Hoje, nas Dicas de Streaming, temos A Gente Se Vê Ontem (See You Yesterday, 2019), filme dirigido por Stefon Bristol e escrito pelo mesmo ao lado de Frederica Bailey.
Apesar de produzido por Spike Lee e sua 40 Acres and a Mule, conferi o filme sem saber disso, levado pela temática de viagens e loops temporais. Quem acompanha o UB sabe que sou bastante fã do tema – não deixe de conferir nossa lista sobre filmes de viagem no tempo aqui.
Saiba mais sobre A Gente se Vê Ontem
Mas, aí está a pegadinha da dica de hoje: se você quer ver um filme divertido sobre viagens no tempo, passe longe de A Gente Se Vê Ontem. Com 84 minutos, o filme gasta mais tempo com outros assuntos do que com as viagens no tempo em si.
Apesar de começar bem, com as personagens principais CJ (Eden Duncan-Smith) e Sebastian (Dante Crichlow) fazendo a primeira tentativa de viagem no tempo sem nenhuma enrolação, depois disso o filme vai perdendo fôlego nessa área e vai mostrando sua verdadeira intenção.
Antes disso, no entanto, ainda temos uma participação maravilhosa de Michael J. Fox como o professor da dupla, Mr. Lockhart, que obviamente solta a célebre frase “Grande Scott” da franquia de De Volta Para o Futuro (Back to the Future, 1985 – 1990).
E vamos enfim para o verdadeiro filme. Com uma ambientação no gueto caribenho do Bronx (focando na comunidade jamaicana), o filme se assemelha em alguns momentos com a ambientação da segunda temporada de Luke Cage (2016 – 2018) e guarda relações também com a temática do seriado: a trama principal é uma cortina de fumaça para o verdadeiro assunto do filme que é o preconceito, a desigualdade social e a falta de oportunidades para a comunidade negra nos EUA. E, principalmente, a violência policial sofrida pelos jovens negros.
Ou seja, sabendo se tratar de um filme produzido por Spike Lee, o espectador dificilmente se enganaria na temática. O que torna o filme curioso é justamente a mescla entre um filme de sessões vespertinas – levemente cômico, aventuresco, infanto-juvenil – com a densa realidade da desigualdade social e racial, a violência policial, o racismo e o machismo.
Mas lembre-se, a viagem no tempo aqui é mero cosmético. Não espere nada que envolva profundamente o tema: nada de paradoxos do avô; encontros da personagem consigo mesma; efeitos especiais mirabolantes e deslumbrantes ou conceitos provocativos.
A grande metáfora aqui é que os autores encaram o “tempo” ou o “destino” como o “sistema”. E voltar no “tempo”, tentar “mudar os eventos” é um sinônimo de “enfrentar o sistema” e “não desistir“.
Nesse sentido, o filme ganha um novo viés, totalmente diferente. E com isso, apesar de ser um filme infanto-juvenil, pode despertar o interesse de muita gente. Não espere, no entanto, nenhuma obra com a qualidade da direção de Spike Lee. Mesmo dentro de uma certa esfera, o filme ainda assim é um “filme de TV”.
Em resumo, A Gente Se Vê Ontem até vale a pena, desde que você não tenha nada mais interessante pra assistir. Ou caso você seja bastante interessado no tema.
E aposto que deve valer ainda mais a pena se você já for sabendo do que se trata realmente o filme.
A Gente Se Vê Ontem está disponível na Netflix!
Trailer:
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Créditos:
Texto: Alexandre Baptista
Imagens: Reprodução
Edição: Alexandre Baptista
Texto publicado originalmente em 19 de julho de 2019. Atualizado em 09 de abril de 2020.
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