Demolidor é um personagem clássico dos quadrinhos, criado por Stan Lee e pelo artista Bill Everett em Abril de 1964. Durante muito tempo, foi um personagem sem muito apelo popular. Suas histórias não tinham nada chamativo, caindo recorrentemente no lugar comum.
Então, no início dos anos 80, um jovem desenhista e escritor chamado Frank Miller deu nova vida às histórias do herói e o Demolidor foi de um personagem prestes a ter sua revista cancelada a uma referência dos quadrinhos.
Durante a década de 80, a Marvel publicou uma série de graphic novels em formato magazine. A intenção da editora era trazer grandes histórias envolvendo super-heróis e introduzir novas equipes. É dessa coleção que temos “X-Men: Deus Ama, o Homem Mata”; “A Morte do Capitão Marvel” e o maravilhoso “Demolidor: Amor e Guerra”.
Frank Miller e Bill Sienkiewicz nos entregam uma narrativa simples, porém muito instigante, sendo uma história de amor cujo destaque é o próprio Rei do Crime, que está disposto a fazer de tudo para ver sua amada viva. O amor é o tema central de toda narrativa, sendo explorado de diversas maneiras, do tom mais puro ao exagero da obsessão.
Quem é o verdadeiro demônio?
Demônios, às vezes, são mais gentis que anjos
Lançada em 1986, “Demolidor: Amor e Guerra” é uma história sem uma trama grandiosa, mas brilhantemente executada. Acompanhamos o Rei do crime desesperado para ter sua esposa novamente. Mesmo com poucos diálogos, percebemos sua agonia e um vilão, interpretado por Miller, em uma versão mais humanizada.
Angustiado, ele sequestra Cheryl, esposa de Paul Mondat, um médico renomado, e o chantageia. O Demolidor aparece no enredo quando a situação foge de controle e é necessário que ele resgate Cheryl das mãos de Victor, que é psicologicamente instável.
A trama gira em torno desses quatro personagens, tendo o Demolidor, entre eles, a menor participação na graphic novel. Embora apareça pouco, o nosso querido atrevido é bastante emblemático, surgindo das sombras, como o Batman, e até mesmo aparentando voar, em certos momentos.
Tudo isso por conta do traço estilizado de Sienkiewicz. Além disso, a obra foge dos estereótipos dos super-heróis, mostrando um Demolidor mais humano, que cansa, comete erros e não consegue finalizar a missão com êxito.
O Demônio e o Anjo
Cair é a primeira e a última sensação que um anjo sente
É fundamental pontuar a figura de Cheryl como o fio condutor de toda a trama. Ela é lindamente ilustrada, de forma que se assemelha a um anjo, em certos momentos.
Inclusive, a HQ conta com uma linda passagem, onde temos o encontro do “demônio” (Demolidor) com o “anjo” (Cheryl), quando a obra atinge o seu auge. A interação entre o Demolidor/Matt Murdock e Cheryl é primorosa e, em poucos momentos, sentimos uma paixão brotando entre os dois que, de modo que é bem palpável.
Como sabe que os anjos e os demônios dentro de mim não são a mesma coisa?
Frank Miller, apesar de não apresentar um texto tão rico aqui, se supera nos diálogos. O Demolidor descreve Cheryl de tal forma que é impossível não se apaixonar por ela, alinhando com a arte de Bill Sienkiewicz, temos momentos incríveis e inesquecíveis no quadrinho.
Sienkiewicz é conhecido por sua arte que combina várias técnicas, agregando desenho, pintura, aquarela, fotografia e colagem. Em “Amor e Guerra”, ele é mais contido, em comparação a outros trabalhos, mas ainda mantém a sua “loucura” característica.
A escolha pela aquarela afeta diretamente tudo, elevando a plasticidade das sequências de ação e expressando uma melancolia nas sequências sem diálogo, utilizando-se de planos mais abertos.
Os Homens…
Qual o limite do amor?
O Rei do Crime é o grande protagonista da história. Vemos um lado frágil dele, um homem totalmente quebrado, pois a razão de sua felicidade, sua esposa, se encontra em estado catatônico.
Mesmo erguendo um império e sendo temido por vários homens, ele se sente triste, pois todo o poder que conquistou não serve para ajudá-la. O relacionamento entre Fisk e Vanessa é tocante e isso dá um maior impacto para o fim de ambos.
Wilson Fisk possui uma caracterização artística ótima, bem caricata. Ele é enorme e, muitas vezes, seu rosto ocupa todo um quadro, criando uma figura imponente.
Victor é outro personagem muito interessante e seus transtornos psicológicos são bem explorados, acarretando em um ótimo desenvolvimento. Ele muitas vezes fica conversando consigo mesmo e diz que não fará certas coisas, lutando contra o impulso de querer tocar Cheryl.
Num momento, Victor está escondido, meio refugiado, e acaba querendo tomar suas pílulas, para tentar se controlar, mas o efeito acaba sendo justamente o oposto e ele fica insano.
Um homem como Victor, notoriamente, nunca teve ajuda da sociedade ou, pior ainda, foi completamente destruído por ela.
Ao observar Cheryl, ele sonha com uma vida que os dois poderiam ter, idealizando conflitos de um conto de fadas. A partir do momento que Cheryl é resgatada, ele se enche de desejo e quer, à qualquer custo, seu amor platônico de volta.
Sienkiewicz opta por dar traços mais animalescos a Victor, pois o personagem é uma forma mais primal do ser humano, totalmente consumido pelo desejo.
Tire o sonho do homem e ele se renderá ao desejo. Por fim, tire o desejo e só restará o desespero.
Conclusão
Foi tudo por amor…
“Demolidor: Amor e Guerra” é uma das melhores histórias do Demolidor. O texto e a arte casam perfeitamente. É uma leitura rápida e que dispensa qualquer bagagem literária para o entendimento da obra. A relação entre os personagens em conjunto com a arte são os pontos altos.
Definitivamente é uma obra de arte que merece ser lida e apreciada.
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Avaliação: Excelente!
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Créditos:
Texto: Jorge Paulino – @jorge.p.jr @haterzasso
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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