Conheça a primeira HQ muda de Gustavo Duarte em: Có! & Birds
Em 2022 o Brasil teve alguns lançamentos muito interessantes na área dos quadrinhos mudos. Um oceano de amor, de Wilfrid Lupano e Grégory Panaccione, e Em fuga, do mineiro Lelis.
Vale também uma olhada para trás na produção nacional das HQs que dialogam com o leitor sem o uso de balões e recordatórios. E, nesse quesito, o paulistano Gustavo Duarte é uma das principais referências, colecionando sucessos.
Autor de Chico Bento: Pavor Espaciar (2005) – elencada entre as melhores Graphic MSP pelo Ultimato do Bacon –, Duarte passou como cartunista e ilustrador por Diário de Bauru, Folha de S. Paulo, Lance! e diversas revistas da editora Abril.
O quadrinista foi vencedor do prêmio HQ Mix oito vezes, incluindo pelos quadrinhos Có! (2009) em 2010 e Birds (2011) em 2012, lançados de forma independente. Ele também é autor das HQs mudas Taxi (2010) e Monstros! (2012).
Em 2014, a Companhia das Letras, por meio do selo Quadrinhos na Cia, publicou Có! & Birds, livro que reúne as duas HQs em 80 páginas e traz estudos de personagens como extras.
Os traços de Duarte são limpos, firmes e autorais, se destacando na HQ
Qual a trama de Có! & Birds
Em Có!, começamos com o camponês em sua fazenda vendo televisão de tubo e repondo a dose de destilado em um largo e confortável sofá. De repente, uma forte luz aparece pela janela e agita os porcos lá fora.
O fazendeiro acende a lamparina e vai até o chiqueiro para descobrir um extraterrestre querendo roubar os suínos. Mais do que isso não pode ser contado, mas espere abdução, perseguições, discos voadores e invasão de galinhas. Há ainda uma conexão enorme com Chico Bento: Pavor Espaciar, para quem gosta de easter eggs – e esse não é o único –.
Birds também trabalha com temáticas do terror, embora o lado cômico esteja sempre mais evidente. Em um mundo em que árvores são prédios e as aves estão no lugar dos humanos, dois pássaros trabalham como contadores e acabam tendo surpresas terríveis no escritório.
O mais alto da dupla encontra uma cópia de si esfaqueada pelas costas e morta em sua frente. Na sequência, o pássaro baixinho, que havia aberto a porta da sala para o “clone”, vê a personificação da Morte querendo entrar, com direito à foice e capuz.
Os dois ovíparos trancam a porta e tentam esconder da Morte de todas as formas que um deles morreu. Obviamente temos desdobramentos que só pioram a situação nesse enredo maluco.
Em poucas páginas e traços, a ambientação criada em Birds é incrível
Vale a pena ler?
Os desenhos do Gustavo Duarte, por si só, já valem a pena. Traço limpo e quadros pensados para que, de fato, o texto não seja necessário para transmitir a trama e as emoções dos personagens.
Duarte tem um estilo bastante autoral, mas é perceptível uma influência bem-vinda do francês Albert Uderzo, desenhista e cocriador de Asterix e Obelix (1959), e de Al Hirschfeld, famoso ilustrador do The New York Times.
Sobretudo em Birds, o mundo antropomórfico é bonito, divertido e lúdico. Parece ganhar vida como em uma animação da Pixar. O autor, porém, mistura aquela realidade de ação e aventura com elementos de terror, não economizando em cenas sangrentas, o que dá uma sensação tragicômica.
As duas histórias são objetivas e de poucas páginas, mas em um ritmo arrebatador que funciona perfeitamente para cada trama. Vale a leitura.
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Sonhonauta (2022) – O Ultimato
Bebês Maníacos da Lagoinha (2021) – O Ultimato
Avaliação: Ótimo!
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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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