas – ou mesmo o uso das handycams em algumas cenas – encaixou perfeitamente com o clima necessário para essa passagem de legados: além de Whittaker como nova Doutora, Chris Chibnall assume como showrunner após a longa estadia de Steven Moffat à frente da série, injetando uma pegada muito bem-vinda ao estilo "10o Doutor" nessa nova temporada. Chibnall foi showrunner da série derivada Torchwood, criada justamente ao tempo de David Tennant como o viajante da cabine de polícia, o que explica bastante a mudança de tom.
O elenco de apoio nas figuras de Ryan Sinclair (Tosin Cole), Yasmin Khan (Mandip Gill) e Graham O'Brien (Brad Walsh) é heterogêneo e bem composto, com atuações sólidas, convincentes e que lembra novamente a dinâmica de equipe de Torchwood. Pode-se esperar alívios cômicos, momentos sentimentais e atos de bravura vindos de qualquer um deles em momentos diferentes e a presença de todos em nada ofusca a figura central da Doutora.
Quanto ao roteiro, a aventura em si é básica: apenas mais um "monstro da semana" que em alguns momentos deixa uma sensação de Arquivo X ao episódio (o que é bastante bem-vindo também). Não se trata de um episódio com um roteiro inesquecível como Vincent e o Doutor; Blink; A Pandorica se Abre; O Ultimo Dalek e tantos outros clássicos instantâneos. Mas arrisco dizer que é o melhor episódio de regeneração da Doutora até hoje. Sobre o rumo de se fazer nessa temporada episódios mais fechados em si, em vez da continuidade seriada que Steven Moffat imprimia, o próprio Chibnall declarou:
"Nossa intenção é que velhos fãs da série se sintam satisfeitos com essa nova temporada. Mas também, que se você nunca viu Doctor Who e esteja pretendendo começar, faça isso agora. Porque esse é o melhor ponto de partida para se entrar nesse universo."
A nova temporada promete ser uma das melhores em muito tempo. É justamente o que espero escrever aqui quando ela acabar.
Avaliação: Ótimo!
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