Após uma publicação incompleta pela Conrad, finalmente o mangá de Hayao Miyazaki– Nausicaä do Vale do Vento- desembarca mais uma vez no Brasil, com a promessa de ser concluído pela Editora JBC.
Muita gente conhece Hayao Miyazaki como fundador e diretor do renomado Studio Ghibli, mas antes do estúdio japonês ser criado, o diretor começou a publicar Nausicaä do Vale do Vento nas páginas da revista Animage, da editora Tokuma Shoten, em 1982.
Na trama, nos deparamos com uma Terra destruída após os “Sete Dias de Fogo”, uma guerra que destruiu a civilização humana e a maior parte do ecossistema do planeta.
Com isso, surge uma floresta que exala gases venenosos e apenas insetos e um ser conhecido como Ohmu vivem nela. Ao redor da floresta, pequenos povoados tentam seguir a vida após esses eventos.
Um desses locais é o Vale do Vento, onde vive Nausicaä, filha do rei do vale, que tem o dom de perceber o que a floresta sente, e se vê obrigada a tentar evitar outra guerra.
A garota é jovem e corajosa, e seu nome foi retirado da Nausicaä da “Odisséia”. Além disso, a personagem tem elementos do conto do folclore japonês “A princesa que amava insetos”.
No mangá já é possível perceber várias características que se tornaram símbolos das histórias de Hayao Miyazaki em seus futuros filmes do Ghibli: questões ambientalistas, política, tecnologia, máquinas e consequências da guerra. Por falar no estúdio, Nausicaä tem papel fundamental em sua criação.
Em 1984, dois anos após o início do mangá, é lançado o filme de animação da obra, escrito e dirigido pelo próprio Hayao Miyazaki e feito pela produtora Topcraft.
O reconhecimento do filme, com o sucesso de crítica e público, além do retorno financeiro, foi o que inspirou e ajudou a Miyazaki a fundar o Studio Ghibli.
Como Nausicaä já tinha todos os elementos que ficariam marcados por Miyazaki e pelo Ghibli, o estúdio comprou os direitos dessa animação e, Nausicaä integrou, desde então, em sua filmografia.
Porém, o mangá seguia, mesmo com alguns hiatos, e só foi ser concluído 12 anos após seu início, em 1994, com um total de 59 capítulos, que serão compilados em 7 volumes.
O mangá começou a ter um aspecto mais “sombrio” e revelar um lado mais escuro de Miyazaki.
Por causa disso, o diretor/mangaká alternava entre as produções tanto do mangá, quanto de alguns dos seus filmes mais leves, como “Meu Amigo Totoro” e “O Serviço de Entregas da Kiki”.
Sem contar spoilers, existe claramente uma mensagem diferente entre os finais, talvez fruto dessa passagem de tempo. A animação, de 1984, conta com um final agridoce, porém, com pitadas de esperança.
10 anos depois, o final do mangá em 1994 é bem mais alarmista e preocupante. É interessante comparar essas diferenças e como os sentimentos de Miyazaki podem ter mudado, gerando simbologias diferentes no final de uma mesma obra.
A nova edição da JBC ainda conta em seu primeiro volume com um belo pôster dos personagens, que ressalta a qualidade da arte de Miyazaki. Em seu interior, um mapa foi inserido, o que pode auxiliar o leitor a se situar e perceber melhor onde acontecem os eventos da trama.
Os efeitos de tintas e cores das páginas também estão diferentes, com o Preto e Branco tradicional dando lugar para um branco com tons de sépia, que trazem uma bela imersão, principalmente nas cenas que envolvem os venenos da floresta.
Nausicaä do Vale do Vento é um retorno esperado e celebrado. É o trabalho de um gênio, em sua essência, que finalmente deve ganhar a sua conclusão aqui no Brasil.
Tocando em temas importantes, Miyazaki entrega uma obra que atravessa os anos, e segue atual – algo que só os maiores conseguem fazer.
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Créditos:
Texto: Breno Raphael
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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