Sexta-feira, dia de Dicas de Streaming! E como já foi anunciado no podcast desta semana, a dica hoje é um clássico de Martin Scorsese, O Rei da Comédia (The King of Comedy, 1982), filme estrelado por Jerry Lewis e Robert De Niro.
Conheça a história de O Rei da Comédia
O longa figura entre os melhores do diretor na lista de muitos críticos – eu inclusive – e não somente pela brilhante atuação de De Niro e do mestre Lewis, mas em função da magistral forma como Scorsese alterna cenas que acontecem em planos imaginários com as do mundo real, imperceptíveis aos espectadores pouco atentos – ainda que a roupa de Rupert Pupkin (De Niro) esteja diferente cada vez que a câmera o focaliza.
O longa é baseado no roteiro de Paul D. Zimmerman, que se inspirou em um caso real de um fã doentio de Johnny Carson. De Niro gostou tanto do script que insistiu para que Scorsese dirigisse e o cineasta embarcou em uma produção que, além de inicialmente ter flopado em bilheteria, foi um pesadelo de logística.
Isso porque muitas cenas foram rodadas nas ruas de Nova York, sem que houvessem bloqueios e restrições ao público. É possível notar no filme as pessoas olhando incrédulas para a câmera, interagindo com os atores e coisas do tipo.
Segundo Jerry Lewis, que sugeriu o nome “Jerry Langford” para o personagem que interpreta em O Rei da Comédia, a sugestão ajudou muito nas filmagens in loco, já que os transeuntes o reconheciam e cumprimentavam nas ruas, enriquecendo a produção. Tendo ele e o personagem o mesmo primeiro nome, Jerry, foi possível utilizar cenas reais no filme.
Outra curiosidade interessante é a presença dos pais de Scorsese em duas pontas, além das aparições de Mick Jones e Joe Strummer do The Clash.
No entanto, apesar de ser uma obra-prima do cineasta, o mais curioso é que o próprio Martin Scorsese só “pegou o espírito” do filme ao longo das filmagens. Inicialmente, ele não achou o roteiro, recebido pela primeira vez em 1974, tão interessante assim. Por sorte, a fama crescente de De Niro fez com que Scorsese desse uma segunda chance ao texto anos depois.
Na trama, Jerry Langford é um comediante no auge de sua carreira. Assediado constantemente, ele acaba tendo sua limusine invadida por Rupert Pupkin, também comediante e fã de Jerry. Pupkin acredita ser a nova sensação dos palcos e que precisa somente ter uma chance de aparecer, pedindo então a Jerry um espaço em seu programa de TV.
A história em si é bastante simples e o grande mérito do longa está na forma como a narrativa é conduzida: toda a espiral de fanatismo, insistência, estratagemas e artifícios que Pupkin usa para conquistar a fama e os holofotes.
É possível enxergar claramente uma crítica ao destaque que a mídia de um modo geral faz dá a celebridades – sendo altamente questionável o mérito que tais pessoas de fato tiveram para chegar a este status; confunde-se notoriedade (que de fato pode ter uma origem negativa) com celebridade, em uma redenção automática por parte do público e da mídia.
O Rei da Comédia tem uma fotografia incrível, transições espetaculares, uma narrativa envolvente, uma aula de atuação e improviso – sim, muitas das cenas foram improvisadas pelos atores – uma aula de direção, posicionamento de câmera e ritmo.
E, pra quem já viu Coringa (Joker, 2019) de Todd Philips, a dica é ainda mais necessária: o filme de Scorsese serviu de base na construção de muitos arcos narrativos, cenas, ambientações, fotografia e até mesmo, na construção dos personagens.
Um exemplo? Quando Murray Franklin (De Niro, no filme de Philips) diz que morou com a mãe até fazer sucesso, é uma clara referência à vida de Rupert Pupkin (De Niro, no filme de Scorsese). Isso sem mencionar as fantasias mentais de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), ao mesmo estilo das fantasias mentais de Pupkin.
Seja como for, tendo ou não interesse no filme do Coringa, o que não vem ao caso, O Rei da Comédia é cinema da melhor qualidade, um daqueles filmes que você precisa ver antes de morrer.
O Rei da Comédia está disponível na Amazon Prime Video!
Trailer:
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Créditos:
Texto: Alexandre Baptista
Imagens: Reprodução
Edição: Alexandre Baptista
Texto publicado originalmente em 11 de outubro de 2019. Atualizado em 10 de abril de 2020.
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