A Menina e o Leão (Mia and the White Lion) | |
Ano: 2019 | Distribuição: Paris Filmes |
Estreia: 09 de Maio |
Direção: Gilles de Maistre Roteiro: Gilles de Maistre, Prune de Maistre, William Davies, Jean-Paul Husson |
Duração: 137 Minutos |
Elenco: Daniah De Villiers, Mélanie Laurent, Langley Kirkwood, Brandon Auret |
Sinopse: “Mia, de dez anos de idade, tem sua vida virada de cabeça para baixo quando sua família decide deixar Londres para administrar uma fazenda de leões na África. Quando nasce um lindo leão branco, Charlie, Mia encontra a felicidade mais uma vez e desenvolve um vínculo especial com o filhote. Quando Charlie chega aos três anos, a vida de Mia é abalada mais uma vez quando ela descobre um segredo perturbador mantido por seu pai. Atormentada pelo pensamento de que Charlie poderia estar em perigo, Mia decide fugir com ele. Os dois amigos partem em uma incrível jornada pela savana sul-africana em busca de outra terra onde Charlie possa viver sua vida em liberdade.”
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A Menina e o Leão é um filme sofrível, mal escrito e que fala sobre a “caça-enjaulada” da pior maneira possível
Longa que estreia em 09 de maio nos cinemas nacionais tem uma bela fotografia e só
por Alexandre Baptista
Eu odeio críticas destrutivas. Odeio ler críticas destrutivas, odeio escrevê-las. Tento sempre pensar que, qualquer coisa realizada, teve pelo menos uma boa intenção por trás, pessoas trabalhando naquilo e algum tipo de envolvimento que justifique, pelo menos, o esforço.
No entanto, A Menina e o Porquinho, digo, A Menina e o Leão, não me deixou outra escolha. É preciso alertar os espectadores para passarem longe desse sofrível filme, mal escrito, mal dirigido, calcado em preconceito e que tenta lucrar com uma mensagem de “proteção da fauna” da pior maneira possível.
Não, não estou falando da maneira fraca e fantasiosa que o roteiro do filme usa para contar como Mia leva Charlie, o leão "branco", para um santuário animal na África do Sul, contra todas as expectativas. O revoltante é o uso, nas filmagens, de um número gigantesco de animais selvagens, criados em cativeiro e adestrados como animais domésticos em uma produção que se diz contra isso. Mas, sobre essa polêmica específica, confira as matérias da Variety e da ICARUS.
Falando somente do filme, ainda que essa polêmica seja ignorada, o longa segue tendo um roteiro que tenta palidamente reinventar clássicos como a animação A Menina e o Porquinho (Charlotte’s Web, 1973) e Beleza Negra (Black Beauty, 1994) de forma atabalhoada, desajeitada e tosca.
A maneira como o roteiro tenta estabelecer o isolamento social de Mia é ruim, forçado e totalmente irreal. A garota, que se mudou com a família de Londres para a África do Sul, não faz amizades no novo local e, portanto, mantém contato, pelo computador, com um velho amigo de Londres. No entanto, o garoto, que falava todo dia com ela, em semana de provas e precisando estudar, desliga uma chamada de Mia, desculpando-se com a garota.
Pobre rejeitada, por tudo e por todos, sozinha no mundo… é claro que a única opção dela é fazer amizade com o filhote de leão albino que o pai trouxe para dentro de casa alguns dias antes… Filhote esse que, assim como todos os animais, é odiado por Mia por ter mais atenção de seus pais do que ela. Mas, obviamente, quem não tem opção, aceita qualquer coisa e a criatura, minutos antes odiosa, torna-se a melhor e mais profunda expressão de afeição, amor e amizade para a protagonista.
Eu disse que o pai da garota trouxe o leão pra dentro de casa? Pois é, a tensão dramática do filme, em grande parte, é justamente no conflito entre os pais e a garota, justamente acerca da presença do leão dentro de casa. Mas eu juro que achei que o primeiro a colocar o bicho em cima da mesa de jantar tinha sido o pai dela…
Pra não deixar isso aqui muito extenso, afinal ninguém da nova geração lê mais que 500 palavras na internet, vamos só lembrar que até mesmo a atuação da geralmente excelente Mélanie Laurent, que interpreta a mãe de Mia no longa, está sofrível.
A produção de A Menina e o Leão ainda tentou copiar Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood, 2014), congelando as filmagens por três anos para esperar a garota e o leão crescerem de verdade. Só que a “técnica” surte o efeito inverso e dá uma sensação de estranheza absurda no longa. A garota, que no começo é até simpática em sua atuação, parece ter ficado longe dos palcos e produções nesse tempo e está bastante travada nas cenas “pós-crescimento”.
Acrescido a isso tudo, vale mencionar a total falta de cuidado da produção em evidenciar o Apartheid que ainda ecoa nas paragens sul-africanas: todos os negros do filme estão em funções de subemprego e é simplesmente nojenta a forma de representação escolhida pelo diretor que, dizendo-se preocupado em evidenciar maus tratos animais, entrou em estereótipos de preconceito humano ainda piores. É possível evidenciar diversos escravos, a tradicional mucama e até mesmo um belo quilombola ao final desse belíssimo longa de época (ironia intencional).
Pra não dizer que o filme não tem nada de bom, a fotografia é realmente belíssima. Mas não dá pra levar isso em consideração depois que John Owen, o pai de Mia, diz que nem Obi-Wan Kenobi segura uma alcateia de leões famintos…
Por que %$#$& citar um mestre jedi que, com o uso da Força, manteria metade dos felinos no ar e, com seu sabre-de-luz, fatiaria em alguns pedaços o restante? Só pra inserir no roteiro pontos de conexão e intertextualidade oras! E nem isso fizeram direito.
Se vale a pena ver esse filme? Não! Fuja, fuja para as colinas. Ou, como diria o Leão-da-Montanha, saída estratégica pela esquerda!
Avaliação: Péssimo
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