Minisséries fechadas com personagens 100% originais são uma verdadeira caixinha de surpresa: podemos estar diante de algo muito bom ou realmente muito ruim – dificilmente há um meio termo em casos onde o autor tem um encadernado ou apenas algumas edições para desenvolver sua história. Posso dizer que “Carnificina Americana” (American Carnage) é um dos casos positivos.
Publicada originalmente em 2019 em formato minissérie (9 edições) com roteiros de Bryan Hill, “Carnificina Americana” chegou ao Brasil no mesmo ano pela Panini Comics com um encadernado capa cartão que reúne toda a série original.
“Carnificina Americana” é uma história de suspense de Bryan Hill
A série de Bryan Hill, que conta com os desenhos de Leandro “Leo” Fernandez, é quase um mini “100 Balas”. Se você me dissesse que as duas tramas se passam no mesmo universo eu acreditaria sem pestanejar. O clima noir, as tramas cheias de suspense e reviravoltas, além da violência estão presentes de forma relevante nas duas obras – e de forma bem feita em ambas!
A história acompanha o ex-agente do FBI Richard Wright que se infiltra em uma rede de supremacistas para investigar a morte do agente Bernad Watson a pedido da agente Curry. A simplicidade da premissa engana e somos surpreendidos por personagens complexos e extremamente bem construídos.
“Carnificina Americana” da DC Black Label apresenta uma história policial suja e brutal
A trama de Bryan Hill talvez tenha um único defeito: ser enxuta demais. Ela se atém aos acontecimentos principais em quase todas as suas páginas fazendo a história andar em um ritmo frenético mas não dando tempo para visitarmos de maneira mais aprofundada outras partes da vida dos personagens. “100 Balas”, por exemplo, faz isso muito bem em sua série e nos deixa explorar mais dos acontecimentos que levaram os protagonistas até aquele ponto. Não pense que isso quer dizer que os atores da trama de Hill soam falsos ou mal construídos, isso quer dizer apenas que os leitores gostariam de ter visto mais deles.
Um dos personagens mais intrigantes da obra é Jennifer, a filha de Wynn Morgan – o suposto líder dos supremacistas. A personagem é ainda mais cinza do que todos os outros da obra e apresenta um comportamento manipulador que poderia ter sido muito mais bem desenvolvido em uma série longa. “Escalpo” de Jason Aaron, para mudar o exemplo, é uma outra prova de que séries policiais com grandes tramas merecem uma quantidade de páginas maiores.
Agente Curry presta depoimento sobre a morte do agente Watson em “Carnificina Americana”
A leitura de “Carnificina Americana” me trouxe muitas memórias de boas histórias policias como “100 Balas”, “Escalpo” e o filme “A Outra História Americana” (American History X, 1998). É como se todos os melhores elementos de cada uma tivessem sido colocados em liquidificador e dele saído “Carnificina Americana”. Uma história fluida, de rápida leitura que certamente vai agradar o leitor que gosta de uma boa história policial com reviravoltas de tirar o fôlego? A única crítica negativa: deveria ter sido uma série e não uma minissérie. Parabéns a Bryan Hill que desenvolve brilhantemente o roteiro (apesar do pouco tempo) e para os desenhos de Leandro “Leo” Fernandez que encaixam perfeitamente com o clima da HQ!
Avaliação: Ótimo
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