DComposicao é mais uma história de zumbis e heróis nas HQs – o que passa longe de ser uma novidade ou uma moda recente. Anos atrás a Marvel nos deu o excelente Zumbis Marvel (Marvel Zombies, 2005 – 2006) – logo em seguida destruído pelas abomináveis continuações – e agora Tom Taylor traz a ameaça dos devoradores de miolos para o Universo DC em DComposicao.
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Conheça a História de DComposicao
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Darkseid está como sempre atrás da equação anti-vida e dessa vez ele encontra a resposta. Isso não é spoiler, é o começo de tudo (ou será o fim?).
Por algum motivo, a segunda parte da equação se manifesta junto ao Ciborgue – talvez devido a sua ligação com as caixas maternas – e o tirano de Apokolips consegue colocar as mãos no herói e unir as duas metades da equação. Mas como dizem os antigos “cuidado com o que você deseja”.
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Nem mesmo todo o poder de Darkseid pode domar a equação anti-vida em DComposicao
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A equação anti-vida não pode ser controlada, nem mesmo pelo poder incomensurável de Darkseid, causando o fim de Apokolips. Ao mesmo tempo, Desaad envia o infectado Victor Stone de volta à terra. Sua conexão com a tecnologia torna todas as telas, vetores da anti-vida, infectando todos, humanos ou super-heróis.
Com a saga ganhando uma continuação, esse começo conturbado talvez sirva como ponte, mas num primeiro momento, é bem corrido e confuso. A primeira vista, parece ter sido feito apenas para que a história não fosse mais uma sem “origem”.
Em meio ao pânico, Tom Taylor é rápido em estabelecer que ninguém está seguro, eliminando heróis chave em meio à crise. Sem spoilers, mas esperem mortes chocantes.
Mas esse é o ponto máximo a que chega a história. Tom Taylor é um grande escritor, nos dando histórias incríveis como Injustiça (Injustice: Gods Among Us, 2013 – 2016) e X-Men Equipe Vermelha (X-men Red, 2018). Mas talvez, só talvez, o gênero de zumbis não tenha sido feito para se misturar com os heróis.
A Marvel acertou ao trazer para seu Zumbis Marvel 1 ninguém menos que Robert Kirkman, o próprio criador de The Walking Dead (2003 – 2019) e, realmente, o volume 1 é bem acima da média.
Mas ao seguir com mais 3 volumes e spin-offs, a editora cansou seus leitores e, talvez, mesmo anos depois, ainda não fosse um bom momento para que a DC investisse no tema. Existem diferenças, mas não o bastante para que a história realmente pareça genial.
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Vale a pena ler DComposicao?
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DComposicao não é uma história ruim, contando com momentos empolgantes aqui e ali e algumas boas ideias que parecem não ir a lugar algum (sim, o destino de um personagem especifico me incomoda muito).
A ideia de que ninguém está a salvo anima no começo e rende bons momentos, mas no fim, a história da voltas e voltas, com mudanças de ritmo abruptas em alguns momentos, saindo de mortes com significado na trama para apenas carnificina que mantenha o sangue pingando dos quadros e painéis.
Com a impossibilidade de deter o vírus num primeiro momento, é interessante notar como heróis lidam com os infectados. Afinal, heróis não matam. É interessante ver como Superman, o maior dos heróis lida ao ser confrontado com a possibilidade de que não há mais salvação para os afetados, e para salvar os humanos saudáveis, medidas mais drásticas precisam ser tomadas.
No final, o grande ponto da HQ é (assim como em outras) “como salvar a humanidade sem perder a sua própria”. Além disso, precisamos levar em conta o agravante de que ao infectar super heróis, o vírus se torna incrivelmente mais letal. Pode o Superman, o símbolo da esperança, iluminar dias tão sombrios?
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Falando sobre a arte das edições, ela alterna entre uma equipe de desenhistas, mas sem nunca perder a qualidade. Claro, os traços talvez não agradem todo mundo, mas creio que ficam muito bem com o roteiro assassino de Taylor, sem que falte sangue pingando dos quadros.
No geral, DComposicao parece ter feito sucesso o bastante para garantir spin-offs e continuações, mas considerando tudo, talvez não seja exatamente um bom investimento para o suado dinheiro dos brasileiros – estou de olho nos seus preços Panini!
Mesmo não sendo ruim, o selo DC Black Label oferece historias com maior propósito e que podem garantir um entretenimento mais satisfatório.
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Avaliação: Bom
Créditos:
Texto: João Maia
Imagens: Reprodução
Edição: Alexandre Baptista
Matéria publicada originalmente em 10 de abril de 2020. Atualizada em 15 de agosto de 2020.
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