por Breno Raphael
Hoje, 1 de março, a Netflix colocou em seu catálogo o segundo lote, dos três previstos, da filmografia do Studio Ghibli. Agora, mais sete filmes já estão disponíveis e vamos falar deles hoje:
Nausicaä do Vale do Vento (1984)
Escrito e dirigido por Hayao Miyazaki, “Nausicaä do Vale do Vento” é baseado no mangá de mesmo nome lançado em 1982. O filme foi desenvolvido antes do Studio Ghibli, mas em futuros relançamentos, foi considerado parte de sua filmografia por conter diversas semelhanças com as obras futuras, e também por ser o principal motivador da criação do Ghibli devido ao grande sucesso que atingiu.
Na trama, a humanidade se esforça em sobreviver em um mundo em ruínas, dividido em pequenas populações e impérios, mil anos após os "7 Dias de Fogo", um evento que destruiu a civilização humana e a maior parte do ecossistema da Terra. Isolados um dos outros pelo "Mar da Corrupção" e uma floresta tóxica com plantas e insetos gigantes, Nausicaa, é a princesa do pequeno reino do Vale do Vento, que tenta compreender melhor estas florestas nocivas aos humanos, ao mesmo tempo que tenta salvar seu povo dos reinos vizinhos.
Com uma animação fantástica e visuais de encher os olhos, o filme ainda toca em pontos como poluição do meio ambiente, política, e os prejuízos da guerra.
Avaliação: Ótimo
Também escrito e dirigido por Hayao Miyazaki, “Princesa Mononoke” custou cerca de US$20 milhões figurando como uma das animações mais caras já produzidas da história do cinema animado japonês para a época em que foi feito, e foi o filme com a maior bilheteria da história no Japão até a estreia de Titanic, arrecadando incriveis US$158 milhões. Na história, a aldeia de Ashitaka é invadida por um estranho demônio, e quem resolve enfrentá-lo é um corajoso príncipe. Ele luta com o bicho e consegue matá-lo, mas antes, fica com o braço ferido e é contaminado por uma maldição. Ele irá se corroer pelo ódio até se tornar um demônio igual ao outro e morrer, a não ser que ele vá atrás da cura na floresta proibida. É aí que começa a jornada de Ashitaka, que além de enfrentar animais fantásticos e os mistérios da natureza, também vai conhecer a pequena San, ou Princesa Mononoke. Com um visual lindo, e uma fotografia de cair o queixo, além de um roteiro envolvente e apaixonante de Miyazaki, “Princesa Mononoke” faturou prêmios importantes no Anime Grand Prix , no Japanese Academy Awards e no Mainichi Art Award.
Avaliação: Excelente
Meus Vizinhos, Os Yamadas (1999)
“Meus Vizinhos” é mais um filme do Ghibli por Isao Takahata (já falamos dele na parte 1 desse especial do Ghibli, lembra?). Um costume do Ghibli era alternar entre produções gigantes e filmes mais contidos. “Meus Vizinhos” é apenas o dia a dia da família japonesa Yamada, composta pelo pai Takashi, a mãe Matsuko, a sogra Shige, o filho Noboru, a filha Nonoko e o cachorro da família, Pochi. Dividido em pequenos quadros, como em tirinhas de jornal, cada um foca em determinada situação cotidiana da família e cada pequena esquete recebe um título, e assim o filme vai, até o seu final.
Deixando de lado a parte do Ghibli mais reflexiva e filosófica, “Meus Vizinhos” é assumidamente uma comédia, com um humor e estilo que lembra muito “Mafalda”. Abordando a vida cotidiana, o filme traz bastantes comentarios sobre a convivenvia humana, artifício presente em tiras de jornais. Uma curiosidade é que “Meus Vizinhos” é o primeiro filme do Ghibli a ser totalmente animado via computadores.
Avaliação: Ótimo
A obra-prima de Miyazaki conta a história de Chihiro, uma garota de 10 anos que acredita que todo o universo deve atender aos seus caprichos. Ao descobrir que vai se mudar, ela fica furiosa. Na viagem, Chihiro percebe que seu pai se perdeu no caminho para a nova cidade, indo parar defronte um túnel aparentemente sem fim, guardado por uma estranha estátua. Curiosos, os pais de Chihiro decidem entrar no túnel e Chihiro vai com eles. Chegam numa cidade sem nenhum habitante e os pais de Chihiro decidem comer a comida de uma das casas, enquanto a menina passeia. Ela encontra com Haku, garoto que lhe diz para ir embora o mais rápido possível e ao reencontrar seus pais, Chihiro fica surpresa ao ver que eles se transformaram em gigantescos porcos. É o início da jornada de Chihiro por um mundo fantasma, povoado por seres fantásticos, no qual humanos não são bem-vindos.
