Conheça a novela gráfica oficial mais underground do Cavaleiro das Trevas em Batman Ano 100 de Paul Pope
Paul Pope é autor de clássicos modernos do sci-fi alternativo como Heavy Liquid (2001) e 100% (2005). Inaugurou nas revistas do Cavaleiro das Trevas – e nas grandes editoras – em 1998, com Batman de Berlim, na The Batman Chronicles (1995) #11.
Batman Ano 100 é o maior trabalho do autor com o super-herói. Uma minissérie em quatro capítulos, cerca de 200 páginas, que se passa na Gotham City de 2039. Saiu originalmente como Batman: Year 100 (2006). Roteiro e arte de Pope, cores do espanhol José Villarrubia.
No mesmo ano, a Panini publicou a íntegra da história dividida em dois encadernados de capa cartão, formato americano. Hoje, a melhor opção é o encadernado de luxo Batman Ano 100 e outras histórias (2019), que inclui, ainda, Batman de Berlim, Nariz Quebrado (2000), e Parceiro juvenil (2004).
Qual a trama de Batman: Ano 100 de Paul Pope
A HQ começa com muita ação e agentes federais perseguindo o protagonista próximo a cena do crime. “Temos um homem morto e um desconhecido em fuga… precisamos descobrir quem ele é!”, diz um membro da Força Policial Centralizada (FPC), agência ligada a Segurança Nacional.
Na Gotham distópica de 2039, que nem parece tão futurista, o Cavaleiro das Trevas é considerado uma lenda urbana. Mas eis que ele não apenas aparece como se torna suspeito do assassinato de um policial no metrô.
Em um vídeo, com um pouco mais de atenção, os agentes percebem que o fugitivo se parece com a figura do Batman. O comandante da FCP, oficial Pravdzka, convoca imediatamente seus agentes de confiança para conduzirem o caso: o violento Tibble e o telepata Mercer.
A arte de Pope é autoral e com muita ação em Batman Ano 100
Gordon, o neto, capitão do Departamento de Polícia de Gotham City (DPGC), é barrado da investigação pelo FCP, que afirmam ter alçada federal. Ele começa a perceber que tem algo errado e segue a investigação de forma independente.
Enquanto isso, descobrimos que Batman tem o apoio da legista Dra. Goss, da filha especialista em tecnologia – que funciona meio que como a Oráculo – Tora, e do Robin. O Homem-Morcego não tem toda a memória do fatídico dia do assassinato do agente federal, e precisará entender o que houve lá e porque estão o perseguindo.
Obviamente, há muito mais do que um assassinato. A mídia é manipulada pelas autoridades, que não querem expor a possível “volta do Batman”. No DPGC, por algum motivo, os arquivos sobre o herói são menos de uma dúzia de fotos de má qualidade e escritos suspeitos. Sim, há uma intriga em um Estado policial. Mas os detalhes e surpresas ficam para a leitura!
Vale a pena ler?
Paul Poupe não segue um estilo mainstream, digamos assim, o que já sugere que temos uma história fora do comum em mãos.
Em contraste ao futuro cheio de tecnologia e carros voadores de Batman do Futuro, mais blockbuster, o universo de Pope é meio sujo. Aquela sensação de megalópole abandonada, urbano decadente. Algo como as regiões menos privilegiadas de Hong Kong, por exemplo, ou de qualquer área superpopulosa com prédios velhos.
Batdentadura? Sim! Para aumentar a aparência assustadora do Morcego…
O traço dele, aliás, é sensacional. Bem alternativo, underground. Parece que coloca ali influências de artistas do mundo todo. Por vezes, alguma coisa lembra até Os Gêmeos, do grafite. Quadrinhos europeus, latinos e orientais influenciam nessa mistura. Expressões e movimentos têm certa distorção.
O Batman de Pope sangra, perde o fôlego, é humano. No coturno, vemos até o cadarço. As minúcias são bem pensadas, tanto nas referências a toda história do Batman quanto nos elementos para dar vida as cenas, como o próprio quadrinista indica em um posfácio.
“Há muito tenho uma implicância pessoal com […] artistas que não desenham costuras e pregas em tecidos. Eles têm que estar ali – assim como suor e sujeira, a propósito – de outra forma, seus personagens vão parecer manequins de vitrine,” diz Pope. Não se engane, os traços são estilizados e autorais, apesar desse retrato mais realista.
O roteiro é de intriga policial e investigação, com um quebra-cabeças bem bolado e muita ação. Começa com poucas informações e vai num crescente, desde o início gerando curiosidade com todo aquele universo Gotham de 2039 e seus personagens. Batman é apenas um mito? Como ele está vivo após 100 anos? O que ele quer? O que está por trás do assassinato?
São perguntas que os federais também fazem. Nem todas Pope faz questão de responder, o que deixa a história ainda melhor. Com gosto de quero mais, embora bem fechada em si. Para o leitor que quer algo diferente, embora reconhecível para quem conhece as outras obras do autor.
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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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