Um dos mais importantes mangakás de todos os tempos, sem dúvidas, é Kiyoshi Nagai – conhecido popularmente como Go Nagai. Antigo assistente de um gênio do mercado chamado Shotaro Ishinomori (confira aqui a lista com suas melhores obras), Go Nagai logo chamou a atenção de todos com sua produção desenfreada (as vezes alternando entre até 4 séries ao mesmo tempo) e seu estilo polêmico.
Enquanto Osamu Tezuka criava os alicerces do mangá, Go Nagai incrementava elementos jamais visto, com uma coragem surpreendente. Foi Go Nagai que colocou violência e erotismo nos mangás, surpreendendo a sociedade japonesa que muitas vezes repudiaram suas obras.
Porém, sem ele, talvez não tivéssemos a onda ultraviolenta de mangás e animes nos anos 80 e 90 no Japão. No decorrer de sua carreira, Go Nagai revolucionou a indústria de mangás: popularizou o gênero Ecchi, mudou os gêneros Mecha e Mahou Shoujo, além de influenciar obras como Neon Genesis Evangelion e Berseck.
Hoje vamos falar sobre as melhores obras de Go Nagai, um autor que revolucionou e chocou a indústria de mangás.
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As Melhores Obras de Go Nagai
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Mazinger Z
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Inspirado pelo sucesso de Astro Boy de Tezuka, Go Nagai também queria ter seu robô e em 1972, Mazinger Z começa a ser publicado, se tornando o pontapé inicial da popularização do gênero Mecha. Gerando adaptações como animes, peça teatral e vários spin-offs, Mazinger Z mostrou pilotos controlando os robôs gigantes em seu interior, através de um cockpit, algo inédito até então, que até hoje é usado.
Na história, conhecemos Koji Kabuto, neto de um estudioso famoso, o Professor Kabuto. Quando o Professor é fatalmente ferido pelos homens do Doutor Hell (um megalomaníaco que quer conquistar o mundo), ele revela antes de morrer para seu neto que projetou um robô gigante, chamado Mazinger Z, capaz de lutar contra as forças do Mal.
Koji assume o controle do robô e consegue controlá-lo, e a partir de então, busca derrotar todos os inimigos que aparecerem em sua frente
Aqui no Brasil, Mazinger Z será publicado pela New Pop, em 2021.
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Devilman
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Produzido ao mesmo tempo que Mazinger Z, Devilman revolucionou a indústria de mangás, misturando terror, violência e ação. Go Nagai vai além do que era “aceitável” nos mangás do início dos anos 70, com lutas extremamente violentas, atrelado com nudez, em uma mesma obra, algo surreal de se pensar para a época.
Na trama, descobrimos que demônios da antiguidade estão disfarçados entre humanos e planejam nos dizimar para reconquistar o controle do planeta Terra. Akira Fudo, depois de muita relutância, aceita a proposta de também se transformar em um demônio para salvarem a humanidade, de seu amigo Ryo Asuka, e se funde ao poderoso demônio Amon –nascendo assim, o lendário Devilman.
Com brutalidade, nudez, machismo, selvageria, objetificação sexual, sangue e muitos outros aspectos, Devilman se torna um dos maiores e mais controversos clássicos japoneses nos mangás.
Aqui no Brasil, a New Pop publicou a obra em 2 volumes.
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Violence Jack
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Considerado por muitos o mangá mais doentio de Go Nagai, Violence Jack introduziu mundos pós-apocalípticos nos mangás, com elementos clássicos já presentes como deserto com gangues de motoqueiros , violência, ruínas, e aldeias abandonadas. Violence Jack influenciou obras como “Berseck” e “Hokuto No Ken”, além de várias séries de games.
A obra é uma espécie de sequencia de Devilman, e trata de uma terra violenta, destruída por desastres ambientais e corrompida pela dureza de coração das pessoas. Nela, um homem surge para implantar suas justiça, Jack, que atravessa o mundo ajudando os desamparados e inocentes sem esperar nada em troca de seus feitos heróicos.
Embora aparente ser um cara legal, seu estilo de luta perigoso às vezes mata alguns inocentes. Considerado um dos mangás mais violentos de todos os tempos, o anime da série foi indicado pelo “WhatCulture” como tendo a segunda morte mais horrível na história.
A obra segue sem previsão aqui no Brasil .
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Cutie Honey
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Cutie Honey foi mais uma obra de Go Nagai que revolucionou os mangás. Foi a primeira série de mangá shounen que teve uma protagonista feminina. Além disso, Go Nagai criou a idéia de “garotas mágicas”, com poderes e transformações, para combater os inimigos.
Na história, Honey Kisaragi é uma superandroide que possui em seu corpo o “Dispositivo de Fixação Elemental” (invenção de seu pai e criador que a permite se transformar no que quiser). No entanto, ele acaba sendo assassinado pela organização criminosa Garra da Pantera, que está atrás de por as mãos na inovadora tecnologia.
A saída que a androide encontrou foi uma: se transformar na Cutie Honey, uma belíssima heroína que lutará contra esse grande inimigo e vingar a morte do pai.
A obra foi publicada aqui no Brasil pela New Pop
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Harenchi Gakuen
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Harenchi Gakuen (algo como “Escola Escandalosa”) é o primeiro grande sucesso de Go Nagai e uma das primeiras séries a serem serializadas na famosa Weekly Shōnen Jump, em 1968. Também é considerado como o primeiro mangá erótico moderno e visto como a primeira série de mangá ecchi.