Chihiro alçou o estúdio Ghibli aos maiores patamares e conquistou o mercado e público ocidental, que foi atrás de saber mais sobre as suas obras. É um filme rico em críticas e simbolismos, com uma animação espetacular e um visual arrebatador. Miyazaki toca em assuntos como capitalismo, ganância, machismo, a relação de natureza e tecnologia … enfim , vários pontos são abordados .
Chihiro ganhou trinta e cinco prêmios, entre os quais incluem o Oscar de Melhor Filme de Animação em 2003, sendo o único filme em língua não-inglesa a ganhar o prêmio até agora. Na vigésima quinta premiação dos Prêmios da Academia Japonesa – o equivalente japonês do Oscar – recebeu os prêmios de melhor filme do ano e melhor canção. No Festival Internacional do Cinema de Berlim de 2002, o longa-metragem conquistou o Urso de Ouro. Sem dúvidas, uma da melhores animações de todos os tempos.
Avaliação: Impecável
Continuando a alternância já citada nessa matéria, após os estrondoso “A viagem de Chihiro”, os animadores do Ghibli resolveram descansar, e seu próximo projeto é um filme pequeno como era de se esperar.
dirigido por Hiroyuki Morita, “O reino dos Gatos” conta a história de Haru, uma menina preguiçosa e que sempre se atrasa para a escola, que após salvar um gato de ser atropelado, recebe a visita do Rei dos Gatos. Ele a convida para conhecer seu reino, onde os animais falam e comportam-se como seres humanos.
É um filme sem grandes pretensões, que se foca na parte do humor e na aventura. Com uma arte simples, mas bem delicada, o filme abraça a simplicidade e entrega uma animação que tem um único objetivo: ser divertida.
Avaliação: Bom
Dirigido por Hiromasa Yonebayashi, escrito por Hayao Miyazaki e baseado no romance de Mary Norton, o filme conta a história de Arrietty, que vive em seu minúsculo mundo com a família, fazendo de tudo para manter em segredo a existência de todos. Sobrevivendo como pequenos ladrões, eles conhecem as regras para que nunca sejam percebidos pelos verdadeiros – e grandes – donos da casa. Para isso, procuram manter a desconfiança deles em cima dos gatos e ratos e tomam todos os cuidados possíveis para evitar de serem vistos. Contudo, quando um jovem rapaz se hospeda na casa, a pequenina Arietty acredita que poderá manter uma amizade com ele, apesar da diferença dos tamanhos.
Este é o filme de estreia do diretor Yonebayashi, que já era animador do Studio Ghibli, que tem um roteiro genérico e simples. Mais uma vez, parece que o Ghibli quis diminuir a escala de sua produção, trocando seus filmes com aventuras épicas por algo nada muito inovador. Até a própria animação parece ser feita por um estúdio de menor nome, que luta para ter elementos clássicos do Ghibli. Mesmo com tudo isso, é um filme divertido e simpático de se ver. Até quando faz o básico do básico, o Ghibli consegue ser bom.
Avaliação: Bom
O Conto da Princesa Kaguya (2013)
Após a despedida de Hayao Miyazaki, com Vidas ao Vento, o adeus de seu amigo e co-fundador do Studio Ghibli, Isao Takahata veio no mesmo ano. Realizado e escrito por Takahata , “O conto da Princesa Kaguya) foi baseado no folclore japonês ‘O Conto do Cortador de Bambu’. Kaguya era um minúsculo bebê quando foi encontrada dentro de um tronco de bambu brilhante. Passado o tempo, ela se transforma em uma bela jovem que passa a ser cobiçada por 5 nobres, dentre eles, o próprio Imperador. Mas nenhum deles é o que ela realmente quer. A moça envia seus pretendentes em tarefas aparentemente impossíveis para tentar evitar o casamento com um estranho que não ama. Mas Kaguya terá que enfrentar seu destino e punição por suas escolhas.
É um filme mais difícil, que não atrai muitas crianças (como outros do Takahata). O diretor dispensa o uso de magia e do tom aventuresco, que são símbolos do seu amigo Miyazaki. A arte é um deslumbre, principalmente pelo uso das cores, que é sensacional.
Com um estilo totalmente diferente, fazendo filmes que muitos consideram “chatos” ou “parados”, Takahata em sua despedida, é melhor que o Miyazaki em “Vidas ao Vento” e entrega tudo o que era de esperado em uma obra sua: a calmaria dos acontecimentos, um realismo absurdo e o foco tanto nas questões cotidianas, quanto na história.
‘Kaguya’ conquistou uma série de prémios, entre eles o de melhor longa-metragem no festival português de animação Monstra, foi indicada ao Oscar, e com certeza, figura na lista das melhores animações deste século.
Avaliação: Excelente
No dia 1 de Abril tem mais uma matéria especial aqui no Ultimato do Bacon, falando dos filmes do último lote, que completarão a filmografia do Studio Ghibli na Netlfix.
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