Adagio de Felipe Cagno é a HQ Brasileira de nossa coluna hoje!
Os fãs de ficção científica tem mais uma ótima HQ brasileira para ler. O autor de HQs Brasileiras Felipe Cagno, que já participou de um Costelinha, o podcast do Ultimato do Bacon, e já teve sua obra The Few And The Cursed indicada nesta coluna, escreve uma obra interessante que cria um universo tecnológico fascinante.
A HQ Adagio de Felipe Cagno foi publicada originalmente em 2018 em um encadernado capa cartão com uma história inédita. A HQ não faz parte de nenhuma coletânea ou universo específico e é independente de outras do autor.
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Adagio de Felipe Cagno tem nos sonhos seu principal foco narrativo
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Adagio de Felipe Cagno – O Universo
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O desenvolvimento de Adagio de Felipe Cagno é bom, mas melhor do que o próprio desenrolar da trama é a ideia do autor. A HQ nos apresenta a um novo mundo onde os sonhos se tornaram um negócio.
Nele as redes sociais (que produzem celebridades) são substituídos pelos sonhos – que são tratados quase como programas de televisão. Os sonhadores ficam famosos conforme seus sonhos viralizam e existem pessoas que conseguem direcionar o que vão sonhar – sendo esses os mais aptos a fazer fama.
É no meio desse “admirável mundo novo” que somos apresentados a duas personagens principais da trama: Kaya e Pen. As jovens são duas estudantes que – como todos nesse universo – se relacionam com a rede de compartilhamento de sonhos – chamada de Adagio. Kaya sonha em se tornar uma “dreamer” famosa. A história começa a ganhar contornos ainda mais interessantes quando a personagem descobre que tem pesadelos que não são “barrados” pelo sistema…
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Adolescentes se reúnem para usar drogas e sonhar na HQ Adagio de Felipe Cagno
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A HQ tem todas as características de um excelente episódio de Black Mirror (algo que o próprio autor comentou que é mencionam a ele, apesar de nunca ter assistido o seriado) e isso não é pouco elogio.
A tecnologia disruptiva, a crítica a nossa sociedade a pessoalidade da história são muito bem pensados e montados – e apesar de tratar de sonhos, é nítido que aqueles personagens desesperados por “fama” existem também no nosso mundo real.
Cagno solta algumas pistas de mudança desse universo sem aprofundar muito e os leitores mais atentos vão perceber falas como “ele tem uma casa? Mas isso é muito caro” e “como aqueles filmes de terror de 100 anos atrás?” – isso só nos deixa ainda mais animados para uma eventual continuação (vale registrar porém que a história é 100% auto contida e não deixa nenhuma espécie de “ponta solta”).
Adagio de Felipe Cagno não deixa de ser uma história sobre adolescentes que querem se descobrir e achar seu “lugar no mundo” – até o drama familiar tem espaço aqui.
A diferença é que o autor faz isso com uma grande e chamativa tecnologia de plano de fundo e não tem medo de abordar temas mais polêmicos. O desenvolvimento de Adagio realmente surpreende e é uma excelente pedida para os fãs de ficção científica. Espero que Felipe Cagno e anime e traga mais histórias desse universo se passando em outros locais e, quem sabe, com outras faixas de idade para os protagonistas.
Se você é fã de HQs Brasileiras, não deixe de conhecer nossa coluna sobre o tema e aproveite também para conhecer a coluna Baú de HQs do Ultimato do Bacon!
Confira também as matérias sobre Luzes de Niterói, Bizarra e Gatilho!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Edição: Alexandre Baptista
Imagens: Reprodução
Adagio de Felipe Cagno – Matéria publicada originalmente em 29 de julho de 2020.
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