Saint Seiya o Começo, veja bem que eu estou optando por nem mesmo citar “Cavaleiros do Zodíaco” (e falaremos disso nesse texto) finalmente chegou aos cinemas depois de anos de incerteza desde seu anuncio em 2016 e o período entre o início dos anúncios de escalações.
O ano é 2023 galera, entre Marvel, DC e adaptações de jogos, se você estava esperando uma adaptação 100% fiel, você está vivendo errado. Já adianto que o filme tem bem pouco do Cavaleiros do Zodíaco que conhecemos, então se era isso que você esperava, lamento. Vamos falar aqui sobre a obra cinematográfica e o que funciona e o que não funciona nesse que promete ser só o capitulo inicial da saga de Seiya (ainda que sem “os outros”).
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Os Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya o Começo – Trama
Desde o lançamento de A Lenda do Santuário, o roteiro da fase inicial de Cavaleiros do Zodíaco vem sendo alterado. Sai o velho rico que adotou 100 crianças para enviá-las ao inferno na terra, entra o velho rico que está buscando escolhidos que possam proteger Atena. E aqui o roteiro empresta alguns elementos do remake em CG lançado na Netflix/Crunchyroll e reorganiza algumas coisas para tentar acertar onde o outro falhou.
Ao invés do sócio, Guraad aqui se torna a esposa de Alman Kido, que adotou junto com ele a pequena Saori, encarnação de Atena. Se a profecia introduzida na nova animação eventualmente terá um papel nessa possível franquia, esse filme não deixa claro. Ao invés disso, a motivação da vilã ganha contornos muito mais pessoais.
Falando do jovem protagonista, Seiya é um dos personagens que menos sofre alterações (tirando o fato de que ele não é filho de Kido como no mangá, mas isso já foi mudado no anime original e ninguém reclama). Um jovem crescido nas ruas, a motivação do rapaz segue sendo a busca por sua irmã. Vemos através de flashbacks a relação entre eles e como ela foi levada por misteriosos soldados para proteger o jovem Seiya.
A trama é bem simples e sem grandes mistérios, seguindo o herói relutante em aceitar seu papel que eventualmente precisa atender o chamado do destino. A escolha de focar apenas em Seiya nesse primeiro momento funciona bem, afinal o filme tem bem menos tempo que o anime para trabalhar as motivações de cada personagem, e ainda assim acaba tropeçando como apontarei mais para frente.
Direção, coreografia, CG, elenco e trilha sonora
Muitas pessoas devem ter na memória apenas o anime clássico de Cavaleiros e não o mangá. Digo isso porque eu mesmo até reler recentemente eu não me lembrava de algumas coisas como o humor debochado dos personagens. O anime com seus fillers mantém um ritmo frenético de combate para os personagens, mas no mangá, a revelação de Saori como Atena gera uma reação nada amigável dos protagonistas que respondem com um “to nem aí”.
Cito isso pois é o tipo de sentimento em cima do qual os roteiristas Josh Campbell, Matt Stuecken e Kiel Murray tentam trabalhar. Seiya quer encontrar sua irmã e a principio não está nem aí pra deuses e coisas do tipo ao invés de simplesmente embarcar voluntariamente na proteção de Saori.
Isso vem aos poucos, com a construção da relação entre eles que ganha contornos de um “teen movie”. Assim como no mangá e anime, a ideia do romance está presente, mas pelo menos eles tiveram o bom senso de não tornar isso o foco principal.
O maior dos acertos do filme fica por conta da coreografia. As lutas são grande parte do filme e se tivessem investido pouco nelas, o filme poderia ser um fracasso completo. Andy Cheng, responsável pelas lutas de Shang-Chi foi o responsável por trazer a tona a parte marcial de Cavaleiros do Zodíaco para a tela e creio que não poderia ter feito um trabalho melhor.
Um dos pontos fracos que com certeza será muito massacrado com certeza será o CGI, que em alguns momentos deixa a desejar. Mas considerando o orçamento desse filme, ele ainda vai longe nesse quesito, deixando para trás por exemplo o horrendo MODOK da Marvel.
A escolha do elenco pode ter deixado muita gente com a pulga atrás da orelha, mas com certeza grande parte das escolhas foi acertada. Sean Bean e Famke Janssen se saem muito bem em seus papeis antagônicos. Mackenyu e Madison Iseman conseguem criar uma química muito interessante como Seiya e Saori, e a garota consegue entregar uma atuação convincente como uma adolescente que foi privada de uma vida normal pelo seu destino divino.
Mark Dacascos rouba a cena como Mylock, a atualização de Tatsumi. Sai a espada de madeira, entre o badass de óculos escuro. Outra atuação que merece destaque é Nick Stahl como Cassios que é o personagem mais fiel ao mangá: um valentão unidimensional que não tem nada a acrescentar. Caitlin Hutson como Marin também entrega muito bem a mestra severa que leva Seiya ao limite (ainda que bem menos cruel que no mangá).
O único ponto fraco fica a cargo de Diego Tinoco, mas não podemos deixar toda a responsabilidade em suas mãos. O roteiro nunca permite que ele faça grandes coisas, mesmo que os trailers parecessem indicar o contrário. A motivação de Ikki é extremamente dúbia, e nunca chegamos a saber qual é realmente o seu plano.
Outro grande acerto do filme é a trilha sonora. Ao contrário do filme em CG que optou por uma trilha de batalha genérica tocada a exaustão, aqui a equipe parece ter aprendido com a serie clássica e cria composições que se encaixam muito bem sejam com as batalhas, o treinamento e os momentos mais dramáticos.
Saint Seiya o Começo – conclusão
Quem compara este filme como Dragon Ball Evolution merece reassistir aquela droga para poder se lembrar bem de todos os problemas. Ainda que esse filme passe longe de ser uma adaptação extremamente fiel de Cavaleiros do Zodíaco, ele consegue captar o suficiente da essência para entregar um filme competente no que se propõe.
Infelizmente, isso não impede o roteiro de ter problemas próprios, entregando um terceiro ato aguado ao tropeçar no clímax. O problema não chega a ser a forma como o conflito se resolve, mas no que eles deixam no ar.
Para um filme que pretende apresentar Cavaleiros do Zodíaco para uma nova geração, me parece muito errado da parte do roteiro deixar no ar coisas que talvez nem alguns fãs menos atentos entendam.
Saint Seiya o Começo com certeza seria o filme favorito do Thanos do MCU. Fissurado com a questão do equilíbrio, ele com certeza apreciaria um filme que encontra o balanço perfeito entre o excelente e o medíocre, entregando um excelente exemplo de algo ordinário.
Dragon Ball Evolution é ruim o bastante para ser lembrado. Super Mario tem qualidade o bastante para brilhar. Talvez a história de Seiya não tenha o suficiente de nenhum dos dois para evitar cair no esquecimento.
Avaliação: Bom!
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Créditos:
Texto: João Pedro Maia – JP
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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