Conheça a detalhes inéditos da vida de Victor Fries em Batman: Um Dia Ruim – Senhor Frio
A essa altura você já deve conhecer a série da DC que evidencia momentos determinantes dos supervilões de Gotham City em one shots. O quarto volume, Batman: Um Dia Ruim – Senhor Frio, foi publicado pela Panini em julho, 68 páginas, e lançado originalmente como Batman: One Bad Day – Mr. Freeze em janeiro de 2023.
O título da história é O Inverno Mais Escuro. A equipe criativa tem o norte-americano Gerry Duggan no roteiro, o italiano Matteo Scalera na arte e o também norte-americano Dave Stewart nas cores.
Qual a tramaBatman: Um Dia Ruim – Senhor Frio por Gerry Duggan e Matteo Scalera
A catástrofe de Victor Fries, o Senhor Frio, é conhecida. Um cientista especializado em criogenia que descobre em sua esposa, Nora, uma doença terminal. Ele utiliza ilegalmente os laboratórios de uma grande empresa para criar a forma de manter Norma em estado criônico. Ao ser descoberto, acaba sendo jogado nos produtos químicos, que transformam seu organismo e fazem com que ele precise de temperaturas abaixo de zero para sobreviver.
Essa origem é celeremente reapresentada em Batman: Um Dia Ruim – Senhor Frio. Mas é na discussão sobre a possibilidade de regeneração do personagem que adentramos na mente de Victor Fries.
No período natalino, com Batman e Robin – Dick Grayson – no início de suas carreiras, Senhor Frio e Gélida tentam roubar um carro-forte. O Homem-Morcego, influenciado pelo esperançoso sidekick, propõe a Fries que trabalhe nos laboratórios da LexCorp com todos os recursos tecnológicos imagináveis para estudar uma maneira segura de tirar Norma do congelamento e tratá-la.
Parece muito simples. O que poderia ser melhor para Victor Fries? A não ser que a recuperação de Norma não fosse tão interessante para ele. E é aí que, sem darmos mais spoilers, Gerry Duggan acerta em acrescentar novas nuances ao personagem. Presumivelmente, as coisas não sairão tão boas quanto poderiam.
Paralelamente, desde o início do quadrinho, vemos flashbacks do relacionamento entre Victor e Norma. Pareciam se gostar, porém, estavam em vibes totalmente diferentes. Ele, focado no trabalho, sem sair de casa e sem dar a atenção necessária ao relacionamento. Ela, embora respeitando a vontade de Fries, não deixa de sair com os amigos para se divertir. Não é difícil imaginar que isso pode “dar ruim” se o marido for inseguro e ciumento. Passado e presente nos ajudam a montar o quebra-cabeça psicológico do enredo.
Vale a pena ler?
É legal pensarmos se eventos que “viram a chavinha” transformaram os vilões em vilões – queda em produtos químicos para Fries e Coringa, ácido no rosto de Harvey Dent, etc. – ou apenas permitiram que as feras antes escondidas saíssem da jaula.
A mente humana é complexa e diversa. É sempre legal quando roteiristas exploram a subjetividade de cada personagem e como os eventos traumáticos os atravessaram.
Gerry Duggan trabalha com essas possibilidades em Batman: Um Dia Ruim – Senhor Frio. Semelhante ao volume do Duas-Caras, o enredo é simples e objetivo. Apesar disso, o manejamento do protagonista – Sr. Frio – é ótimo, explorando bem o título da série sem ser tão óbvio.
O “dia ruim” é o corrente da obra ou o que o vilão descobre a doença da esposa? Ou o que cai nos produtos químicos? Para quem o dia é ruim? E destacam-se as perguntas: Victor Fries já foi bom? Ele poderá agir generosamente? A discussão psicológica da HQ chega a ser interposta pela própria dupla de super-heróis em suas conversas.
Concluindo, Batman: Um Dia Ruim – Senhor Frio não é a melhor ou mais marcante história do Batman com o vilão e nem parece ser a proposta. Em poucas páginas, o roteirista consegue apresentar o Sr. Frio a novos leitores e trazer um episódio atrativo aos antigos fãs – equação nem sempre tão fácil de se conseguir –.
Em resumo, o roteiro é competente e o final da trama, além de encaixado, dá um arremate perfeito e complexo para analisarmos a possível bondade do Senhor Frio. Sem entrar em detalhes, ainda fugindo de spoilers, temos uma conclusão que acaba com qualquer impressão de maniqueísmo que o decorrer da leitura ou o tema podem sugerir.
Sobre a arte: Os desenhos do italiano Matteo Scalera são eficientes. É possível perceber influências de quadrinistas europeus e do mainstream norte-americano. Quanto as cores de Dave Stewart, não há muito o que falar. Não à toa são recorrentes nas páginas de Marvel e DC. A paleta acentua o clima notívago e frio da história, mas os tons quentes aparecem nos trechos exatos em que são necessárias, como nos flashbacks de Nora ou no vermelho e amarelo do uniforme de Robin.
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Avaliação: Ótimo!
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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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