A obra causou um “escandalo moral” no Japão, que culminou com Go Nagai ser forçado a encerrar a publicação com o risco de ser preso por atentar contra a moral pública. A história é sobre as várias desventuras repletas de traquinagens de Yasohachi “Oyabun” Yamagishi, Mitsuko “Jubei” Yagyu e seus amigos dentro e fora da escola, com direito a meninos espiando as meninas trocando de roupa, garotas levantando saias e mostrando as calcinhas, e mais algumas cenas escandalosas.
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Segundo o mangaká, a meta de Harenchi Gakuen não era o erotismo, e sim abordar e tentar romper o tabu dos japoneses de falar sobre sexualidade.
A série ainda não foi publicada aqui no Brasil e segue sem previsão..
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Dante Shinkyoku
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Adaptação em mangá do clássico livro ‘A Divina Comédia’, de Dante Alighieri, essa obra para mim é um dos pontos mais alto dos trabalhos de Go Nagai. Na história, Dante Alighieri vaga perdido em uma floresta após ser banido da cidade das flores- Florença, Itália.
Seguindo uma estrela, Dante escala uma montanha guardada por três bestas, até que é salvo pelo poeta romano Virgílio, que o servirá como uma espécie de guia até o inferno, porém, Dante terá que passar por horrores e pecados nos nove círculos infernais. Com desenhos fantásticos, Go Nagai faz uma das melhores adaptações que esse clássico da literatura possui.
A obra será publicada aqui no Brasil em 2021 pela New Pop
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Getter Robo
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O mangá de Getter Robo é feito pelo assistente de Go Nagai, Ken Ishikawa, com sua permissão. Go Nagai, na verdade, foi o criador de Getter Robo, onde o design principal surgiu na época de Mazinger Z.
Getter Robo se tornou uma das obras mais inspiradoras do gênero mecha pelo fato de apresentar a ideia de robôs diferentes se unirem para criar um mecha gigante, ideia que foi amplamente consagrada depois, nas séries super-sentai. Como o robô, seu design e seu conceito é peça central da franquia, Ishikawa atribuiu a Nagai sua criação e seu mentor como o co-criador do mangá original.
A obra ainda não foi publicada no Brasil e segue sem previsão..
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Dororon Enma-kun
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Nesta série, conhecemos uma patrulha demoníaca, formada por Enma, Yukiko Hime e Kapaeru, que são enviados ao mundo humano para prender demônios. A série, mesmo que não pareça com Devilman por exemplo, ainda foge do politicamente correto, e tem piadas e sátiras envolvendo conotação sexual.
Porém, Go Nagai também usa esses artifícios para fazer críticas principalmente ao machismo, algo tão presente na sociedade japonesa. Misturando magia, comédia e pitadas de terror, Dororon Enma-kun é uma das obras mais famosas de Go Nagai no Japão, mas ainda não é tão popular no resto do mundo.
A série ainda não foi publicada no Brasil e segue sem previsão.
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Kekko Kamen
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Sendo outro trabalho de Go Nagai que popularizou o gênero ecchi, a série conta sobre as desventuras de uma estudante chamada Mayumi Takahashi, que frequenta um internato dirigido por psicopatas sádicos. Os professores estão constantemente procurando maneiras de torturar ou humilhar os alunos e, a partir disso, obtêm satisfação sexual. A única proteção de Takahashi é de uma misteriosa super-heroína nua – a Kekko Kamen.
Com uma enorme quantidade de “humor atrevido”, piadas obscenas, e mesmo assim fazendo sucesso, Kekko Kamen ganhou outras mídias, como OVAs e filmes live-actions.
A série ainda não foi publicada no Brasil e segue sem previsão.
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Susano-Oh
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Baseado no folclore japonês, porém com uma roupagem mais moderna, Susano-Oh deu a Go Nagai o Prêmio Kodansha Manga na categoria Shōnen. Na história, conhecemos o preguiçoso estudante do ensino médio Shingo Susa, que se junta ao clube de Pesquisa de sua escola por mediação de Sayuri Yukishiro, seu amor não correspondido.
No entanto, o que inicialmente parecia ser um paraíso para sonhadores e amantes da ficção científica, torna-se um caso sério com a presença de dois médiuns, a bela Chigusa Mitsurugi e a misteriosa Rei Uryu.
A vida de Shingo, então, muda completamente depois que uma gangue de delinquentes, servindo a uma organização inimiga, aparece atacando-os e estuprando Sayuri. O trauma faz com que o potencial psíquico preso de Shingo exploda e crie uma personalidade alternativa ,violenta e poderosa, decidida a se vingar.
A série ainda não foi publicada no Brasil e segue sem previsão.
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Com 50 anos de carreira, Go Nagai continua ativo. Recentemente, produziu mais sequências de Mazinger Z e Devilman, além de obras históricas com mitologia envolvida e mais comédias com pitadas eróticas, ou seja, tudo que ele faz de melhor.
Além disso, para comemorar seus 45 anos de trabalho, Mazinger Z, Devilman e Cutie Honey ganharam novas adaptações. Mazinger Z infinity foi lançado nos cinemas, Devilman Crybaby foi produzido para o Streaming da Netflix e Cutie Honey Universe pra TV japonesa. Genial e controverso, Go Nagai está marcado na história da indústria, tendo a coragem, que muitos não tiveram, de explorar e ultrapassar os limites do mangá.
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Créditos:
Texto: Breno Raphael
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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