A Maldição do Espelho (Pikovaya dama. Zazerkalye) | |
Ano: 2019 | Distribuição: Paris Filmes |
Estreia: 12 de Março (Brasil) |
Direção: Aleksandr Domogarov Roteiro: Maria Ogneva |
Duração: 83 Minutos |
Elenco: Angelina Strechina, Daniil Izotov, Yan Alabushev |
Sinopse: O sinistro fantasma da Rainha de Espadas está novamente sedento por sangue, e, desta vez, suas vítimas são os alunos do internato localizado numa antiga mansão, envolta em rumores sombrios. Divertindo-se com as histórias de terror sobre os assassinatos de crianças nesta casa no século XIX, os adolescentes encontram na ala abandonada do edifício um espelho misterioso coberto de desenhos misteriosos. Por diversão, os alunos iniciam diante desse espelho o ritual místico de chamar o espírito da Rainha de Espadas para realizar seus desejos mais íntimos, esperando que o fantasma os cumpra. Os jovens não sabem que suas próprias almas serão o preço a pagar por cada capricho que virá, e que a Rainha de Espadas não descansará até conseguir todos eles.
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A Maldição do Espelho ou a maldição do cinema?
Longa que estreia nesta quinta-feira, 12 de março, é fraco, batido, chato e desnecessário
por Alexandre Baptista
Uma das peças fundamentais de um bom filme é seu roteiro. E bons roteiros, geralmente são criados a partir de bons argumentos, bons materiais de base, boas histórias.
A Maldição do Espelho, livremente inspirado pelo conto de Alexander Pushkin, A Dama de Espadas (Pikovaya dama, 1834), tinha um bom material de base. O conto em si, inspirou Modest Tchaikovsky a escrever o libreto da ópera homônima de seu irmão Piotr Ilyich em 1890. Inspirou também mais seis filmes em 1910, 1916, 1960, 1982, 1986, além de A Dama do Espelho – O Ritual das Trevas (Pikovaya Dama. Chyornyy obryad, 2015), antecessor de A Maldição do Espelho.
Sim, estamos falando de uma continuação direta de um filme de 2015, apesar disto não ser divulgado em lugar nenhum. Na verdade, não faz diferença. E mesmo que fizesse, não acredito que ajudaria a fraca e batida história que Maria Ogneva criou a partir do clássico de Pushkin.
Nela, segundo a lenda, se você desenhar uma escada para inferno num espelho e chamar por pelo menos três vezes a Dama de Espadas com uma vela acesa na mão, você pode fazer um pedido. A Dama de Espadas então aparece e concede seu desejo. Depois disso, ela faz um corte em seu cabelo e te mata.
Alguém aí lembrou do Candyman? Da Loira do Banheiro? Sim, eu entendo que a lenda russa é mais antiga que as demais. Mas os problemas do roteiro vão além da falta de originalidade em recontar – de maneira malsucedida – uma grande história. Furos permeiam todas as narrativas dos personagens e as manifestações da Dama de Espadas não seguem nenhuma regra. Quando concede os desejos dos incautos que ousam invoca-la, ora o faz de verdade, ora através de uma ilusão demoníaca. Não há consistência nas atitudes da aparição, nem de seus poderes.
Além disso, a edição é ruim, dando uma sensação ainda mais amadora para o filme. Uma pena, uma vez que o cinema russo tem grandes exemplares a serem celebrados.
A respeito da atuação, infelizmente a versão exibida – dublada em inglês – aniquilou qualquer chance de análise. A dublagem americana é simplesmente horrível, numa interpretação forçada e num misto entre comercial de rádio e soup-opera da NBC. Sofrível, agoniante, intragável.
As mortes são absolutamente descartáveis, uma vez que o longa não se dá ao trabalho de familiarizar a plateia com os personagens. A ambientação – em um internato russo qualquer – dá uma sensação de imitação bizarra de Harry Potter, que pode variar dos temas adultos para uma comédia a qualquer momento.
A pior parte disso tudo é que, se ao menos o longa fosse ruim a ponto de ter momentos memoráveis… mas infelizmente, nem isso acontece. Nem mesmo a reviravolta final, que tenta dar aquele gancho para um terceiro filme, funciona. Óbvia demais, forçada demais.
O ideal, para qualquer espectador é se manter distante desse filme. Porque a verdadeira maldição aqui é ser obrigado a ficar até o final de sessão.
Avaliação: Péssimo
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Trailer
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