Miles Morales entrou de vez para a cultura pop com o sucesso do filme Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), vencedor do Oscar de melhor longa de animação. Mas como estaria hoje esse super-herói que muitos conhecem apenas dos cinemas ou de grandes sagas como Guerras Secretas (2015)?
Bom, muito tempo depois de Brian Michael Bendis contar de forma incrível a história de origem do personagem nas mensais do Homem-Aranha no Universo Ultimate – eleita entre as 60 melhores HQs da Marvel pelo UB –, Miles Morales, desta vez na Terra-616 (universo principal da editora), ganha uma revista exclusiva roteirizada pelo norte-americano Saladin Ahmed.
A primeira publicação dela por aqui saiu em 2019 pela Panini com o título Miles Morales: Homem-Aranha – 1: Direto do Brooklyn, contendo Miles Morales: Spider-Man 1-6 e Spider-Man Annual 1. Os traços de Javier Garron e as cores de David Curiel são modernos e combinam bastante com a proposta.
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Qual é a trama de Miles Morales: Homem-Aranha – 1: Direto do Brooklyn
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Não é novidade que Miles Morales deu um respiro ao universo do Homem-Aranha. Um novo personagem com a essência do antigo herói. Jovem, adaptado à cultura atual, com representatividade sem parecer forçar nenhuma barra. Nesta HQ, aquela ideia de amigão da vizinhança, com histórias mais leves, relembrando a origem de Peter Parker, está muito presente.
Em determinado momento, porém, Miles faz questão de apontar uma de suas principais diferenças, dizendo ao Capitão América que é do Brooklyn e não do Queens, como o antigo aracnídeo. O bairro e sua cultura são claramente fundamentais na formação do garoto.
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O ambiente colegial de Miles Morales nos faz lembrar das origens do Peter Parker
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E é na Academia de Visões do Brooklyn que Miles cursa o ensino médio, onde acompanhamos seus desafios estudantis, relacionamentos amorosos e convivência com os amigos, o engraçado Judge e o carismático geek Ganke Lee.
Nos três primeiros capítulos, acompanhamos uma curiosa aliança entre Homem-Aranha e Rino – é isso mesmo, aquele antigo vilão – para descobrir quem está sequestrando crianças do bairro. Miles procura Eduardo, primo de Bárbara, “ficante” do herói, e Rino busca a sobrinha de sua ex-mulher.
Nas histórias seguintes, conhecemos melhor a relação de Morales com o senhor Lyle Dutcher, vice-diretor da Academia de Visões do Brooklyn, possivelmente o maior vilão da HQ. Ele é fã do Homem-Aranha, mas persegue o aluno Miles como se não tivesse outro propósito na vida além de fazê-lo perder a vaga na escola. Um cara inoportuno que acaba sendo divertido pela chatice.
É na sequência também que o herói, nos desdobramentos de brigas de gangues a poucos quarteirões de onde estuda, acompanha Lápide – vilão que surgiu nos anos 1980 – tentando tomar conta da criminalidade do Brooklyn.
Nesta parte, Canora, uma nova heroína, acaba tomando destaque e contribuindo com o caso. Além de possível par romântico de Miles, ela é neta de outro clássico inimigo do Homem-Aranha original. Uma personagem bem interessante acrescentada ao universo do Aranha.
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Canora, a nova heroína e possível interesse romântico de Miles Morales
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Vale a pena ler?
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Acompanhar Miles Morales e seu dia a dia no Brooklyn é muito legal. Seu relacionamento com a família, com os amigos, casos amorosos, idas ao cinema, desafios da escola e da adolescência…
De uma forma nova, revivemos o que tornou o Homem-Aranha um personagem tão popular e único na época de sua criação: o fato de ele ser humano, alguém com problemas que qualquer jovem vive em sua rotina. O próprio impasse do garoto em lidar com o cansaço de uma vida de super-herói e as atribuições de um colégio acabam sendo bem divertidas de ver.
Mas é justamente na parte das responsabilidades de herói que essa HQ por vezes parece necessitar de um empurrãozinho que não houve. Em nenhum momento temos uma atuação que se preze de um grande vilão – acho que agora faz mais sentido o que você leu sobre o vice-diretor três parágrafos acima –.
Para se ter uma ideia, o Lápide, que não oferece grande desafio, acaba sendo o inimigo da vez, entre o Raptor – cujo o poder, a grosso modo, é “raptar” crianças – e o Faraó Frio, um loirinho maluco que se veste como se estivesse no Antigo Egito e solta raios frios com uma espécie de cajado.
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Acompanhar Miles em seu dia a dia no Brooklyn, seu bairro de origem, acaba sendo um dos pontos fortes da HQ
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A sensação é a de que as aventuras de Miles não têm uma amarração que traga grandes dificuldades para o herói. Diferente do que acontece em Homem-Aranha: o amigão da vizinhança, por exemplo, onde apesar de acompanharmos Peter Parker resolvendo problemas mais “corriqueiros” de onde mora, o pano de fundo trazido por Hale Carrick, o antagonista da HQ, acaba unindo muito bem os capítulos e o enredo.
Para ser honesto, se você busca acompanhar uma publicação mais profunda da Marvel, que deve se tornar um grande clássico, sugiro que leia O Imortal Hulk de Al Ewing. Mas se você é fã do Homem-Aranha e quer ir além do Peter Parker ou já curte Miles Morales, a leitura é muito válida.
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Gostou do personagem por tê-lo visto no cinema e quer conhecê-lo nos quadrinhos? Esta é uma ótima porta de entrada. O autor visivelmente pensou em novos leitores e oferece as informações necessárias do passado de Miles para você acompanhar a história.
As reflexões de Miles Morales e sua relação com o bairro e com os outros personagens acabam segurando a leitura e deixando tudo bem divertido, apesar de não prender o leitor para as próximas edições. Mas é preciso lembrar que este é só o início da run de Ahmed e ainda há muito por vir. Resta saber se na sequência das publicações o enredo ganhará corpo.
Confira aqui as 15 melhores histórias do Homem-Aranha pelo Ultimato do Bacon.
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Avaliação: Bom!
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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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