*publicado originalmente em 07 de março de 2019.
Capitã Marvel (Captain Marvel) | |
Ano: 2019 | Distribuição: Disney / Buena Vista |
Estreia: 07 de Março |
Direção: Anna Boden, Ryan Fleck Roteiro: Anna Boden, Ryan Fleck, Geneva Robertson-Dworet (história e roteiro); Nicole Perlman, Meg LeFauve (história) |
Duração: 124 Minutos |
Elenco: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Ben Mendelsohn, Clark Gregg, Jude Law |
Sinopse: “Aventura sobre Carol Danvers, uma agente da CIA que tem contato com uma raça alienígena e ganha poderes sobre-humanos. Entre os seus poderes estão uma força fora do comum e a habilidade de voar.”
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Capitã Marvel é um típico filme do MCU, competente, bem-feito e sem grandes surpresas
Longa que estreia hoje nos cinemas pode não ser o melhor do universo de super-heróis, mas está longe de ser o pior deles como alegaram alguns sites
por Alexandre Baptista
Eu nunca li uma história da Capitã Marvel. Pra mim “capitã Marvel” era alguém confundindo o codinome da Mary Marvel com o do seu irmão, o Capitão Marvel que hoje é obrigado por lei a ser chamado de Shazam! muito embora tenha surgido antes nos quadrinhos.
Assim sendo, o longa da Capitã Marvel do MCU foi pra mim o primeiro contato com a heroína, e a forma como Anna Boden e Ryan Fleck conduzem o filme, funcionou a contento.
Era óbvio que o novo capítulo do universo Marvel nos cinemas seria uma história de origem. Eu, que já estava preparado para aquela chatice repetitiva de jornada do herói, fui surpreendido por uma competente repaginação da estrutura, que já coloca a personagem principal no meio da ação e sem grandes enrolações iniciais.
A trama funciona muito bem e os pontos de relação entre Capitã Marvel e o restante do universo do estúdio são muito bem amarradas e divertidas. É claro que acontecem uma ou duas inconsistências, como por exemplo Nick Fury e Phil Coulson chamarem a S.H.I.E.L.D. pela abreviação e não como Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão, conforme visto em Homem de Ferro (Iron Man, 2008) que se passa posteriormente ao longa da heroína kree. Mas ficar buscando esse tipo de detalhe é chatice de gente desocupada.
A trilha sonora é incrível, resgatando muitos dos hits dos anos 90 de maneira empolgante, transformando algumas cenas do filme em um belo clipe da Mtv. Detalhe especial para o pôster de Mellon Collie and the Infinite Sadness numa parede – álbum do Smashing Pumpkins que foi um dos símbolos desse período. A trilha incidental também é digna de nota, se inserindo de maneira orgânica no universo Marvel, seja nos tons mais épicos ao estilo da Avengers Suite; seja nos tons mais eletrônicos que lembram um pouco a trilha de Tron: o Legado (Tron Legacy, 2010) ou, de forma mais próxima, Thor: Ragnarok (2017).
O elenco está muito bem, seja Brie Larson no papel principal, Jude Law como Yon-Rogg, Ben Mendelsohn como Talos ou Keller, ou Annette Bening como Mar-Vell.
Samuel L. Jackson e Clark Gregg são particularmente interessantes, pois colocam uma dose de inocência em suas ações e trejeitos, evidenciando o quanto ambos agentes da S.H.I.E.L.D. ainda não estavam calejados e embrutecidos pelo dia-a-dia como operativos.
Detalhe: em uma cena podemos ver o crachá de Fury que aponta o nível de acesso do mesmo: nível 3! Isso é que é estar no início. Esse detalhe é importante pois explica as atitudes pouco usuais de Fury no filme: ele nunca havia visto um alien antes; ele canta; ele sorri; ele faz piadas; ele ainda tem os dois olhos. E esse toque sutil mostra uma delicadeza no roteiro que evidencia um desenvolvimento de personagem tremendo em cima de Nick Fury. Mais uma vez, ponto positivo para a Marvel na forma de conduzir um universo compartilhado tão gigantesco como esse e, dentro do humana e comercialmente possível, coeso.
Outro ponto positivo do filme são os efeitos visuais: ao contrário de outros filmes do MCU, em que temos uma ou outra cena em que a CGI se destaca negativamente, em Capitã Marvel as cenas estão muito bem-feitas, especialmente as cenas espaciais e rajadas de energia. Tudo bem que as cenas de vôo lembram bastante outro herói da empresa concorrente… o importante é que a cena é elegante e bonita.
Isso sem falar no rejuvenescimento de Fury e Coulson: nesse departamento, a Marvel tem feito trabalhos cada vez melhores, desde Robert Downey Jr. adolescente em Capitão America: Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016) e Kurt Russell como Ego em Guardiões da Galáxia vol.2 (Guardians of the Galaxy vol.2, 2017).
Um detalhe interessante é a presença de Maria Rambeau (Lashana Lynch) e sua filha Monica (Akira e Azari Akbar) no filme: nos quadrinhos, Monica Rambeau foi a primeira Capitã Marvel e a presença da personagem é um belo aceno a isso (até mesmo com uma possibilidade de “passagem do manto” futuramente).
Além disso, o filme conta com duas cenas pós-créditos, sendo uma delas já esperada e importante para a continuação e conexão dos filmes e a segunda uma piada divertida, mas sem grande importância.
A participação de Stan Lee é divertida e autorreferente, fazendo menção ao cameo dele em Barrados no Shopping (Mallrats, 1995), mas o melhor da cena é o sorriso de Brie Larson para Stan, que parece não ser do roteiro e sim da própria atriz, dando um toque muito humano em uma cena que, pra muitos, pode parecer banal. É fato que, quando ela aparece no longa, a homenagem ao autor nos créditos de abertura já estabeleceu um patamar alto demais para ser superado, sendo injusto avaliar a cena com essa nota de corte.
De modo geral, o vigésimo primeiro filme do MCU não está no meu top 5. Mas não está entre os últimos, de maneira alguma. Talvez seja apenas a legião de fãs mais devotos da empresa que esteja começando a se enjoar da velha fórmula que eles mesmo defenderam tão veementemente. Fato é que o Universo Cinematográfico Marvel agora tem uma representante feminina extremamente poderosa, capaz de, comercialmente, fazer frente a Supergirl e Mulher-Maravilha.
Avaliação: Bom!
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Trailer:
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